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Consumo

Costureiras sumiram e chineses viraram pedra no sapato de casas de aviamentos

Elverson Cardozo | 09/04/2015 06:34
Linhas ainda estão nas prateleiras, mas pedrarias movimentam mais o faturamento. (Foto: Alcides Neto)
Linhas ainda estão nas prateleiras, mas pedrarias movimentam mais o faturamento. (Foto: Alcides Neto)

Se antes eram as linhas e os botões que sustentavam as casas de aviamentos, hoje são as pedrarias que movimentam com mais força esse tipo de comércio. Isso significa que, no passado, grande parte do lucro vinha das costureiras, enquanto, no presente, o faturamento vem de profissionais que vivem do artesanato e batalham para oferecer um trabalho exclusivo, como os designers de acessórios, por exemplo. O problema, no entanto, tem sido os chineses, que viraram concorrentes de peso para a turma que tenta viver - e sobreviver - nesse mercado cada vez mais competitivo. 

Em Campo Grande, algumas casas não resistiram a essa mudança e fecharam as portas depois de anos de tradição. Outras, porém, surgiram como o diferencial de atender focada nos artesãos. É o caso da “Linhas e Pedras”, que existe há 10 anos na Rua Maracaju, no Centro, e é comandada pelo empresário Nereu Duarte Barbosa, de 55 anos.

Ele ainda vende de tudo um pouco, mas investe com força nas pedrarias porque é isso, diz, o que mais sai atualmente. “A linha entrou em decadência. [] Qual foi a última vez que você procurou uma costureira? Elas, hoje, trabalham mais com reforma. E às vezes compensa mais comprar uma calça nova do que trocar um zíper”, argumenta, ao dizer que “o industrializado matou a confecção”.

Nereu oferece curso de bordado de chinelos aos clientes. (Foto: Alcides Neto)
Nereu oferece curso de bordado de chinelos aos clientes. (Foto: Alcides Neto)

O jeito foi se adaptar para, como ele mesmo diz, “atender as necessidades e anseios dos clientes”. E, no cenário atual, os novos clientes são mesmo os artesãos, que resistem ao tempo. Mas esses profissionais também se atualizaram e, por isso, o empresário precisou correr atrás das novidades.

Além de vender pedrarias, entre outras coisas, Nereu oferece dois cursos na casa: o de bordado em chinelo e de confecção de lustres com cristais. Vale destacar que ninguém mais borda chinelo com miçanga. As pérolas e os strass saíram na frente.

Mas as linhas ainda estão nas prateleiras. Só que essas saem mais para o povo que faz crochê como terapia, exemplifica, para falar da crise dos últimos anos.

Esta loja trabalha mais com peças para montagens de bijouterias. (Foto: Alcides Neto)
Esta loja trabalha mais com peças para montagens de bijouterias. (Foto: Alcides Neto)

Ching Ling - A proprietária da “Kawanny - Bijouterias e Aviamentos”, Valéria Mendes Teixeira, 39, que tem duas lojas no Centro (na 14 de Julho e na Maracaju), comenta a mesma coisa e diz que só está de pé por conta dos artesãos, que são fiéis.

Ela também se vale daqueles profissionais que investem na personalização e tentam oferecer um trabalho diferente, como os designers, que montam peças exclusivas de bijouterias a partir de desenhos únicos.

Mas até isso está ameaçado. “Os chineses são nossos principais concorrentes. Eles trazem tudo pronto”, explica. A qualidade do que é produzido, no entanto, tem sido o diferencial.

Oferecer cursos, como faz Nereu, não compensa mais para ela, que chegou a ter uma sala e professores contratados só para isso quando inaugurou, há 7 anos. E a explicação é bem simples: “A internet ensina. As pessoas só vem para comprar”.

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