ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
MAIO, SÁBADO  24    CAMPO GRANDE 20º

Meio Ambiente

CEO da Onçafari defende ecoturismo responsável após ataque fatal

Entidade que está há 14 anos pesquisando onça-pintada no Pantanal pede respeito aos animais silvestres

Por Gabriela Couto | 28/04/2025 18:50

Após o trágico episódio ocorrido na região conhecida como Touro Morto, onde um caseiro foi atacado e morto por uma onça-pintada, a ONG Onçafari divulgou um vídeo com seu fundador e CEO, Mario Haberfeld, abordando o caso e destacando a importância de práticas responsáveis no ecoturismo.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

Após ataque fatal de onça-pintada a caseiro no Pantanal, CEO da ONG Onçafari defende ecoturismo responsável. O incidente, ocorrido em Touro Morto, Mato Grosso do Sul, vitimou Jorge Ávalo, que trabalhava em um pesqueiro local. A onça, capturada e levada ao CRAS, apresentava sinais de desnutrição e comportamento incomum, sem medo de humanos. Especialistas atribuem isso à prática ilegal de ceva, que consiste em alimentar animais silvestres para facilitar avistamentos. Mario Haberfeld, CEO da Onçafari, reconheceu a ceva na região e defendeu o trabalho de habituação de onças realizado pela ONG, que prioriza a segurança. A onça capturada será encaminhada para uma instituição de preservação. O caso gerou debate sobre a interação entre humanos e animais silvestres, com especialistas alertando para os riscos da ceva. A Onçafari reforça a importância de um ecoturismo responsável que eduque e proteja a fauna.

O incidente chocou a comunidade local e ambientalistas de todo o país. Jorge Ávalo, de 60 anos, trabalhava há duas décadas em um pesqueiro às margens do encontro dos rios Miranda e Aquidauana, no Pantanal sul-mato-grossense. Ele desapareceu na última segunda-feira (21) e teve seus restos mortais encontrados no dia seguinte, a cerca de 300 metros de onde ocorreu o ataque.

A onça-pintada envolvida no caso foi capturada pela Polícia Militar Ambiental e levada ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), onde passou por avaliação veterinária. Magro e debilitado, o animal apresentava sinais de desidratação e problemas hepáticos, renais e gastrointestinais, além de comportamento incomum: não demonstrava receio da presença humana.

Especialistas atribuem esse comportamento à prática ilegal de ceva, que é a oferta de alimento a animais silvestres para facilitar avistamentos, especialmente em áreas de pesca turística. A ceva é considerada crime ambiental, por caracterizar maus-tratos, e pode causar alterações perigosas no comportamento natural dos animais.

No vídeo divulgado pela ONG Onçafari, Mario Haberfeld reconheceu que a ceva é uma prática conhecida na região de Touro Morto e reforçou que o processo de habituação realizado pela organização com as onças é feito com “muita cautela, paciência e respeito”. Ele explicou que, em alguns casos, o trabalho de adaptação dos felinos à presença de veículos do projeto levou mais de dois anos para ser concluído, sempre priorizando a segurança de humanos e animais.

“Concordamos com a decisão das autoridades e com o protocolo internacional que está sendo seguido”, afirmou Haberfeld, em apoio à medida que prevê o encaminhamento da onça para uma instituição de preservação. Segundo ele, embora a Onçafari acredite firmemente que o lugar dos animais silvestres é na natureza, situações excepcionais como esta exigem precaução para evitar novos conflitos.

O caso também gerou posicionamentos de outras instituições. Rogério Cunha de Paula, coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), do ICMBio, justificou a captura do animal como uma ação de segurança. “Esse comportamento alterado representa risco real para pescadores, turistas e moradores da região”, disse.

Gediendson Ribeiro de Araújo, veterinário e professor da UFMS, destacou que o animal havia perdido o medo de humanos, o que é “altamente incomum” em onças-pintadas. O biólogo Fernando Torquato, da ONG Panthera Brasil, lembrou que o Instituto Homem Pantaneiro já vinha alertando desde 2020 sobre os perigos da ceva em pesqueiros do Pantanal.

A história de Jorge Ávalo, conhecido como “Jorginho”, ganhou comoção nas redes sociais. Morador respeitado da região, ele costumava registrar e compartilhar imagens das onças que circulavam pelo entorno do pesqueiro. Ironicamente, essa convivência próxima com os felinos pode ter colaborado para a tragédia.

As investigações sobre o caso seguem em andamento, enquanto especialistas buscam entender melhor os impactos da ação humana sobre o comportamento dos grandes felinos. Para a Onçafari, o episódio serve de alerta. “Precisamos fazer um ecoturismo que não apenas emocione, mas também eduque e proteja”, concluiu Haberfeld.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias