ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, SEXTA  29    CAMPO GRANDE 28º

Consumo

Com apoio até de Portugal, relojoaria antiga faz de tudo para conserto dar certo

Aline Araújo | 24/02/2015 06:23
Os ponteiros parados ou em movimento guardam muita história, assim como a a relojoaria Silva. (Foto: Alcides Neto)
Os ponteiros parados ou em movimento guardam muita história, assim como a a relojoaria Silva. (Foto: Alcides Neto)

Só na parede são 12 relógios. Alguns já completam sucessivos aniversários por ali, foram esquecidos pelos donos. Outros estão em testes ou ainda sem peça para o conserto. Os ponteiros parados ou em movimento guardam muita história, assim como a Relojoaria Silva, desde 1975 em uma sala no piso superior da Galeria Dona Neta. Da janela, a vista é para a avenida Afonso Pena, bem no Centro de Campo Grande, um ponto privilegiado.

Hoje quem toca o negócio com muita paixão é Simone da Silva Araújo de 42 anos, ao lado do marido. Mas a dedicação de acertar os ponteiros vem desde criança, quando “roubava” os instrumentos de trabalho do pai para brincar. “Ele não batia, porque nunca bateu na gente, mas ele ficava muito bravo. Mas eu sempre gostei”, comenta, com um sorriso aberto ao falar do pai.

Com apoio até de Portugal, relojoaria antiga faz de tudo para conserto dar certo

A segunda-feira foi movimentada por ali, apesar de muita gente achar que o ofício é algo em extinção. “Acho que o fim do horário de Verão fez o pessoal lembrar da gente”, brinca a dona. A entrevista foi em meio a correria da loja lotada. Mas, com muita atenção, Simone contou um pouco da história do negócio de família, que começou com o pai.

Ele sempre foi relojoeiro, trabalhou em casa até abrir a loja. Para Simone, são lembranças guardadas no coração. Quando tinha 17 anos o pai faleceu, na época ela havia começado a faculdade de Administração, mas com a mãe viúva, alguém precisava entender do negócio da família.

Por necessidade, foi para São Paulo fazer um curso e aprender a arte de consertar relógios. Acabou descobrindo uma paixão. “Na teoria é fácil. Difícil é a prática. Até ter a firmeza nas mãos eu tive que catar muita peça do chão”, lembra em tom bem humorado.

Herdou do pai o amor pela profissão e resolveu continuar. Hoje, a empresa tem mais três funcionários que aprenderam em outras relojoarias a profissão, já que os cursos são raros e escola regular sobre o assunto, só na Suíça.

Relógios de bolso, também deixado para arrumar. (Foto: Alcides Neto)
Relógios de bolso, também deixado para arrumar. (Foto: Alcides Neto)

Apesar de muitos serem esquecidos, alguns relógios que vão para o conserto têm um valor que dinheiro nenhum no mundo paga, valor sentimental mesmo, ou foi do avô ou tem alguma recordação guardada. Algumas vezes, relacionada ao tempo de vida da peça.

“Alguns relógios têm que mandar consertar ou buscar a peça em outras cidades, nesses casos o serviço acaba ficando bem caro, mesmo assim as pessoas restauram por ter um valor afetivo”, conta Simone.

Um dos relógios da parede chegou com o “tambor” quebrado, uma peça importante para o funcionamento. A peça teve de ser enviada a São Paulo para arrumar. Por fim, quando voltou, o custo do conserto do relógio ficou 60% mais caro que o valor original. Mas para quem leva, vale a pena, porque é um item de família.

O trabalho e minucioso,  exige paciência e dedicação.  (Foto: Alcides Neto)
O trabalho e minucioso, exige paciência e dedicação. (Foto: Alcides Neto)

Um dos diferenciais que conquista clientes tanto da Capital, quanto do interior, é a vontade de dar um jeito nos ponteiros, algo transparente em Simone. Com ela não tem tempo ruim, se vê uma possibilidade de poder arrumar, faz o que for preciso, garante. Já pediu peça até da Bahia e fez parceria com loja em Portugal para conseguir atender ao cliente e colocar o horário em dia.

“Eu vejo em outros lugares que são poucas as pessoas preocupadas em satisfazer o cliente. Você leva alguma coisa para consertar, se a loja não tem o que você precisa o dono já responde responde: 'Não!', mas nem procura ajudar. E aqui a gente tenta dar um jeito, responder 'Não', só quando não tem mais jeito mesmo”, relata.

Depois de subir as escadas e entrar na sala, o Lado B se encantou primeiro com a parede de relógios, antigos, novos, com despertadores... Depois, a gente ficou encantado com o atendimento. A atenção que Simone e o esposo têm com cada cliente que leva o relógio para consertar ali é inspiradora.

Nos siga no Google Notícias