ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, SEGUNDA  18    CAMPO GRANDE 27º

Consumo

Clean virou tendência, mas é difícil achar quem aceite fazer casamento simples

Enquanto muitos elogiam estilo de Meghan Markle e do príncipe Harry, mercado de Campo Grande nem atende quem busca o básico

Thaís Pimenta | 25/05/2018 06:30
Casamento de Stéphanie foi pra 23 pessoas e aconteceu em um restaurante. (Foto: Junior Mohr)
Casamento de Stéphanie foi pra 23 pessoas e aconteceu em um restaurante. (Foto: Junior Mohr)

Na hora de casar, tem quem prefira um churrasco entre amigos e outros que sigam para a festa de arromba, com centenas de convidados e show de dupla sertaneja. Mas no meio desses dois extremos, há noivos em busca de algo simples, afetivo, com direito a vestido branco, buquê, maquiagem e cabelo, mas sem qualquer afetação.

No casamento real que dominou a mídia na última semana, diante de toda a possibilidade de glamour o que surpreendeu foi a simplicidade da atriz Meghan Markle, com o make clean, um vestido sem pedrarias e o buquê minimalista. Logo o menos virou tendência, mas noiva que quiser seguir o mesmo por aqui, vai penar. Quem já precisou de profissionais e espaços especializados nesses serviços sabe que o cliente que procura algo mais simples, muitas vezes, nem sequer é recebido em Campo Grande.

Nossa Paulinha, a jornalista Paula Maciulevícius, que durante anos escreveu para o Lado B, se prepara para casar em agosto e já sonhava com algo simples muito antes de Meghan ficar noiva. Ilusão foi imaginar que esse caminho seria mais tranquilo que o percurso rumo a uma cerimônia de princesa.

"Fui em várias lojas. Na maioria delas, me perguntavam local, cerimonialista, quantas pessoas e fotografias. Quando eu respondia onde era, de cara já me cortavam justificando que não teriam nada para mim, porque ninguém pede assim e ninguém se casa assim", explica a jornalista que escolheu uma cervejaria da cidade para dizer "sim".

Ela deixou os cerimonialistas de cabelo em pé quando disse que não queria flores na decoração, por exemplo. Por conta das escolhas, em uma das lojas especializadas em vestidos do Jardim dos Estados, não conseguiu nem agendar visita.

"Percebo que eles filtram a clientela com as perguntas. E eu entendo a necessidade de marcar. Agendei e fui recebida em algumas lojas, mas com atendimento ruim. Chegava nas lojas e tentavam me empurrar pedras e vestidos de princesa, com a má vontade de atendente de shopping. Só que a diferença é que você não está comprando um jeans de R$ 300,00, tá vendo um vestido de uns alguns mil reais". Por fim, Paula acabou comprando o vestido perfeito em São Paulo e, pagando à vista.

Casamento de Karlla, com vestido feito por uma costureira de confiança. (Foto: Luiz Fogaça)
Casamento de Karlla, com vestido feito por uma costureira de confiança. (Foto: Luiz Fogaça)

Com a professora Karlla Venâncio Barros, de 41 anos, aconteceu a mesma coisa. "Cheguei a olhar em algumas lojas daqui. Em todas fui atendida, mas quando eu falava que queria algo bem básico, me levavam em uma sessão de vestidos feios, e não básicos", conta.

A opção, para ela, foi ir até o Paraguai comprar tecido, visto que em Campo Grande ela só encontrou preços absurdos. Mandou fazer com uma costureira de sua confiança e o resultado foi exatamento o que sonhava.

Karlla fugiu do tradicional também no que se referia ao espaço, buffet e cerimonial. Ela se casou no bar Trem Mineiro e só decorou o espaço com vasinhos de flores, formando uma espécie de passarela. "A princípio, nós queríamos fazer em casa, mas a lista de convidados não nos permitiu. Como nos conhecemos no Trem, fomos conversar com o dono e ele achou ótima a ideia". 

Stéphanie Brittes foi outra que optou por se casar em um local alternativo, um restaurante, em Corumbá, porém os fornecedores foram todos da Capital. O vestido foi comprado em um outlet, para surpresa de quem achava isso impossível. Ela diz que já tem uma noção de como funciona esse mercado e que por isso conseguiu fazer tudo rapidinho, em um mês.

"Os fornecedores aqui são acima de tudo caras de pau. Você fala casamento e o mesmo serviço que custava R$ 300,00 vira R$ 1.500,00. Eles se aproveitam do seu sonho para superfaturar. E antes que comecem as discussões, não estou desmerecendo o trabalho de ninguém. Monto eventos o ano todo e sei o valor de cada serviço. Acho absurdo o que fazem com noivos e suas famílias e o pior... os cerimoniais que deveriam te auxiliar não são eficientes o quanto prometem", desabafa.

Para quem entra nessa briga, o conselho é fortalecimento emocional antes de tudo. "Lógico, que é um negócio, ninguém é obrigado a fechar negócio, mas, são tantas emoções misturadas que se vc não tem tempo ou estrutura emocional para lidar, acaba transformando esse sonho numa dívida. E era isso que a gente não queria fazer."

O exagero é comprovado em uma rápida pesquisa por telefone. A disparidade é imensa nos preços dos salões. Enquanto que pé, mão, cabelo e maquiagem para festas custam a partir de R$ 400,00, o pacote para noivas ultrapassa R$ 2 mil. Ao questionar o preço, o atendente justificava que "é porque é um serviço que exige mais atenção dos profissionais, exclusividade para a noiva".

Paulinha e o esposo se programam para o casamento em agosto deste ano. (foto: Luiz Gabriela)
Paulinha e o esposo se programam para o casamento em agosto deste ano. (foto: Luiz Gabriela)

Curta o Lado B no Facebook  e no Instagram.

Nos siga no Google Notícias