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Comportamento

Tem gente querendo criar bons pais na marra, com "prêmio" ou punição

Paula Maciulevicius | 11/09/2015 06:23
Na porta das escolas o assunto divide opiniões, se é preciso lei para que pais eduquem os filhos. (Foto: Gerson Walber)
Na porta das escolas o assunto divide opiniões, se é preciso lei para que pais eduquem os filhos. (Foto: Gerson Walber)

O Senado aprovou um projeto de lei que permite aos funcionários faltarem um dia de trabalho a cada seis meses para ir até as reuniões escolares dos filhos ou enteados. A "folga" é um complemento às medidas que o Governo já estudava adotar para incentivar pais a cumprirem o "mínimo". Paralelo a esse projeto, há outro tramitando, mais pelo lado punitivo. Pais que não comparecerem a, pelo menos quatro reuniões escolares por ano, ficariam impedidos de prestar concurso público, receber remuneração de emprego público, tomar empréstimos de bancos públicos e tirar passaporte. 

Na porta das escolas o assunto divide opiniões, mas tende a ser visto mais sob o viés de que é um absurdo se criar leis para o que é obrigação. O técnico publicitário Henrique Lakatos, de 41 anos, é pai de três filhos de 18, 12 e 6 anos e garante que sempre compareceu às reuniões e o que vê nelas é um número bem menor comparado aos alunos da turma dos filhos.

"Não são muitos pais que vêm, são poucos. Acho que não deveria existir lei para isso, mas acredito que os pais estão precisando de um puxão de orelha, porque estão deixando para a escola o que é responsabilidade e obrigação deles", opina. 

Henrique Lakatos e dois, dos três filhos. Pai sempre vai às reuniões. (Foto: Gerson Walber)
Henrique Lakatos e dois, dos três filhos. Pai sempre vai às reuniões. (Foto: Gerson Walber)

A filha do meio, Giovanna Lakatos, de 12 anos, também defende que pai precisa ir à escola e ainda entrega o que ouve dos colegas. "Muitos pais não sabem o que está acontecendo, eles falam que falta tempo, estão no trabalho, nunca podem", conta.

Hoje Maria Roseane Silva, de 41 anos, é empresária, mas se lembra das folgas que tinha de pedir no emprego para conciliar com o horário da reunião dos três filhos. "A gente sabe que para quem é registrado, ter esse tempo é mais difícil. Agora a gente dá para os funcionários folga sim, mas tem gente que não vem de qualquer jeito", diz sobre a folga ofertada no projeto de lei.

Ricardo diz que percebe o quanto a educação ficou a cargo só da escola. (Foto: Gerson Walber)
Ricardo diz que percebe o quanto a educação ficou a cargo só da escola. (Foto: Gerson Walber)

Não comparecer não significa, necessariamente, uma ausência total. É isso que o profissional liberal Edinei Germando Silveira, de 39 anos, defende. "Dar a folga é uma forma de possibilitar que ele tenha horário. Eu não posso vir justamente por incompatibilidade de horário, mas nem por isso eu não acompanho a vida do meu filho", sustenta.

Pai de uma menina de 6 anos, o policial militar Ricardo Souza Cabral, de 35 anos, acompanha a vida escolar da menina, tendo sido convocado, ou não. Dia desses, um recado na agenda da filha trouxe convocação para uma reunião na escola. "Eles explicaram que na falta, sem justificativa, o Conselho Tutelar seria acionado e o responsável poderia responder criminalmente por abandono de incapaz", descreve.

"Eu acho que não é necessário criar uma lei que obrigue, mas acho que estamos vivendo uma situação que os pais estão deixando a educação por conta da escola, então o legislativo tem que fazer alguma coisa", comenta.

O projeto de lei que define as penalidades ainda aguarda a designação do relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania.

Pais que não comparecerem a, pelo menos quatro reuniões escolares por ano, estão sujeitos à penas. (Foto: Gerson Walber)
Pais que não comparecerem a, pelo menos quatro reuniões escolares por ano, estão sujeitos à penas. (Foto: Gerson Walber)
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