Padaria de catarinenses guarda receitas alemãs na Mata do Jacinto
Mãe e filha compartilham conhecimento passado de geração em geração com clientes
Käsekuchen, Strudel e Eierpontch são receitas alemãs passadas de geração em geração na família de Rosana Maria Pagelkopf, de 67 anos. Depois de anos fazendo os pratos apenas para os filhos e netos, a cozinheira resolveu sair de Blumenau, em Santa Catarina, para abrir seu próprio negócio com a filha, Carla Raquel Scottine Pagelkopf, em Campo Grande. A união nasceu há 2 meses e elas já colhem os frutos: o reconhecimento.
Segundo Carla, vir para Campo Grande aconteceu após um estudo de mercado e decisão do marido em abrir um frigorífico. A mudança aconteceu há 2 anos. Mas ainda faltava algo. Foi aí que a mãe entrou na história e a parceria começou.
A sócia fala que a Rosana sempre foi elogiada pelas receitas, por lembrar a infância dos gaúchos, que nasceram e vivem influenciados pela cultura alemã. “Ela sempre cozinhou muito bem, mas lá ela só fazia em casa. Isso vem da minha avó, são coisas que a gente comia quando era pequena. Hoje meus filhos comem também”.
O amor pela culinária do país europeu também lembra o passado de Rosana. Com pais fugidos da guerra, só restou o sabor das comidas alemãs.
“Sempre procuro inovar as minhas receitas e tenho paixão pela culinária alemã, pois lembra muito a minha infância com meus pais e avós. Fico muito feliz e me realizo ao ver as pessoas gostarem das minhas receitas. Isso é muito gratificante”. Quanto ao prato predileto dela, o famoso Käsekuchen é o favorito. O alimento é uma torta feita com ricota e leite condensado.
Carla explica que a cozinha alemã é repleta de costumes que misturam doce e salgado. Por exemplo, as cucas, carros-chefes na Padaria Germânica, também existem na culinária brasileira, mas de maneira diferente. Aqui, ela é feita recheada e fofa como um pão. Na Alemanha, a receita é outra e a massa não cresce tanto. O que seria o recheio na versão brasileira vai por cima, como uma cobertura na versão europeia da receita.
“As mais tradicionais são a de uva e de farofa. Lá no Rio Grande do Sul eles comem muito com churrasco. Bem coisa de alemão comer doce com salgado. Quando a gente começou, percebemos que o campo-grandense gosta muito de doce. Quando colocamos banana com doce de leite, o pessoal ama. Na Alemanha tem elas sempre com muitas frutas”.
A bandeja grande da cuca custa R$ 35, já o pedaço sai a R$ 15. Diariamente, Rosana faz 5 sabores do doce. Além das cucas, o local também oferece pães caseiros escaldados, típicos da cultura gaúcha.
Eles são feitos de milho, batata doce ou sem glúten e lactose. O Strudel (tipo de massa folhada com recheio) também aparece na lista de comidas típicas alemãs. A versão tradicional é feita de maçã, uvas-passas e nozes, mas também tem a de abacaxi, banana com doce de leite, banana e chocolate e maçã com creme.
Para agradar o público que passa pelo Parque do Sóter, onde a padaria está localizada, as empresárias decidiram trazer opções rápidas e saborosas, como broas de milho, de amendoim, chipa e pão de queijo.
A surpresa de Carla foi ver que o público gostou dos pratos e tem procurado por eles. Quando a empresária chegou à capital sul-mato-grossense, não esperava que tivessem tantos gaúchos por aqui.
“A culinária alemã tem tanto em Santa Catarina quanto no Rio Grande do Sul. Quando abrimos a maioria que vinha era gaúcho. A gente se surpreendeu com a quantidade que tem aqui. Campo Grande tem muita gente que faz intercâmbio na Alemanha também. Temos mais de 30 sabores de cucas, mais de 6 tipos de pães caseiros, Käsekuchen, Strudel, Chimias, broas e biscoitos”.
Como o espaço abriu há pouco tempo, o cardápio ainda está sendo aprimorado e expandido. Segundo Carla, o famoso pretzel, que é uma receita alemã, estará disponível a partir do próximo mês.
A padaria de Carla e Rosana fica em frente à entrada Parque Sóter, na Rua Cristóvão Lechuga Luengo, número 10. O local funciona de segunda a sábado, das 7h às 19h30.
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