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Aos 55 anos, Maria precisou de terapia e bicicleta para vencer fobia de dirigir

Poucos acreditam que esse medo existe, mas para Maria, vencer o medo foi decisivo

Willian Leite | 03/08/2018 06:40
Maria Deuzuite sempre teve carro na garagem, mas o trauma do volante foi superado após anos pedalando em meio aos carros. (Foto: Willian Leite)
Maria Deuzuite sempre teve carro na garagem, mas o trauma do volante foi superado após anos pedalando em meio aos carros. (Foto: Willian Leite)

Carro de luxo na garagem nunca significou conforto para Maria Deuzuite Cardoso Nunes, de 55 anos. Foi a bicicleta sua maior companheira para se locomover e enfrentar o medo de dirigir. Poucos imaginam que este receio faz parte da rotina, mas ela precisou até de terapia para vencer.

Mas foi na coragem que ela deu entrada no processo para tirar sua primeira CNH (Carteira Nacional de Habilitação). Todos dias, de bicicleta, ela fazia o trajeto de casa, na Vila Nhanhá, até o Detran para finalmente ter em mãos as duas categorias, carro e moto. 

Apesar da conquista, o medo faz com que Maria só dirija nas ruas sem asfalto, mas a intenção é ganhar as avenidas do Centro da cidade. "Tinha muito medo, acreditava que o carro não cabia na via. Pensava que ao assumir a direção, causaria um acidente", lembra.

A companheira de muitos anos continua com Maria que perdeu o medo de dirigir, mas está indo com calma e pega o volante em ruas do bairro onde mora. (Foto: Willian Leite)
A companheira de muitos anos continua com Maria que perdeu o medo de dirigir, mas está indo com calma e pega o volante em ruas do bairro onde mora. (Foto: Willian Leite)

Mas chegar até lá não foi fácil. Antes das primeiras aulas na auto escola, Maria sofreu um acidente de moto com a filha. Ao se machucar, acreditou que o episódio era indício que a carteira de habilitação nunca chegaria. "Parecia que tudo estava acontecendo para eu desistir", comenta. 

No entanto, seguiu em frente e passou seis meses se preparando para um grande passo. "Só de moto foram 50 aulas antes do exame. Passei de primeira, sabia que uma fase já tinha vencido. Sem falar que passei no psicotécnico e prova teórica também de primeira", comemora.

Maria é empregada doméstica e com o próprio salário pagou suas as aulas. Mas não houve dinheiro que comprasse a calma que ela precisava para começar as  0aulas de carro. Ela recorda que quando o instrutor falava, em seguida ela esquecia, mal passava nos simulados. "Durante as aulas ficava tão nervosa que esquecia, me embananava, não conseguia fazer nada", lembra.

O desacerto gerou estresse e fez Maria fazer um check-up em busca de descobrir a origem do nervosismo. "Além das despesas com a CNH, tive que gastar mais de R$ 1 mil com exames que não deram nada. Estava tão estressada que não conseguia me concentrar".

Ela conta que após tanta dificuldade, o próprio dono da auto escola a chamou uma conversa. "Naquele dia coloquei na cabeça que iria perder o medo. Retornei às aulas, mesmo assim não havia Cristo que me fizesse conseguir passar na baliza".

Após tanto medo e eu euforia, quando o dia do exame prático chegou, ela dizia estar determinada. "Foi o dia em que tive a maior certeza da minha vida. Entrei no carro para fazer o exame,  foram 3 minutos e 12 segundos. Quando sai do veículo, bati nas costas do instrutor e dei a notícia que havia passado, nem ele acreditava. Na prova fora do Detran perdi dois pontos, mas terminei aprovada".

Apesar da conquista, a velha bicicleta não foi deixada de lado. "Estou começando a dirigir aos poucos, vou a lugares próximos de casa, mas logo quero aposentar de vez minha companheira bicicleta”, diz.

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