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Comportamento

Rosa será enterrada de lenço, símbolo da solidariedade que pregou em todo País

Paula Maciulevicius | 05/03/2016 07:12
Rosa, em foto resgatada do álbum de família. (Fotos: Arquivo Pessoal)
Rosa, em foto resgatada do álbum de família. (Fotos: Arquivo Pessoal)
Rosa se foi depois de anos lutando contra o câncer e deixou sorrisos e santos pelo mundo.
Rosa se foi depois de anos lutando contra o câncer e deixou sorrisos e santos pelo mundo.

Da artista plástica Rosa Mavignier, o que ficaram foram os lenços e uma lição de solidariedade. Aos 65 anos, é com um bem estampado, que passeia entre o verde e o vermelho, que ela será enterrada, ainda na manhã deste sábado, em Corumbá. Rosa se foi depois de anos lutando contra o câncer e deixou sorrisos, santos pelo mundo e o sonho realizado: o São Francisco que ela fez foi entregue, em mãos, para o papa Francisco.

Criadora da campanha "Lenços Solidários", há seis meses, quando contou pela última vez, Rosa somou 4,5 mil lenços, bonés e chapéus, para ser dividido entre pacientes com câncer, que olham no espelho e sentem a ausência dos cabelos.

O diagnóstico de câncer no ovário veio em 2013, e em seguida foi criada a campanha. Alternando entre o tratamento no Hospital de Câncer de Campo Grande e de Barretos, no interior de São Paulo, Rosa foi internada na manhã da última quinta, na Capital, já franca e indisposta. Os últimos seis meses já vinham sendo assim, até que na madrugada desta sexta, ela se despediu da vida.

Criadora da campanha "Lenços Solidários", há seis meses, quando contou pela última vez, Rosa somou 4,5 mil lenços, bonés e chapéus.
Criadora da campanha "Lenços Solidários", há seis meses, quando contou pela última vez, Rosa somou 4,5 mil lenços, bonés e chapéus.

Pantaneira, corumbaense, Rosa descobriu o caminho do artesanato, especificamente de fazer esculturas de São Francisco, depois de perder um filho. Foi no santo que encontrou conforto, ainda na década de 80. Em entrevistas realizadas anteriormente, dona Rosa dizia que manipular argila, principalmente a que vem do Rio Paraguai, era vida.

Apaixonada pela terra, em especial a corumbaense, ela dizia que o amor tinha cheiro. "O cheiro pela natureza é muito mais forte, fica impregnado na gente, esse amor do meu chão, do meu Pantanal", declarava.

Durante anos, o sonho dela foi de fazer com que um São Francisco feito por suas mãos, chegasse ao papa Francisco. Coisa que foi possível seis meses atrás, com direito a fotos, por intermédio do arcebispo do Rio de Janeiro. As fotos, o filho Alberto Mavignier Gattass Orro, de 41 anos, acredita que ainda vá encontrar, entre os pertences da mãe.

O site e a campanha no Facebook devem continuar, ainda mais fortes, enfatiza Alberto. "Seria injusto com quem ainda está nessa luta, a gente parar agora. Ela deixa de ser presença na campanha e vira símbolo", declara o filho.

Caçula, Alberto resume em uma só palavra o que ficou da mãe: "o que fica de mamãe? Solidariedade. Alguém que se viu com problemas, mas não guardou para si, dividiu com todo mundo. Enquanto tem gente que esconde um pouco, ela tratou com tranquilidade, naturalidade e deu coragem para outras pessoas", descreve Alberto.

O lenço, símbolo da guerreira que descansou, será enterrado com ela. Para a família, não haveria forma melhor de homenageá-la.

Uma produção do jornal Diário Online, de Corumbá, conta em 7 minutos a trajetória profissional, como artista, de Rosa, veja o vídeo.

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O lenço, símbolo da guerreira que descansou, será enterrado com ela. Para a família, não haveria forma melhor de homenageá-la.
O lenço, símbolo da guerreira que descansou, será enterrado com ela. Para a família, não haveria forma melhor de homenageá-la.
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