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Lado Rural

Safra de grãos deve crescer 29,4% em Mato Grosso do Sul

Crescimento é puxado por produtividade recorde no milho, recuperação no amendoim e bom desempenho da soja

Por Jhefferson Gamarra | 15/05/2025 16:31
Safra de grãos deve crescer 29,4% em Mato Grosso do Sul
Colheitadeira trabalhando em lavoura de grãos (Foto: Agência Brasil)

A safra de grãos 2024/25 em Mato Grosso do Sul deverá registrar um expressivo crescimento de 29,4% na produção em relação ao ciclo anterior, alcançando 26,25 milhões de toneladas. Os dados fazem parte do 8º Levantamento da Safra de Grãos publicado nesta quinta-feira (15) pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que também indica um avanço de 2,5% na área plantada, que passa de 6,5 milhões para 6,66 milhões de hectares. A produtividade média aumentou de forma significativa: de 3.121 kg/ha para 4.037 kg/ha — um crescimento de 29,3%.

RESUMO

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A safra de grãos 2024/25 em Mato Grosso do Sul deve alcançar 26,25 milhões de toneladas, representando um crescimento de 29,4% em relação ao ciclo anterior, segundo o 8º Levantamento da Safra de Grãos da Conab. A área plantada aumentou 2,5%, chegando a 6,66 milhões de hectares. O milho lidera a produção com 11,77 milhões de toneladas, seguido pela soja com 11,43 milhões. Destaque também para o amendoim, que dobrou a área plantada, e o sorgo, com aumento de 92,3% na produção. O bom desempenho é atribuído às condições climáticas favoráveis e investimentos em tecnologia, apesar de desafios como pragas e doenças.

O resultado reflete uma combinação de fatores favoráveis: recuperação de áreas atingidas por veranicos no início do plantio, boas precipitações entre março e abril, investimentos em manejo fitossanitário e tecnologias aplicadas ao campo. Por outro lado, irregularidades climáticas, doenças e pressão de pragas desafiaram algumas culturas como o feijão e o algodão, além de exigirem maior custo de produção em diversas lavouras.

O milho segue como o principal grão cultivado no estado em volume, com uma estimativa de 11,77 milhões de toneladas, um crescimento de 45,7% em relação à safra anterior, quando foram colhidas 8,08 milhões de toneladas. A produtividade média deu um salto significativo, de 3.783 kg/ha para 5.555 kg/ha (alta de 46,8%), reflexo direto das boas chuvas entre março e abril e do manejo intensivo para controle de pragas e doenças.

A área total destinada ao cereal apresentou leve recuo (-0,8%), fechando em 2,12 milhões de hectares. A segunda safra (safrinha), que representa quase a totalidade da área, teve redução marginal (-0,6%), mas registrou produtividade 47,5% maior do que a do ciclo anterior, atingindo 5.527 kg/ha.

Mesmo com a pressão de pragas como cigarrinha e pulgões e a incidência de doenças fúngicas (helminthosporiose, diplodia, bipolaris e cercospora), os produtores conseguiram garantir o potencial produtivo do milho, especialmente na região norte do estado, onde as condições hídricas foram mais favoráveis.

A soja, segundo maior grão em volume no estado, deverá alcançar 11,43 milhões de toneladas, com crescimento de 27,1% sobre a safra anterior (9 milhões de toneladas). A produtividade média foi de 3.581 kg/ha, frente a 2.819 kg/ha no ciclo anterior — crescimento de 27,1%.

Apesar da boa performance, especialmente nos municípios de Chapadão do Sul e Costa Rica, onde houve produtividade recorde, o rendimento foi impactado nas regiões sul e centro-sul pelo estresse hídrico durante o enchimento dos grãos e por temperaturas extremas, que afetaram peso e volume dos grãos. Ainda assim, a safra foi finalizada com resultado altamente positivo, consolidando Mato Grosso do Sul como um dos grandes produtores nacionais.

