Nova portaria pode obrigar a notificação de 4 doenças que atingem a tilápia
Documento passa por consulta pública e vai substituir lista vigente há 10 anos

Alvo de polêmica sobre inclusão ou não na lista de espécies invasoras, a tilápia pode ser atingida por quatro doenças que devem passar a exigir notificação no Brasil a partir do ano que vem. Elas são a iridovirose (Megalocytivirus pagrus 1), infecção por tilapinevirus (vírus da tilápia do Lago), necroses nervosas virais e infecções por Parvovírus da Tilápia (TiPV).
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O Ministério da Agricultura e Pecuária prepara uma nova portaria que tornará obrigatória a notificação de quatro doenças que afetam a tilápia: iridovirose, infecção por tilapinevirus, necroses nervosas virais e infecções por Parvovírus. A medida deve entrar em vigor a partir do próximo ano, como parte de uma lista que inclui 35 enfermidades em animais aquáticos. Mato Grosso do Sul, quinto maior produtor de tilápia do Brasil, já registrou casos de iridovirose na Bacia do Paraná. Embora estas doenças não representem risco à saúde humana, podem causar significativos prejuízos econômicos aos produtores, pois são capazes de contaminar cardumes inteiros.
As citadas estão em meio a 35 doenças que deverão constar na lista oficial de notificação obrigatória em animais aquáticos, substituindo outra relação vigente desde 2015. As demais 31 dizem respeito a peixes de outras espécies, moluscos, crustáceos e anfíbios. A mudança será oficializada por uma portaria do Ministério da Agricultura e Pecuária que passa por consulta pública antes da publicação.
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Médico-veterinário formado em Mato Grosso do Sul e mestre em Aquicultura pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) que faz gestão sanitária, dá formações e coordena pesquisas clínicas, Santiago Benites de Pádua avalia a atualização como importante, já que muitas das doenças relacionadas há 10 anos se tornaram endêmicas. Além disso, existem novas que, mesmo sem casos conhecidos no país, podem se instalar e levar à perda de produção.

Mato Grosso do Sul já teve casos de iridovirose em cultivo na região da Bacia do Paraná, frisa Santiago. "Essa doença ocorre na tilápia no estágio larval e jovem. Provoca anemia e imunossupressão animal, levando à morte," descreve.
Professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e doutor em Medicina Veterinária, Carlos Eurico Santos Fernandes aponta que a introdução do vírus da necrose infecciosa do baço e do rim (ISKNV - Infectious Spleen and Kidney Necrosis Virus) está em discussão no Brasil desde que um surto foi notificado em Goiás, São Paulo e Minas Gerais em agosto de 2020. "Possivelmente será inclusa na lista de notificação obrigatória", afirma.
Fernandes defende que a identificação e assistência no caso de doenças nos peixes precisam evoluir. "Os serviços estaduais de fiscalização ainda estão se organizando diante do diagnóstico e do combate às doenças registradas na piscicultura, e há uma carência de laboratórios especializados no diagnóstico e na assistência aos produtores, diante da demanda e do crescimento da piscicultura brasileira", acrescenta.
Quanto a infecções por Parvovírus da Tilápia, não há casos conhecidos no Brasil, conforme acompanham os especialistas.
Prejuízo econômico - O Estado fechou 2024 como o quinto maior produtor de tilápia no Brasil, de acordo com a associação PeixeBR. Ainda segundo Santiago, a iridovirose e as outras três novas doenças que podem ter notificação obrigatória, não representam risco maior que o econômico. "Não são doenças transmissíveis para o ser humano. Elas causam prejuízo na produção, pois podem contaminar todo o cardume do produtor", afirma.
Apesar de o país ser considerado livre da infecção por tilapinevirus, a doença letal atinge países como a Colômbia, além de asiáticos, e preocupa o mercado brasileiro. "Nosso setor está muito atento em relação a ele. Causa bastante prejuízo. Aqui no Brasil, os produtores participam de programas de monitoramento e não temos registro", finaliza.
Matéria editada em 9/12 para alterar e acrescentar informações.
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