Aos 68 anos, Maria salva a vizinhança com “feirinha” na garagem
Com quase tudo orgânico, ideia nasceu para manter ela ativa após enfrentar problemas de saúde
Quem passa na Avenida Primeiro de Maio, no Jardim São Bento, se depara com uma cena diferente: uma garagem aberta com frutas, legumes, queijos e até cachaça expostas. Maria Helena Oliveira, de 68 anos, salva a vizinhança com o que ela chama de “Feirinha na Garagem”. Quase tudo o que é vendido ali é orgânico, vindo direto do sítio do filho ou da própria produção.
RESUMO
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Maria Helena Oliveira, de 68 anos, criou a "Feirinha na Garagem" no Jardim São Bento, onde vende produtos orgânicos, como frutas, legumes e queijos, provenientes de sua produção e do sítio de seu filho. A iniciativa surgiu como uma forma de ocupar a mente após enfrentar problemas de saúde, incluindo um câncer. A feirinha, que não possui horário fixo, se tornou um ponto de referência na vizinhança, oferecendo produtos frescos e de qualidade. Maria, que se considera uma pessoa sincera, destaca a importância de manter uma alimentação saudável, especialmente após sua recuperação. Os preços dos produtos variam, com frutas custando entre R$ 1,50 e R$ 3,50 o quilograma.
No quintal, ela cultiva salsinha, cebolinha, couve, coentro, chuchu, mamão e amora. A ideia surgiu para ocupar a mente. Maria conta que era professora, mas que largou tudo para se aventurar pela Europa. Na época, muitas pessoas estavam migrando para Portugal com objetivo de tentar ganhar a vida, e esse foi o caso dela.
“Era pedagoga de crianças de 1 a 4 anos. Aí fui embora trabalhar lá, fazer minha vida, pagar conta. Paguei, aí vim embora porque meu marido teve um problema de saúde. Lá eu trabalhava em uma pizzaria. Fiquei lá 9 anos. Vim para cá depois que consegui meu visto. Fiquei 3 anos sem poder vir por causa disso. Era muito difícil ficar longe dos meus filhos.”
A “feirante de home office” tem três filhos. Um deles é quem traz os insumos para a garagem da mãe. Os produtos são de Capitólio, direto de Minas Gerais. Ali é o refúgio de Maria. Mexer com as frutas, arrumar tudo e atender a clientela, que, segundo ela, adora ter os produtos tão pertinho, é o que muda o dia.
“Tive um câncer vai fazer 8 anos, mas continuo fazendo tratamento. O médico disse que estou curada. Tive artrose no joelho e tive que colocar uma prótese. Depois disso, me envolvi em um acidente. Nem coloquei nome na feirinha, mas todo mundo chama de ‘garagem’. Meus filhos até tentaram evitar, ficaram com medo por causa da minha saúde. Eu vou no Ceasa, compro algumas coisinhas, mas a maioria é orgânica, do sítio do meu filho ou aqui do meu quintal.”
Além das hortaliças, também tem abacaxi, maracujá, mamão, banana, limão e laranja, todos orgânicos. Cebola, tomate, alho e alguns temperos são comprados.
“Meu filho traz de Minas, a esposa é de lá, como as cachaças, goiabada, café mineiro que o pessoal gosta. Tem grão de café também, que deixo em potes para não perder o cheiro ou sabor. O carro-chefe são as galinhas, o ovo e o queijo caipira. As pessoas veem que é orgânico e gostam. Elas confiam, e fica mais fácil também.”
Para ela, a feirinha ou mercadinho tem salvo os dias de quem já não pode fazer muito na vida. “Eu me sinto bem, me ocupo ao máximo que posso. Eu que planto, colho, coloco na garagem. Moro com um dos meus filhos e, antes, o pessoal achava que a feira lá na frente iria estragar a estética da casa porque coloquei um pano de horta para manter as frutas e os legumes. Falei que estava pouco me lixando com estética e deu certo.”
A feirinha não tem horário fixo, varia de acordo com a vontade de Maria. Ela conta que, no dia em que está com a pá virada, fecha o portão e só abre quando melhora. Mas diz que o comportamento é raro, já que prefere encarar a vida com alegria e amor. Maria se considera alguém com coração bom, mas sem papas na língua: o que tem que ser dito, será.

“Trabalho o dia que eu quero. Se não quero, só fecho o portão e pronto. Dá um dinheirinho, um pouquinho, mas dá para manter as minhas necessidades. Uma coisa: eu sou muito sincera. Uma vez me falaram que eu vendi banana estragada, mas não estava. É banana orgânica, a casca sempre fica escura, mas dentro está boa. A pessoa me falou isso, olhei pra ela e disse que estragada estava ela por dentro. ‘Descasca e olha’, pedi. A gente tem que ver o interior do ser humano. Não adianta estar lindo por fora e podre por dentro.”
Além da venda dos produtos de plantar e colher, ela também faz doce de leite caseiro e rapadura. “Eu vou para a chácara e faço. Procuro comer o mais natural possível. Isso veio depois do câncer. Meu médico disse que precisava comer assim.”
Ele conta que o preço é baratinho, de R$ 1,50 a R$3,50 o quilograma de várias frutas. Apenas o tomate que sai mais caro, R$8,50 o quilograma. Já os queijos frescos e curados R$ 42, a manteiga de R$20 a R$ 35; o doce de figo a R$ 35 o pote, a pinga R$ 35, a goiabada e os ovos a R$18.
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