Avicultores dizem que suspensão é pontual e reforçam controle sanitário em MS
Setor destaca controle contra gripe aviária e expectativa é de rápida retomada das vendas internacionais
A suspensão temporária das exportações brasileiras de carne de frango, motivada por casos pontuais de gripe aviária em regiões específicas do país, está sendo tratada como uma situação pontual e controlada pelos avicultores de Mato Grosso do Sul. A presidente da Avimasul (Associação de Avicultura do Mato Grosso do Sul), Francieli Coneli, ressaltou que o estado mantém um rigoroso controle sanitário, com ações preventivas e corretivas em andamento, e reforçou a confiança na rápida normalização do comércio internacional.
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“A suspensão traz um desafio pontual. A produção será redirecionada, em parte, para outros mercados internacionais e também para o abastecimento do mercado interno, o que ajuda a mitigar os impactos imediatos”, informou a entidade. A Avimasul ainda destacou a rápida resposta e a capacidade técnica do Ministério da Agricultura e Pecuária, que, segundo a associação, contribuem para manter a confiança do mercado internacional no sistema sanitário brasileiro.
Apesar da suspensão de exportações para países como China, União Europeia, Argentina, Chile e África do Sul, entre outros, adotada como medida preventiva pelo próprio Brasil, os dados mais recentes mostram que o setor avícola sul-mato-grossense vive um momento de expansão. De acordo com a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS), entre janeiro e março de 2025, o estado exportou 49,6 mil toneladas de carne de frango, com receita de US$ 103,3 milhões. Esse volume representa um crescimento de 27% nas exportações e de 33% no faturamento, em comparação com o mesmo período de 2024.
A China, principal destino do produto sul-mato-grossense, respondeu por 16,3% da receita do setor no primeiro trimestre do ano, com a compra de 7,17 mil toneladas, o equivalente a cerca de 200 carretas carregadas com frango.
“Embora represente um desafio momentâneo, o setor avícola de MS tem demonstrado forte desempenho e permanece competitivo e com boa aceitação nos mercados internacionais. Com as medidas corretivas já adotadas e as articulações diplomáticas em andamento, a expectativa é de que as exportações sejam retomadas em breve”, afirmou a Avimasul.
Em nota divulgada no último sábado (18), o Mapa detalhou as ações que estão sendo implementadas no foco da doença identificado em Montenegro (RS), o único caso confirmado em granja comercial. Um segundo foco foi detectado em um zoológico em Sapucaia do Sul (RS), envolvendo aves não comerciais.
Na zona de emergência sanitária, definida em um raio de 10 km do foco, foram intensificadas as inspeções em propriedades rurais. Na área perifocal (raio de 3 km), 29 das 30 propriedades já haviam sido vistoriadas até a manhã do dia 18, com expectativa de conclusão ainda no mesmo dia. Na área de vigilância (raio de 7 km a partir do perímetro de 3 km), 238 das 510 propriedades já passaram por vistoria.
Apenas uma suspeita foi registrada até o momento, em uma propriedade de subsistência dentro da área perifocal. Essa suspeita está sob investigação, e amostras foram encaminhadas ao Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Campinas (SP). Segundo o Mapa, esse caso não compromete o comércio internacional nem representa risco à segurança dos alimentos inspecionados.
Além disso, o Mapa informou em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (20) que todas as aves e ovos da granja foco já foram eliminados. A partir disso, o Brasil poderá iniciar o processo para se declarar novamente livre da doença, o que, conforme normas internacionais, pode ocorrer em até 28 dias após a desinfecção.
Outras seis investigações estão em andamento no país, incluindo dois casos suspeitos em granjas comerciais e quatro em aves de subsistência. Três suspeitas em aves de subsistência já testaram negativo. Outra investigação está em curso em Aguiarnópolis (TO), onde uma amostra revelou presença de Influenza A com baixa probabilidade de alta patogenicidade. As medidas de contenção e vigilância foram reforçadas.
Até o momento, 11 países suspenderam total ou parcialmente as importações de carne de frango do Brasil. Entre eles estão México, Coreia do Sul, Chile, Canadá, Uruguai, Malásia e Argentina, que suspenderam as compras de todo o território nacional. Já Cuba e Bahrein restringiram apenas a importação de produtos originários do Rio Grande do Sul. O Japão limitou a suspensão à região de Montenegro.
O governo brasileiro também suspendeu temporariamente a certificação de frango para três importantes mercados: China, União Europeia e África do Sul. A medida foi tomada por precaução, até que os casos estejam completamente esclarecidos e controlados.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, afirmaram que a situação está sob controle e que não há necessidade de reforço orçamentário para lidar com o surto. “As investigações de suspeitas são rotina na Defesa Agropecuária. A sensibilidade do sistema aumenta com a declaração de emergência, mas isso apenas reforça sua robustez”, afirmou Goulart.
A Avimasul reiterou que o sistema de defesa sanitária em Mato Grosso do Sul segue com monitoramento constante e elevado padrão de biosseguridade, atuando de forma coordenada com a IAGRO e o Ministério da Agricultura. “Estamos sempre vigilantes. Seguimos trabalhando com o apoio do setor produtivo e das associações regionais para manter o estado livre da doença, garantindo segurança tanto para o consumidor quanto para os mercados compradores”, diz a nota.