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Comportamento

Voluntários batem papo com idosos e ouvem de receita à lição de vida

O bem vence a distância: projeto em Campo Grande cria maneira de tirar idosos da solidão mesmo no isolamento social

Thailla Torres | 17/09/2020 06:25
Bruno Carvalho, um dos padrinhos do projeto, durantre ligação ao afilhado. 
Bruno Carvalho, um dos padrinhos do projeto, durantre ligação ao afilhado.

Nem o isolamento social foi capaz de parar quem está disposto a ouvir o próximo. Em Campo Grande, o bem vence a distância graças a um projeto que se adaptou ao distanciamento social para continuar atendendo idosos e ajudá-los a passar por esse momento tão difícil.

O ‘Programa Madrinha e Padrinho’ é o exemplo. A iniciativa nasceu há poucos meses através do projeto Ativa Idade, da Fundação Manoel de Barros, que é realizado desde 2013 e oferece aulas de ginástica, informática, canto, pilates e tai chi chuan, além de rodas de conversa, dinâmicas e oficinas com profissionais de diversas áreas aos idosos. Antes da pandemia as atividades eram diárias e presenciais, mas com o novo cenário, a entidade passou a criar estratégias e atividades on-lines para continuar andando ao lado dos idosos.

Eis que surge o novo programa, através do olhar atento e carinhoso dos voluntários da fundação, que começaram a buscar formas de manterem contato a distância com os alunos.

Cada profissional e voluntário apadrinhou 10 idosos. A ação consiste no acompanhamento via ligação telefônica e WhatsApp. Semanalmente os padrinhos fazem contatos com os ‘afilhados’ conversando e promovendo atividades lúdicas.

E não é uma ligação rápida. Pelo telefone, voluntários ouvem receitas, histórias de netos, filhos, saudades, experiência de vida, lições. Dona Lourdes Salomoni, de 76 anos, encontrou na pandemia não só os riscos de uma doença grave, mas a solidão. “Eu tenho família, filhos, netos, não sou uma mulher sozinha. Mas para me proteger, não posso estar com eles o tempo todo, e isso é muito solitário. Sinto falta de estar com eles e com os amigos, de sair, ver mais gente”, narra.

Idalci Gutierrez, de 78 anos, conversando com um dos padrinhos. 
Idalci Gutierrez, de 78 anos, conversando com um dos padrinhos.

 Depois que o projeto iniciou, ela teve motivo extra para falar ao telefone, algo que a timidez nunca deixou. “Eu não era de falar muito, sou tímida, mas agora eu tenho gostado. A gente conversa de tudo, é um tempo gostoso falando sobre a vida. Também sempre recebo um bom dia, que pra mim é um gesto de carinho”, descreve.

Bruno Carvalho é um dos voluntários do Madrinha e Padrinho. Ele tem contato com os idosos há mais de sete anos, mas no contato individual durante a pandemia se sentiu ainda mais próximo. “Os conheci de forma diferente, criamos um vínculo de amizade.”

Ele explica que o padrinho tem como objetivo animar, levantar a autoestima e servir como apoio no período de pandemia, mas acabou sendo ajudado também. “Acabei percebendo que eu também preciso de um estímulo para continuar com minhas atividades, e todos os meus afilhados me ajudam muito nesse sentido, é uma troca de experiências, histórias e longas conversas divertidas”, diz.

Encantada com  o projeto, Idalci Gutierrez, de 78 anos, revela estar feliz em ser afilhada da colaboradora Kênia Bonfim: “Nos falamos todos os dias por mensagens, teve até um dia que ficamos 1 hora ao telefone, um tempão batendo papo, estou gostando muito. Conversamos, trocamos fotos dos cantinhos das nossas casas, ela me manda imagens das plantas dela, é excelente, uma oportunidade para conversarmos, mesmo à distância. Também tenho me dedicado às aulas on-lines de ginástica que são enviadas pela Fundação”.

Delva Cabreira Oseko, de 75 anos, também conta que está gostando do programa, que mostra o cuidado e o carinho que a equipe tem com todos. “O meu padrinho é o Marcos. Toda semana ele me liga, conversa comigo, pergunta como estou, conta do seu dia a dia”, comenta.

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