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Meio Ambiente

De zoológico dos EUA a gente famosa, quem patrocina a conservação do Pantanal?

Apoiadores de instituições e ONGs que trabalham pela preservação do bioma entram na agenda ESG

Por Gabriela Couto | 04/12/2023 16:35
Caminhonete Chevrolet S10 que foi doada pela montadora General Motors para o programa Felinos Pantaneiros do Instituto Homem Pantaneiro que monitora onças na região remota da Serra do Amolar (Foto: Luiz Mendes)
Caminhonete Chevrolet S10 que foi doada pela montadora General Motors para o programa Felinos Pantaneiros do Instituto Homem Pantaneiro que monitora onças na região remota da Serra do Amolar (Foto: Luiz Mendes)

Diversas instituições e ONGs (Organizações Não Governamentais) trabalham pela conservação do Pantanal sul-mato-grossense. Elas não estão sozinhas e precisam da ajuda de empresas privadas para manter programas de preservação de espécies, de nascentes de rios, educação ambiental, combate ao fogo, entre tantos outros importantes.

O presidente do IHP (Instituto Homem Pantaneiro), Ângelo Rabelo, explica que as iniciativas de conservação no bioma exigem diferentes esforços.

“A logística, os ciclos do Pantanal, são vários fatores que influenciam no bioma e que mudam a dinâmica de ações que são necessárias. Hoje, por exemplo, são várias iniciativas privadas que garantem parcerias estratégicas para o IHP manter medidas de conservação e de desenvolvimento sustentável para o território do Alto Pantanal. A agenda ESG é uma condição urgente do setor privado, um compromisso com o planeta e a sociedade", considerou.

Ele que defende o conceito de produtores de natureza conta com parceiros, patrocinadores e apoio institucional. Dentre as empresas que apostam no trabalho do instituto estão a Chevrolet/General Motors, Isa Cteep, Um grau e Meio, BR PEC, Farm, 5P, Aegea, J&F Mineração, UCDB e MS Ambiental.

Com os resultados apresentados ao longo dos anos, é muito comum que os doadores façam a manutenção do patrocínio e até mesmo a ampliação das doações.

Há dez anos, a campanha “Adote um Ninho” do Instituto Arara Azul tem como padrinho o diretor do filme “Rio”, Carlos Saldanha. Ele está desde o primeiro ano do projeto que viabiliza a continuidade do projeto de pesquisa da ave no Pantanal que é responsável pela continuidade da espécie em meio à ameaça de extinção.

Reprodução das classificações de patrocinadores do Instituto Arara Azul de 2023 (Foto: Reprodução)
Reprodução das classificações de patrocinadores do Instituto Arara Azul de 2023 (Foto: Reprodução)

Neste ano, ajudaram apadrinhando a atriz Maitê Proença, a irmã do piloto Ayrton Senna, Viviane Senna, o ator Victor Fasano, a ambientalista Teresa Bracher e a ornitóloga e conservacionista reconhecida mundialmente, Rosemary Low. Dentre tantos outros que acreditam na importância da preservação da espécie.

Diretora-executiva do Instituto Arara Azul, Eliza Mense afirma que há uma série de possibilidades de ajuda. “Temos uma forma de patrocínio bem definida para pessoa física e jurídica. Existem várias formas de apoiar o instituto, classificados dependendo da faixa das doações. Cada categoria tem um bônus para a empresa ou pessoa envolvida com a responsabilidade ambiental. Apresentamos resultados positivos há 33 anos. Ser um apoiador é fundamental para continuidade do trabalho”.

Pessoa física pode ajudar o Instituto Arara Azul adotando um ninho (Foto: Reprodução)
Pessoa física pode ajudar o Instituto Arara Azul adotando um ninho (Foto: Reprodução)

Essas instituições são também fundamentais para a realização de pesquisas que auxiliam na existência da biodiversidade. Por isso, uma rede apoio internacional faz com que o trabalho de cientistas que estão monitorando espécies que só têm no Pantanal e no Brasil consiga se manter em campo.