Safra de grãos deve crescer 29,4% em Mato Grosso do Sul
Amendoim apresentou a maior expansão proporcional da safra (Foto: Divulgação/Semadesc)

A cultura do amendoim apresentou a maior expansão proporcional da safra: a área plantada mais que dobrou, passando de 21,2 mil hectares para 42,7 mil hectares (alta de 101,4%). Com produtividade média de 4.100 kg/ha (23,2% maior que na safra passada), a produção deve alcançar 175,1 mil toneladas, resultando em um crescimento de 148,4%.

O bom desempenho foi registrado mesmo com dificuldades no andamento da colheita devido às chuvas recorrentes e ao alto risco de doenças fúngicas, como a pinta-preta, além de aumento na presença de aflatoxinas. A comercialização, em muitos casos, tem ocorrido por meio de contratos de troca, o que garante escoamento da produção e atratividade para os produtores.

O feijão apresentou retração significativa: a área plantada caiu 24,4%, saindo de 12,7 mil ha para 9,6 mil ha. A produção também recuou, passando de 15,7 mil t para 14,4 mil t (-8,3%). A produtividade teve leve alta (20,9%), mas não compensou a redução de área.

A cultura foi afetada por diversos fatores: a irregularidade das chuvas no início do ciclo, especialmente em municípios tradicionais como Bonito, a menor rentabilidade frente a outras culturas e o aumento no custo de produção. Apesar disso, lavouras no centro-sul apresentaram bom desenvolvimento, sem maiores incidências de pragas.

A área plantada com algodão (caroço e pluma) teve leve retração de 0,9%, atingindo 31,7 mil hectares. A produtividade do algodão em caroço ficou praticamente estável, passando de 2.941 para 2.945 kg/ha. A produção estimada é de 93,4 mil toneladas, 0,7% inferior à safra anterior.

O desempenho da cultura ficou comprometido na região sul do estado, onde o excesso de umidade e baixa luminosidade favoreceram doenças fúngicas. Em contrapartida, as regiões norte e nordeste apresentaram boas condições hídricas, plantas vigorosas e estágios avançados de desenvolvimento, como enchimento de maçãs e abertura de capulhos.

Apesar da pequena área cultivada (0,6 mil hectares), o girassol surpreendeu com crescimento de 550% na produção, saindo de 0,2 mil para 0,9 mil toneladas. As lavouras evoluíram bem, especialmente após a retomada das chuvas no final de março, o que garantiu boa umidade no solo e possibilitou o início do florescimento com boas perspectivas produtivas.

O sorgo, por sua vez, teve aumento expressivo de 48,6% na área (125,1 mil ha) e quase duplicou a produção, passando de 237,4 mil t para 456,6 mil t (alta de 92,3%). Adaptado a solos arenosos e clima seco, o grão tem sido opção viável, sobretudo em regiões com restrições ao milho segunda safra, como em Nova Alvorada do Sul.

Já as culturas de inverno, como aveia e trigo, apresentaram retração de área plantada: -4,4% para a aveia e -32% para o trigo. Apesar disso, a produtividade das duas culturas cresceu (30,4% e 155,2%, respectivamente), resultando em produção total de 116,9 mil toneladas — alta de 53,6%.

Segundo análise da Conab, os volumes de chuva em abril ficaram acima de 150 mm em grande parte de Mato Grosso do Sul, especialmente nas regiões produtoras. Essa condição beneficiou o desenvolvimento de culturas em fases críticas, como milho e amendoim.

No entanto, o modelo do Inmet indica tendência de redução das chuvas no trimestre seguinte, o que pode comprometer o armazenamento de umidade no solo e afetar a produtividade das culturas tardias. Também aumentam os riscos fitossanitários, com maior incidência de doenças fúngicas e pragas.

Com desempenho recorde em grãos como milho, soja e amendoim, a safra 2024/25 se desenha como uma das maiores da história de Mato Grosso do Sul. A produção deve ultrapassar 26 milhões de toneladas mesmo com desafios logísticos, sanitários e climáticos enfrentados ao longo do ciclo.

Safra de grãos deve crescer 29,4% em Mato Grosso do Sul
Tabela com estimativa da produção de grãos em Mato Grosso do Sul (Imagem: Reprodução/Conab)


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