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Comportamento

Tudo é ficção, mas foto da loira de branco no banheiro ainda assusta em escola

Alunos não sabem que a mulher é uma atriz, em uma gravação de curta-metragem sobre a lenda da "loira do banheiro"

Eduardo Fregatto | 01/07/2017 07:15
A imagem que amedrontou os estudantes. (Foto: Leonn Gondin)
A imagem que amedrontou os estudantes. (Foto: Leonn Gondin)

Os alunos da Escola Estadual Hércules Maymone estão assombrados com uma foto misteriosa que viralizou nos bate-papos e redes sociais. Na imagem, uma mulher vestida de branco, igual àquelas das histórias de terror envolvendo a "loira do banheiro", ou "mulher do algodão", aparece em pé, no pátio escuro, próxima dos banheiros da escola, à noite.

O Coordenador de Recursos Midíaticos da escola, Luiz Henrique Valverde, confirma o rebuliço. "Todos estão apavorados", diz, citando alunos com medo de entrar nos banheiros.

Mas, então, quem será a loira misteriosa que está causando pânico no Hércules Maymone? Na verdade, tudo não passa de uma encenação. A loira na foto é uma atriz, protagonista de um curta-metragem sobre a lenda da "loira do banheiro", produzido pelo professor de Artes Leonn Gondin, 24 anos, e outros professores da Capital. O Hércules é só a locação cedida para as filmagens.

Esta é a foto original, sem o recorte feito por Luiz Henrique antes de enviar para os grupos de WhatsApp.
Esta é a foto original, sem o recorte feito por Luiz Henrique antes de enviar para os grupos de WhatsApp.

Eles juram que o susto dado nos alunos é verdadeiro e não foi proposital. "O Leonn me enviou a foto, de madrugada, dizendo como estava o andar da produção. Eu compartilhei em um grupo e aí aconteceu", diz Luiz Henrique. Armado ou não, a repercussão é bem-vinda. "Acaba sendo uma forma de divulgar esse projeto", defende Leonn.

Imagem da noite de gravações, nos corredores da Escola Hércules Maymone, na última terça-feira.
Imagem da noite de gravações, nos corredores da Escola Hércules Maymone, na última terça-feira.
Ilustração do Pé de Garrafa, que estará presente no livro Ibirocai.
Ilustração do Pé de Garrafa, que estará presente no livro Ibirocai.

O projeto diz respeito a um livro, feito por um grupo de professores, que tentam desvendar o folclore, patrimônios, culinária, festas e tradições de Campo Grande. "Desde a faculdade, nós percebíamos que não havia material sobre as lendas e histórias regionais. Sentimos essa necessidade de criar um material especialmente para as crianças, que trabalhasse essas questões de maneira lúdica", pontua Leonn, que trabalhou ao lado dos professores Italo Diego de Souza, Mário Henrique Lopes, Marina Bedatty, Bruno Muniz Godoy, Cleython Vasconcelos, Pamela Savala, Amanda Sandim e Israel Aparecido da Silva.

O livro, intitulado "Ibirocai", está pronto, mas será lançado em agosto. O curta-metragem é um material extra. Eles pretendem filmar várias lendas, algumas regionais, outras universais mas adaptadas ao imaginário campo-grandense, como a loira do banheiro. "Em nossas pesquisas e entrevistas, descobrimos que a loira do banheiro do MS tem suas particularidades. Como, por exemplo, a questão do algodão, ela teria algodão nas orelhas e nariz", explica.

Foram meses de pesquisa bibliográfica, especialmente com os autores Hélio Serejo e Marlei Sigrist, além de entrevistas com pessoas antigas da cidade. O próximo curta-metragem deve contar a história do Pé de Garrafa, uma lenda surgida aqui na região. "É um bicho muito peludo, alto, com um olho no umbigo e a capacidade de hipnotizar. A gente não vê resquícios desse bicho em outras localidades, é mais tradicional daqui".

Bastidores, Leonn e a Loira do Banheiro. (Foto: Bruno Muniz Godoy)
Bastidores, Leonn e a Loira do Banheiro. (Foto: Bruno Muniz Godoy)

A ideia, além de divulgar o pouco explorado folclore campo-grandense nas escolas públicas da cidade, é estimular o interesse pela produção audiovisual, já que as produções irão circular nas escolas. "É bom ressaltar que não serão filmes de terror. É para crianças. Trabalhamos mais o mistério, suspense, mas não é horror", destaca o professor.

O projeto dos professores foi contemplado pelo FMIC (Fundo Municipal de Investimento Cultural). Quanto aos alunos do Hércules Maymone, eles ainda não sabem a origem da loira misteriosa no pátio da escola, e só devem descobrir a verdade a partir de hoje, com a publicação desta matéria. "Nós decidimos deixar esse mistério no ar, para enriquecer ainda mais esse trabalho. Foi algo que não planejamos, mas que fez muito sucesso e botou medo em muita gente, pelo menos até agora", conclui Leonn.

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