MS entra em zoneamento do alho e tem janela para produtores familiares
Portaria do Ministério da Agricultura define regiões de menor risco climático e orienta plantio irrigado
O Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) publicou nesta terça-feira (25) portarias que incluem o alho na lista de culturas contempladas pelo Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático). A medida define onde e quando é mais seguro plantar no Brasil, reduzindo perdas por eventos climáticos. Entre os estados autorizados para cultivo em clima tropical, irrigado, está Mato Grosso do Sul, ao lado de Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal.
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A decisão se apoia em estudos feitos pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Hortaliças, com apoio de associações de produtores e instituições de pesquisa. A lógica é simples: identificar áreas com menor risco de prejuízos e indicar períodos exatos de plantio. A promessa é dar mais previsibilidade ao produtor, ao agente financeiro e às seguradoras. Quem seguir as datas previstas no sistema passa a ter acesso ao Proagro (Programa de Garantia da Atividade Agropecuária) e ao Programa de Subvenção ao Seguro Rural.
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O alho é uma planta exigente. Embora seja consumido o ano inteiro, sua origem está em regiões frias da Ásia. No Brasil, precisa de temperaturas amenas, variação correta de umidade e número adequado de horas de luz por dia. É um pacote técnico difícil de equilibrar. Quando essas condições falham, a planta até cresce, mas não forma bulbos comerciais.
Por isso, o estudo separa o zoneamento em duas faixas: clima tropical e clima subtropical. No cenário tropical, caso do Mato Grosso do Sul, o plantio só é recomendado com o uso de irrigação e com altitude mínima acima de 750 metros. Isso reduz áreas aptas no Estado, mas garante segurança técnica em locais específicos.
Na prática, o reconhecimento do MS no Zarc do alho significa que os municípios aptos, listados no sistema oficial do Ministério, passam a ter regras claras de plantio e acesso a seguro rural. É um ganho relevante para um setor que ainda está em desenvolvimento por aqui.
Hoje, a produção estadual de alho é quase totalmente familiar. São cerca de 25 agricultores espalhados por municípios como Naviraí, Ponta Porã, Amambai e Mundo Novo. A área plantada é pequena e focada em diversificação. Em iniciativas piloto recentes, produtores relataram boa produtividade com uso de tecnologia e manejo mais cuidadoso. A inclusão no zoneamento tende a dar fôlego a esse tipo de projeto, já que facilita crédito, reduz riscos e coloca o Estado no radar das cultivares nobres.
O Zarc ainda determina que o cultivo no Brasil, salvo raras exceções no Sul, deve ser irrigado. No caso do alho nobre, etapa crucial é a vernalização, espécie de “tratamento de frio” feito antes do plantio para permitir a formação do bulbo mesmo onde as condições naturais são menos favoráveis. Essa técnica, já aplicada em regiões subtropicais, ajudou a expandir o cultivo para estados do Centro-Oeste e Sudeste.
O modelo usado pelo Ministério considera chuvas, evapotranspiração, temperaturas máximas e mínimas, altitude e risco hídrico. O balanço parte de séries de dados de 30 anos e avalia cenários de probabilidade de perda. Quando o risco ultrapassa 40%, a recomendação é clara: não plantar.
Além disso, o estudo alerta para a podridão branca, fungo que inviabiliza a lavoura e não tem controle efetivo. Áreas com registro da doença devem ser descartadas.
As janelas de plantio e os municípios aptos já estão disponíveis no Siszarc (sistema do Zoneamento Agrícola de Risco Climático), no Painel de Riscos do Zarc e no aplicativo Plantio Certo. É ali que o agricultor vai encontrar, por exemplo, o decêndio exato para colocar a semente no solo em Mato Grosso do Sul. Como o Estado tem altitude variada e clima quente, o cruzamento dessas informações é essencial.
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