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Diversão

História e vida: Farinheiros contam um pouco da trajetória que deu certo

Luciana Brazil | 06/05/2012 18:33
Aristeu joga a farinha para cima e diz que é só um "charme". (Foto:João Garrigó)
Aristeu joga a farinha para cima e diz que é só um "charme". (Foto:João Garrigó)

Com apenas três anos de idade, o sergipano Aristeu dos Santos chegou a Anastácio com sua família. Hoje, consciente da trajetória que viveu, ele dá continuidade ao projeto que o pai iniciou. Com 59 anos, Aristeu produz farinha de mandioca e faz parte da colônia mais antiga da região, a do Pulador. Segundo os trabalhadores do local, a colônia é também a que tem maior produção de farinha do lugar.

Com 10 anos de idade, ainda sem saber, Aristeu começava a vida e escrevia parte da história de Anastácio. “Eu trabalho na produção de farinha desde moleque, desde 10 anos de idade”, disse enquanto mexia no tacho quente.

Quando em 1953, o pai de Aristeu deixou o nordeste em busca de oportunidade e de uma vida menos sofrida, o menino, ainda muito novo, não imaginava que seguiria os passos do pai e seria hoje um farinheiro conhecido na região. Com pompa de celebridade, Aristeu pousava para fotos e revela conhecimento diante da linguagem da imprensa.

O caminho que leva os nordestinos a procurar melhores condições de vida, foi o que também trouxe para Anastácio a família de Maria Francisca, 52 anos. “Eu nasci em Anastácio, mas meus pais vieram do nordeste. Minha mãe veio primeiro, com o irmão dela, e depois veio meu pai e eles se conheceram aqui”, contou a senhora simpática.

O mundo girou, a vida passou e o mesmo conto aconteceu com Maria. Ainda menina conheceu Aristeu, aquele que deixou Sergipe com três anos de idade, e os dois continuaram a escrever a história. Casados há 30 anos, eles seguem com a vida, e com a farinha nas mãos.

Maria Francisca conta detalhes do processo de produção da farinha. (Foto:João Garrigó)
Maria Francisca conta detalhes do processo de produção da farinha. (Foto:João Garrigó)

Paciente, Maria Francisca explicou cada passo da produção da farinha. “Primeiro, planta e colhe a mandioca. Depois descasca, passa na farinheira (maquina que tritura a mandioca) e depois na peneira. Aí, vai para o tacho (fogo). Fica pelo menos 30 minutos e depois volta para a peneira. Depois é só colocar na saca”.

Aristeu interveio na conversa e fez uma comparação cheia de sorrisos. “É igual mulher que vai para o salão de beleza para ficar bonita. A farinha vai para peneira. Depois que a farinha vai para o tacho, tem que passar na peneira de novo porque só assim ela fica boa”, sorriu.

Durante a Festa da Farinha, realizada neste fim de semana em Anastácio, o casal carismático fez questão de lembrar as origens que até hoje dão o sustento à vida. Maria Francisca ressaltou que a produção da farinha já foi bem mais complicada. “Hoje tem a farinheira, que é a maquina, mas antes não tinha, era tudo feito à mão. A gente usava o ‘catitu’, que é parecido com um moinho”, disse mostrando a engenhoca que estava exposta na festa.

O trabalho de produção da farinha é puxado e, segundo Aristeu, uma parte do trabalho é vendida para a cooperativa Copran (Cooperativa dos Produtores Rurais da Região do Pulador) e outra parte vai para clientes com quem ele negocia pessoalmente. “A cooperativa paga R$2,50 por quilo e para fazer 50 quilos, a gente gasta cerca de 2h30. Com a cooperativa, temos uma vantagem, quando eu não planto a mandioca, eu tenho que mandar buscar e o frete que a cooperativa cobra é mínimo, e às vezes nem cobra”, contou.

Aristeu se despediu contando o motivo do nome Pulador. “Antes não tinha ponte para chegar na colônia, aí para passar tinha que ficar pulando”, sorriu.

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