O Projeto Tatu-Canastra, por exemplo, existe com 80% dos recursos financeiros oriundos de zoológicos, principalmente dos Estados Unidos e da Europa. Eles não são apenas financiadores, mas também fornecem capacitações para os membros da equipe, conhecimento de protocolo anestésicos, material para educação ambiental, ou seja, ajudam de diversas formas com o objetivo de promover a conservação de espécies ameaçadas e a coexistência entre as pessoas e a fauna silvestre.

Para o fundador e presidente do ICAS (Instituto de Conservação de Animais Silvestres) onde o projeto é realizado, Arnaud Desbiez, essa ajuda é absolutamente indispensável para as ações que o instituto realiza em diversos biomas brasileiro.

Pesquisadores do projeto Tatu-Canastra analisando indivíduo monitorado na Fazenda Baía das Pedras, no Pantanal (Foto: Instagram)
Pesquisadores do projeto Tatu-Canastra analisando indivíduo monitorado na Fazenda Baía das Pedras, no Pantanal (Foto: Instagram)

Outro grande incentivador de pesquisa são os pantaneiros raízes. O projeto Tatu-canastra só existe graças ao apoio do Hotel Fazenda Baía das Pedras. “A unidade se envolve diretamente com os estudos dos pesquisadores deste 2010, fornecendo alojamento e comida para nossos pesquisadores. No início, eles disponibilizaram até alguns funcionários para trabalhar com a gente no campo e que nos ajudaram a conhecer as áreas ao redor e descobrir onde existia o tatu-canastra. Foi um apoio logístico fundamental para que pudéssemos iniciar o trabalho de conservação do tatu-canastra, o maior de todos os tatus do mundo, e até hoje eles são grandes parceiros”, enfatiza.

São 13 anos de construção de uma relação de amizade e respeito mútuo com os proprietários e seus filhos. “Com eles nós aprendemos a conhecer o Pantanal e a cultura pantaneira, onde seguimos desenvolvendo ações conjuntas que beneficiam a todos, como a criação da Brigada Comunitária da Nhecolândia, que começou com o ICAS, IPE (Instituto de Pesquisas Ecológicas) e a Fazenda Baía das Pedras, e que hoje conta com um coletivo de 22 propriedades rurais que estão treinadas e equipadas para proteger cerca de 16 mil quilômetros de Pantanal”, pontuou.

Parceiros do Onçafari, que monitora onças-pintadas no Pantanal (Foto: Reprodução)
Parceiros do Onçafari, que monitora onças-pintadas no Pantanal (Foto: Reprodução)

Essa é uma prática comum entre os proprietários que reconheceram a importância de fazer parcerias para ‘manter o bioma em pé’. A Fazenda Caiman, por exemplo, é sede de vários pontos de pesquisa. Em contrapartida, a permanência da biodiversidade preservada faz com que milhares de turistas do mundo todo reconheçam no local um lugar certeiro para fazer um safári e encontrar uma onça-pintada por exemplo.

Um dos projetos com base na propriedade é o Onçafari, que conta com patrocinadores grandes como Carrefour, Bank of América, Defender (Land Rover), Nike, Bushnell, North face, Goodyear, Gol. Além disso, o jogador da Seleção Brasileira, Richarlisson, adotou uma onça, que recebeu o nome de Acerola.

Jogador de futebol Richarlisson escutando rádio que monitora proximidade com o colar da onça Acerola, no Pantanal (Foto: Instagram)
Jogador de futebol Richarlisson escutando rádio que monitora proximidade com o colar da onça Acerola, no Pantanal (Foto: Instagram)

Para o diretor do Instituto SOS Pantanal, Gustavo Figueiroa, não há como mensurar a importância das instituições assumirem a responsabilidade perante a causa ambiental. “Sem meio ambiente não existem instituição, economia, nada. Todas deviam ter essa agenda como o mínimo a seguir”, pontuou.

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