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Economia

Agronegócio lidera pedidos de recuperação judicial em MS

Em 1 ano, pedidos aumentaram 57,1%; somente no segmento de cultivo de soja, são sete casos

Por Izabela Cavalcanti | 12/05/2025 11:08
Agronegócio lidera pedidos de recuperação judicial em MS
Colheita de soja em área de Mato Grosso do Sul (Foto: Álvaro Rezende)

O número de empresas em recuperação judicial aumentou 57,1% em Mato Grosso do Sul, no período de 1 ano. Conforme o Monitor de Recuperações Judiciais da RGF Associados, no primeiro trimestre de 2024, eram 28 casos, e neste ano subiu para 44.

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O número de empresas em recuperação judicial em Mato Grosso do Sul aumentou 57,1% em um ano, passando de 28 para 44 casos, segundo o Monitor de Recuperações Judiciais da RGF Associados. O agronegócio é o principal responsável pelos pedidos, com destaque para o cultivo de soja, que registra sete casos. Os principais fatores para esse aumento incluem o encarecimento do crédito rural, a elevação das taxas de juros, o aumento dos custos de produção e eventos climáticos adversos. Especialistas ressaltam que a recuperação judicial é uma ferramenta para reorganizar dívidas e não deve ser vista como sinônimo de falência.

O agronegócio lidera os pedidos. Prova disso é de que somente no segmento de cultivo de soja, são sete casos, de um total de 454 empresas.

Em seguida está transporte rodoviário de cargas, com cinco casos; criação de bovinos para corte, três; comércio atacadista de medicamentos, três; fabricação de laticínios, confecção de peças de vestuário, comércio atacadista de cereais e leguminosas, e supermercados, com dois processos de recuperação cada um.

Além disso, também estão na lista: frigorífico, açougue, serviço de preparação de terreno, cultivo e colheita, fabricação de álcool, fabricação de adubos e fertilizantes, comércio atacadista de carnes bovinas, suínas e derivados, comércio atacadista de pescados e frutos do mar e comércio atacadista de defensivos agrícolas, adubos, fertilizantes e corretivos do solo.

Do total de 32.023 empresas contabilizadas para o estudo, 44 têm recuperação judicial em Mato Grosso do Sul. O Índice de Recuperação Judicial no Estado está em 1,37.

Agronegócio lidera pedidos de recuperação judicial em MS
Arte: Lennon Almeida

O advogado Thiago Amorim, presidente da Comissão de Assuntos Agrários e Agronegócio da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Mato Grosso do Sul), detalha algumas causas que podem ter contribuído para essa disparada.

“Dentre os principais, podemos citar: o forte encarecimento do crédito rural, provocado pela elevação das taxas de juros nos últimos dois anos; o aumento expressivo nos custos de produção, especialmente fertilizantes e defensivos agrícolas; e eventos climáticos adversos como estiagens prolongadas, que impactaram negativamente a produtividade em diversas regiões do País, inclusive em Mato Grosso do Sul”, explicou.

Outro fator destacado pelo profissional em relação ao aumento é que os produtores passaram a compreender, de fato, o que significa a recuperação judicial.

“Muitos produtores, devidamente assessorados, passaram a compreender que a recuperação judicial não é um sinônimo de falência, mas sim um instrumento legítimo para reorganizar suas dívidas e manter a atividade econômica funcionando. Não é uma estratégia para ganhar dinheiro, como muitos defendem, mas o último recurso para continuar produzindo”, finalizou.

Na visão da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), o cenário da safra 2023/24 em Mato Grosso do Sul, marcado principalmente por condições climáticas adversas, custo de produção elevado, volatilidade nos preços das sacas de grãos e a insegurança jurídica no campo, tem preocupado o setor produtivo.

De acordo com os dados do projeto Campo Futuro, as margens das propriedades típicas de Chapadão do Sul, Maracaju e Ponta Porã foram negativas.

“Os resultados econômicos demonstram que essas propriedades, situadas em importantes regiões produtoras, não conseguiram cobrir o Custo Total (CT) de nenhuma das culturas semeadas na temporada 2023/24. De modo geral, a safra 2023/24 foi desafiadora. Embora a soja tenha apresentado resultados melhores, eles não foram suficientes para compensar as perdas registradas com o milho”, diz a nota enviada.

Já as perspectivas para a safra 2024/25 são mais positivas. Para a soja, os dados mais recentes indicam uma produtividade média esperada de 54,4 sacas por hectare, o que representa um aumento de 11,4% em relação ao ciclo passado e produção estimada de 14,6 milhões toneladas. As expectativas para a safra de milho também são positivas, a produtividade média esperada é de 80,8 sacas por hectare e produção de 10,1 milhões de toneladas.

“Esses números positivos podem ajudar os produtores a se recuperarem das perdas das safras passadas, trazendo um alívio ao setor produtivo. Apesar das boas perspectivas, o cenário ainda exige muita cautela”.

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* Matéria atualizada às 9h06, do dia 13 de maio, para acrescentar nota enviada pela Famasul

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