ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, QUINTA  28    CAMPO GRANDE 22º

Meio Ambiente

Agência quer explicação sobre caminhão "errado" na coleta de lixo

Solurb usou caminhão com letreiro azul, de atendimento a clientes privados, para a coleta residencial, paga pela prefeitura

Marta Ferreira | 24/09/2019 18:25
Caminhão com pintura azul coleta lixo em frente a condomínio na Avenida Interlagos, situação irregular. (Foto: Direto das Ruas)
Caminhão com pintura azul coleta lixo em frente a condomínio na Avenida Interlagos, situação irregular. (Foto: Direto das Ruas)

Órgão fiscalizador do contrato entre a prefeitura e a Solurb, concessionária responsável pela coleta, transporte e destinação final dos resíduos residenciais em Campo Grande, a Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos) vai pedir explicações sobre uso em condomínios de caminhões usados para atendimento aos grandes geradores, responsáveis pelo próprio lixo a partir deste ano. E a prefeitura informou que não paga pelo material coletado nesses veículos.

Por mês, a empresa recebe entre R$ 7 milhões e R$ 9 milhões para prestar o serviço. O valor varia conforme as medições apresentadas pela Solurb e é aí que a diferenciação do caminhão usado tem impacto direto. A apuração do Campo Grande News indica que a identificação diferente é justamente para garantir que a pesagem, no Aterro Sanitário, seja feita de forma que a prefeitura pague só pela coleta pública. Com o os resíduos de clientes privados e das residências no mesmo caminhão, não há como fazer essa separação da forma adequada.

A suspeita, levantada por fontes ouvidas pela reportagem, é de que o material do caminhão privado acabe sendo pago tanto pelo cliente privado quanto pela prefeitura.

Reportagem do Campo Grande News desta segunda-feira (24) mostrou flagrante feito na sexta-feira passada (20) na Avenida Interlagos, mostrando caminhões com pintura azul coletando lixo em dois residenciais, quando o correto é a utilização dos caminhões com pintura em verde, da coleta residencial. A identificação está prevista no decreto estabelecendo as regras para a destinação dos rejeitos dos grandes geradores, em vigor desde maio, e também, no contrato assinado pela Prefeitura com a Solurb, em 2012.

Consultado pela reportagem, o diretor-presidente da Agereg, Vinicius Campos, disse que o ofício será enviado nesta quarta-feira (25), dando prazo de cinco dias para as explicações da concessionária. Ele não quis emitir juízo de valor sobre as imagens recebidas pelo jornal. “Prefiro esperar a empresa se manifestar”.

Da prefeitura, a resposta foi a seguinte: “a Prefeitura não paga pela coleta do lixo realizada pelos caminhões da Solurb (identificados pela cor azul) destinados aos grandes geradores de resíduo. A empresa tem conhecimento desta normativa”.

Porque não pode - O uso do caminhão “errado”, segundo a apuração feita, interfere na medição dos serviços prestados ao Poder Público, que devem ser encaminhadas à prefeitura todo primeiro dia útil do mês.  O contrato firmado em 2012 com a Solurb, ao custo anual de R$ 52 milhões, por 25 anos, prevê vistorias para assegurar que as informações da concessionária estão corretas. Ou seja, que foi coletado mesmo a quantidade informada.  Se a identificação, até mesmo os clientes privados podem ser prejudicados.

Em vigor desde maio deste ano, o decreto determinado aos grandes produtores de resíduos a responsabilidade pela coleta e destinação dos rejeitos é claro ao exigir da Solurb a identificação dos veículos usados para atender o cliente privado. Esse serviço é pago pelas empresas e instituições onde há, por dia, produção de mais de 50 quilos de resíduos. A mudança é prevista em lei federal, segundo a qual o Município não deve ficar responsável pelos rejeitos comerciais.

Condomínios residenciais não são definidos como grandes geradores, pois cada morador paga a própria taxa de lixo, cobrada desde 2017. Portanto, o recolhimento dos descartes dos moradores deve ser feito usando o caminhão identificado para coleta, transporte e destinação final de resíduos domiciliares.

Procurada pelo Campo Grande News, a Solurb havia afirmado, na segunda-feira, que há dois tipos de grandes geradores, o GGRP (sigla para Grandes Geradores Privados) e o GGPL (Sigla para Grandes Geradores Públicos), nos quais ela coleta resíduos por determinação da prefeitura.

De acordo com a empresa, a coleta nos condomínios  foi feita pela "equipe do GGPL, devido à otimização da rota”. Ainda de acordo com a empresa, "não há que se comentar em relação a cobrança em duplicidade, uma vez que para isso acontecer, o citado condomínio deveria estar pagando pela coleta de seus resíduos, fato esse que não ocorre”.

Depois das novas informações da Agereg e da prefeitura, foi feita nova consulta e ainda não houve manifestação da Solurb.

Nos siga no Google Notícias