No delírio coletivo dos bebês reborn, tem gente lucrando alto por aqui
Em pleno 2025 tem adulto, com RG, CPF e, teoricamente, maturidade, fazendo parto de boneca
Parece delírio coletivo ou roteiro de série distópica, mas em pleno 2025 tem adulto, com RG, CPF e, teoricamente, maturidade, fazendo parto de boneca. Sim, de boneca. E não é encenação teatral ou performance artística: é emoção legítima, lágrima escorrendo, vídeo no TikTok e legenda com "o momento mais emocionante da minha vida". A internet foi novamente contaminada pela febre dos bebês reborn, aqueles bonecos hiper-realistas que custam mais que uma parcela do Minha Casa Minha Vida e, aparentemente, preenchem algum buraco existencial do tamanho de um útero.
O surto é tão sério que virou pauta legislativa. Vereadores do Rio de Janeiro aprovaram um projeto para criar a ‘Cegonha Reborn’, uma data oficial no calendário da cidade dedicada, veja bem, aos artesãos que produzem os bonecos. O texto ainda depende da canetada de Eduardo Paes, mas o Brasil já sinaliza que está pronto para ser um país onde se celebra o nascimento de nenéns de silicone com mais empenho do que políticas públicas para crianças de verdade.
Aqui em Campo Grande a procura tem sido grande para Simone Fortuna, de 40 anos. Ela faz os bebês há 18 anos e conta que sim, estamos em uma nova ascensão dos reborns. O motivo, segundo ela, é a oferta de bebês falsos no mercado.
“A procura sempre foi muito alta, mas existe uma maior oferta de bebês Reborns falsos, feitos na China. Os Bebês Reborns originais são feitos por artistas certificados e são completamente artesanais. Já os falsos são industriais, feitos aos montes com valores mais atrativos, mas quando chegam parecem apenas uma boneca comum.”

Para ela, apesar da Arte Reborn ter vários propósitos como colecionismo, terapia emocional, técnicas médicas, terapia de idosos, para ela, hoje em dia, os maiores consumidores são as crianças.
“Brincar de boneca continua sendo a brincadeira favorita das meninas. Esses vídeos engraçados comemorando aniversários de Bebê Reborn, passeando com eles estão em alta, pois o público infantil adora e consome muito esse conteúdo, o que gera engajamento e lucro para quem produz.”
Ela comenta que os vídeos podem ser mal interpretados por alguns, que tentam tirar sarro, gerar cancelamento e menosprezar a arte.
“Na verdade, trata-se de conteúdo bem-humorado e que entretém as crianças. Em um mundo cercado de dancinhas e exposição ao mundo adulto, conteúdos com foco em bonecas são uma boa opção para os pequenos.”
Simone acrescenta que começou a profissão quando o mundo ainda se adaptava com a chegada dos bebês realistas e que foram anos para chegar onde está hoje. No site, os produtos começam em R$ 2.100 e vão até R$ 3.800. Antes de ser artesã, cursava Direito.
“Quando estava no último ano da faculdade de Direito e recebi um e-mail sobre bonecas ultra-realistas. Na hora me encantei. A partir daí decidi que queria aprender, mas naquela época tive bastante dificuldade em achar conteúdo relacionado à Arte Reborn. Hoje já são 18 anos e além de vender os bebês, eu também ministro cursos de formação de artistas para pessoas que, assim como eu, desejam aprender a arte. Os kits chegam “crus”, sem pintura, sem cabelos, sem olhos e desmontados. A partir daí, eu faço o reborn ‘renascimento’.”
Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.
Confira a galeria de imagens: