Engenheiro abre lanchonete inspirado no colega puxa-saco
No estilo cantina de escola, a pintura no muro tem arrancado risos de quem passa pela Rua Riachão
Quem passa pela Rua Riachão, no bairro Recanto das Paineiras, cai na risada com a palavra ‘Saguadim’ pintada no muro de uma pequena lanchonete. Com estilo de cantina de escola, com apenas uma janelinha para os pedidos, Pablo Gomes Pereira usou o meme dito por um colega de trabalho puxa-saco para chamar a atenção de quem aparece pela primeira vez no bairro.
Cansado de trabalhar para os outros, o engenheiro mecânico resolveu se aventurar no ramo dos negócios. A lanchonete simples foi inaugurada há 3 meses e o público que mais frequenta são os estudantes, atraídos com chipa e pão de queijo a R$ 1,50 e casadinho de salgado e café a R$5.
“Ganhava mal, fazia o serviço de três, quatro pessoas. Aí eu falei: ‘ah, quer saber? Meu pai tem esse barzinho aqui, faz cinco anos, aí ele toca só à noite. Aí tinha uma chiparia aqui na esquina, ela fechou porque era alugada, aí eu falei: ah pai, vamos abrir um negócio de manhã para a gente ganhar um dinheiro também?’”
O pai topou. Pablo explica como teve a ideia de usar a frase dita pelo colega para abrir um cantinho dele.
“Eu sofri um acidente e, quando voltei a trabalhar, tinha um supervisor que era extremamente arrogante com a gente, mas esse colega de trabalho puxava o saco dele. Então, no começo do mês, tinham os aniversários lá e ele estava muito empolgado que iria ter bolo salgado para a gente comer. Mas, quando ele chegou lá, a cara de tristeza dele quando viu que não tinha me deixou muito contente. Porque ele falou: ‘putz, não tem saguadim pra mim?’ E isso aí ficou marcado.”
Pablo achou a palavra engraçada, sem saber que era de um meme antigo. O nome fez justamente o que ele queria: chamou atenção. O dono conta que tem gente que vai tirar foto do muro pintado com a palavra.
"As pessoas acham bem engraçado. Inclusive, teve um casal que veio aqui uma vez e tirou foto. A mulher justificou que o filho dela ficava falando essa palavra, e o pai corrigia, dizendo que não existia, que estava errado. Aí ele disse: “Não, agora eu sei que eu que tô errado, não é meu filho, não. Vou pedir desculpa pra ele.”
Pablo comenta que o nome deixou até o próprio pai intrigado. Ele achou que estava errado a grafia já que nunca tinha ouvido.
Formado em engenharia, Pablo explica que nunca conseguiu exercer, pois não achou trabalho na área.
“Eu estudei e me formei em engenharia mecânica. Fiz pós-graduação em segurança do trabalho, mas não fui pra área, não consegui entrar no mercado. Meu pai tinha esse negócio e eu também queria ajudar ele, porque direto ele ficava aqui sozinho e, praticamente, ele que paga agora as contas de casa. Então pensei: tá, vamos fazer um dinheirinho de manhã aqui.”
Para ele, a maior dificuldade do cenário da profissão é a remuneração e a cobrança que não condiz com o valor.
“Além da gente não ter um salário decente, a gente tem que aguentar muita coisa. Quero ver se eu consigo melhorar aos poucos, devagar, investir mesmo. A gente é brasileiro, tem que ir tentando, se esforçando. Mas assim, a ordem, particularmente, é nós dois aqui. Tô indo na luta. Às 6h30 vai ter um salgado quentinho com café. De tarde também.”
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