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Regiane deixou manicure para ser feliz no calor e sujeira de uma solda

Comportamento

Regiane deixou manicure para ser feliz no calor e sujeira de uma solda

"Pra mim não existe essa coisa de homem ou mulher no trabalho. Tudo depende do esforço e atitude de cada um", diz a serralheira

Raul Delvizio | 26/10/2020 06:21
Aos 31 anos, Regiane virou serralheira do dia pra noite (Foto: Henrique Kawaminami)
Aos 31 anos, Regiane virou serralheira do dia pra noite (Foto: Henrique Kawaminami)

Uma mulher campo-grandense não pensou duas vezes: trocou o ambiente de "ar-condicionado" do escritório administrativo em que trabalhava para ser ajudante de serralheiro dos irmãos. Dias de pé e mão? "Esmalte" agora é só ferro e na cor de graxa. Afinal, segundo ela, "os tempos mudaram" – e nunca esteve mais feliz por isso.

Antes, trabalhava sentada e fazia manicure toda a semana. Nunca imaginei que ficaria em pé, sentindo esse cheiro de ferro fundido, de tinta, no calor e com a mão completamente suja ao final do dia. Mas o bom da vida é que a gente se adapta", reflete Regiane Garcia, de 31 anos.

Para ela "tudo depende do esforço e atitude de cada um" (Foto: Henrique Kawaminami)
Para ela "tudo depende do esforço e atitude de cada um" (Foto: Henrique Kawaminami)

A história dela como serralheira começou quando ficou desempregada bem no início da pandemia. Mãe solo de uma filha de 8 anos para cuidar, Regiane não perdeu tempo e, ao invés de ficar dependendo só do seguro-desemprego, acabou sendo a "mulher propaganda" que os dois irmãos tanto precisavam.

"Queríamos um novo ajudante junto da gente, uma pessoa interessada e proativa. Encontramos na nossa 'maninha' tudo isso e também a fraternidade", comenta Robert Garcia, 29 anos, dono da única serralheria do bairro Jardim Presidente junto ao seu irmão Ronaldo – e agora também de Regiane.

A mulher junto a sua única filha (Foto: Arquivo Pessoal)
A mulher junto a sua única filha (Foto: Arquivo Pessoal)

Foi o próprio Robert quem iniciou a irmã na vida de serralheiro. "Simplesmente pediu para que eu cortasse uma barra, achando que eu não teria coragem… mas tive e fiz", relembra a mulher.

E não é que ela gostou mesmo? "É uma coisa que jamais imaginaria fazendo, mas eu me redescobri. Já até recusei propostas anteriores de trabalho para continuar na serralheira", conta.

Irmão do meio, Robert é o dono da serralheria que "contratou" a irmã (Foto: Henrique Kawaminami)
Irmão do meio, Robert é o dono da serralheria que "contratou" a irmã (Foto: Henrique Kawaminami)

Regiane sabe muito bem que a atividade não se trata de um trabalho manual comum às mulheres mas quando se "cai de cabeça" tudo fica fácil de ser superado (inclusive seu medo de altura já que agora, por conta da profissão, tem que "escalar" vez ou outra um andaime de sete metros dependendo do serviço).

Pra mim não existe essa coisa de homem ou mulher no trabalho. Tudo depende do esforço e atitude de cada um", diz a serralheira.

Não é só no esforço, mas superação também nas alturas (Foto: Arquivo Pessoal)
Não é só no esforço, mas superação também nas alturas (Foto: Arquivo Pessoal)
Ronaldo é o irmão caçulade Regiane, que também trabalha na serralheria (Foto: Arquivo Pessoal)
Ronaldo é o irmão caçulade Regiane, que também trabalha na serralheria (Foto: Arquivo Pessoal)

Quase 10 meses depois do começo dessa história, Regiane faz de tudo um pouco para ajudar os irmãos – corta, lixa, pinta – apenas não faz os serviços de soldagem.

Ainda", garante a mulher. "Vou aprender antes do ano terminar. Essa é minha nova realidade, e já vi que basta ter fé que tudo é possível", finaliza.

Robert e Regiane trabalhando juntos num serviço de corte e solda (Foto: Henrique Kawaminami)
Robert e Regiane trabalhando juntos num serviço de corte e solda (Foto: Henrique Kawaminami)

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