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Games

O mundo dos games de manager: "Troca de cartuchos, episódio 2"

Fernando Fenero | 01/09/2020 06:55
Há versões desse tipo de fantasy game para o futebol americano, as ligas de basquete, hóquei e o nosso futebol.
Há versões desse tipo de fantasy game para o futebol americano, as ligas de basquete, hóquei e o nosso futebol.

Em um mercado que exige cada vez mais da qualidade gráfica e de um roteiro bem construído, existe uma categoria de jogos que permanece firme e forte depois de tanto tempo, mantendo sua base de fãs que pouco ligam para essas outras qualidades e atributos.

São os jogos “managers”, onde o jogador simula um técnico esportivo misturado com cartola e presidente do clube, realizando contratações, investimentos e resolvendo a parte tática. Para entender esse fenômeno de nicho, é preciso olhar para o início da era dos videogames, e de como eles se desenvolveram.

Quando os jogos eletrônicos ainda eram uma brincadeira universitária nos grandes centros de computação nas faculdades americanas, existia um jogo popular chamado de Football Fantasy, que era a versão escrita de um manager clássico digital.

Consistia em um grupo de amigos que se reuniam presencialmente ou por correspondência para escolher jogadores e posições em times fictícios, aproveitando o esquema de contratação de jogadores nas ligas americanas: o draft, onde cada clube, do pior para o melhor, tem a chance de contratar os melhores jogadores da liga universitária.

Há versões desse tipo de fantasy game para o futebol americano, as ligas de basquete, hóquei e o nosso futebol, funcionam como o famoso Cartola da Globo, usando dados dos jogadores na liga real para determinar como suas participações na fantasia.

Voltando para os computadores e a indústria de games engatinhando com seu filho únicoPong, havia um problema grave em termos de interface. Pode chocar muita gente hoje em dia, mas existiam computadores sem monitor, onde tudo era escrito na hora em uma impressora, se assemelhando a uma grande calculadora.

Essa limitação fez jogos de RPG nadar de braçada entre os entusiastas da época, e junto com eles os “managers”, que de início eram só a virtualização do jogo comum, com novidades como a implementação de pontos automáticos e até mesmo algum gameplay online, ainda que muito limitado.

A brincadeira era bem mais organizada, cada jogador tinha valores de compra, e um outro valor de habilidade. Após a rodada esportiva da vida real, os dados eram analisados e jogados no Computador, que automatizavam os valores e pontos, declarando os times vencedores. A parte online era a permissão de pessoas de diferentes locais usarem o mesmo jogo enviando informações pela internet de forma primitiva.

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Aos poucos e com o aumento da tecnologia e da  velocidade de informações, o gênero tem uma rápida ascensão seguida de queda, ms coisas começam a mudar nos anos 90, onda a popularização do computadores domésticos chega ao ápice, e o ambiente Windows em PC-IBM favorece o desenvolvimento de jogos para distribuição em disquetes. Exatamente nessa época que o Brasil conhece um dos pioneiros do gênero, o Elifoot.

Desenvolvido no fim dos anos 80 por um programador português, foi nos PCs domésticos mais modernos que o jogo ganhou muito mais força. Seu visual era muito simples, praticamente uma tabela colorida como a do Microsoft Office Excel, com dados dos times e dos jogadores.

Os “técnicos” poderiam ajustar salários, vender e comprar jogadores, escalar os times e investir no estádio aumentando o faturamento. Com um bom desempenho, outros times fariam ofertas para levar o “mister” para o clube, assim como um fraco desempenho poderia te render demissão, mesmo que fosse só um problema financeiro.

A popularidade do game se deve também ao fato de rodar em praticamente qualquer máquina, por mais simples que seja, e sem afetar o desempenho dessas carroças digitais. O jogo também era leve a ponto de caber dentro de um disquete, ou ser enviado por e-mail.

Do outro lado, quem podia investir em jogos mais pesados estava aproveitando mais funções, como sons de torcida, camisas dos clubes, e ligas do mundo inteiro. Os jogos convencionais também beberam dessa fonte de inspiração, e hoje em dia, games modernos como FIFA e PES contam com modos onde você administra o clube ou a carreira de um jogador, e uma olhada nos sites de streaming vai provar que muita gente está jogando esse Elifoot atualizado.

Por fim, é impossível não falar do filho da terra Brasfoot, um jogo 100% nacional que homenageia (ou copia) o clássico Elifoot mas com aquele jeitinho brasileiro de fazer as coisas, como a presença dos estaduais, convites para treinar seleções do mundo inteiro, e brigas no elenco entre as estrelas da equipe. Não se espante em receber mensagens sobre jogadores violentos respondendo processos do STJD por jogadas desleais, ou até mesmo da morte de um jogador do seu elenco por desgaste físico e idade avançada.

Desenvolvido desde 2003, ano em que eu me envolvi de cabeça nesse tipo de jogo, a ponto de ser administrador de fórum sobre o assunto, uma outra grande característica desses jogos que contam com muito suporte de seus jogadores, criando novos conteúdos e atualizando os games o tempo todo. Se o título é lançado com as principais ligas do mundo, nos sites feitos por fãs você pode encontrar ligas de países africanos e asiáticos com facilidade, e essa database maior torna o jogo ainda mais interessante.

Hoje em dia você ainda pode encontrar esses “managers”, a maioria deles de forma gratuita com uma versão premium para quem optar pela compra, que normalmente envolve valores bem baixos.

Elifoot teve sua última atualização no ano de 2019, e está disponível no site (clique aqui).

Brasfoot está atualizado ano a ano, sempre com melhorias, disponível tanto para Android quanto para PC, no site ou na loja de aplicativos do seu celular.

Conheça o Video Game Data Base, o museu virtual brasileiro dos videogames.

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