De zoológico dos EUA a gente famosa, quem patrocina a conservação do Pantanal?
Apoiadores de instituições e ONGs que trabalham pela preservação do bioma entram na agenda ESG

Diversas instituições e ONGs (Organizações Não Governamentais) trabalham pela conservação do Pantanal sul-mato-grossense. Elas não estão sozinhas e precisam da ajuda de empresas privadas para manter programas de preservação de espécies, de nascentes de rios, educação ambiental, combate ao fogo, entre tantos outros importantes.
O presidente do IHP (Instituto Homem Pantaneiro), Ângelo Rabelo, explica que as iniciativas de conservação no bioma exigem diferentes esforços.
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“A logística, os ciclos do Pantanal, são vários fatores que influenciam no bioma e que mudam a dinâmica de ações que são necessárias. Hoje, por exemplo, são várias iniciativas privadas que garantem parcerias estratégicas para o IHP manter medidas de conservação e de desenvolvimento sustentável para o território do Alto Pantanal. A agenda ESG é uma condição urgente do setor privado, um compromisso com o planeta e a sociedade", considerou.
Ele que defende o conceito de produtores de natureza conta com parceiros, patrocinadores e apoio institucional. Dentre as empresas que apostam no trabalho do instituto estão a Chevrolet/General Motors, Isa Cteep, Um grau e Meio, BR PEC, Farm, 5P, Aegea, J&F Mineração, UCDB e MS Ambiental.
Com os resultados apresentados ao longo dos anos, é muito comum que os doadores façam a manutenção do patrocínio e até mesmo a ampliação das doações.
Há dez anos, a campanha “Adote um Ninho” do Instituto Arara Azul tem como padrinho o diretor do filme “Rio”, Carlos Saldanha. Ele está desde o primeiro ano do projeto que viabiliza a continuidade do projeto de pesquisa da ave no Pantanal que é responsável pela continuidade da espécie em meio à ameaça de extinção.
Neste ano, ajudaram apadrinhando a atriz Maitê Proença, a irmã do piloto Ayrton Senna, Viviane Senna, o ator Victor Fasano, a ambientalista Teresa Bracher e a ornitóloga e conservacionista reconhecida mundialmente, Rosemary Low. Dentre tantos outros que acreditam na importância da preservação da espécie.
Diretora-executiva do Instituto Arara Azul, Eliza Mense afirma que há uma série de possibilidades de ajuda. “Temos uma forma de patrocínio bem definida para pessoa física e jurídica. Existem várias formas de apoiar o instituto, classificados dependendo da faixa das doações. Cada categoria tem um bônus para a empresa ou pessoa envolvida com a responsabilidade ambiental. Apresentamos resultados positivos há 33 anos. Ser um apoiador é fundamental para continuidade do trabalho”.
Essas instituições são também fundamentais para a realização de pesquisas que auxiliam na existência da biodiversidade. Por isso, uma rede apoio internacional faz com que o trabalho de cientistas que estão monitorando espécies que só têm no Pantanal e no Brasil consiga se manter em campo.
O Projeto Tatu-Canastra, por exemplo, existe com 80% dos recursos financeiros oriundos de zoológicos, principalmente dos Estados Unidos e da Europa. Eles não são apenas financiadores, mas também fornecem capacitações para os membros da equipe, conhecimento de protocolo anestésicos, material para educação ambiental, ou seja, ajudam de diversas formas com o objetivo de promover a conservação de espécies ameaçadas e a coexistência entre as pessoas e a fauna silvestre.
Para o fundador e presidente do ICAS (Instituto de Conservação de Animais Silvestres) onde o projeto é realizado, Arnaud Desbiez, essa ajuda é absolutamente indispensável para as ações que o instituto realiza em diversos biomas brasileiro.

Outro grande incentivador de pesquisa são os pantaneiros raízes. O projeto Tatu-canastra só existe graças ao apoio do Hotel Fazenda Baía das Pedras. “A unidade se envolve diretamente com os estudos dos pesquisadores deste 2010, fornecendo alojamento e comida para nossos pesquisadores. No início, eles disponibilizaram até alguns funcionários para trabalhar com a gente no campo e que nos ajudaram a conhecer as áreas ao redor e descobrir onde existia o tatu-canastra. Foi um apoio logístico fundamental para que pudéssemos iniciar o trabalho de conservação do tatu-canastra, o maior de todos os tatus do mundo, e até hoje eles são grandes parceiros”, enfatiza.
São 13 anos de construção de uma relação de amizade e respeito mútuo com os proprietários e seus filhos. “Com eles nós aprendemos a conhecer o Pantanal e a cultura pantaneira, onde seguimos desenvolvendo ações conjuntas que beneficiam a todos, como a criação da Brigada Comunitária da Nhecolândia, que começou com o ICAS, IPE (Instituto de Pesquisas Ecológicas) e a Fazenda Baía das Pedras, e que hoje conta com um coletivo de 22 propriedades rurais que estão treinadas e equipadas para proteger cerca de 16 mil quilômetros de Pantanal”, pontuou.
Essa é uma prática comum entre os proprietários que reconheceram a importância de fazer parcerias para ‘manter o bioma em pé’. A Fazenda Caiman, por exemplo, é sede de vários pontos de pesquisa. Em contrapartida, a permanência da biodiversidade preservada faz com que milhares de turistas do mundo todo reconheçam no local um lugar certeiro para fazer um safári e encontrar uma onça-pintada por exemplo.
Um dos projetos com base na propriedade é o Onçafari, que conta com patrocinadores grandes como Carrefour, Bank of América, Defender (Land Rover), Nike, Bushnell, North face, Goodyear, Gol. Além disso, o jogador da Seleção Brasileira, Richarlisson, adotou uma onça, que recebeu o nome de Acerola.

Para o diretor do Instituto SOS Pantanal, Gustavo Figueiroa, não há como mensurar a importância das instituições assumirem a responsabilidade perante a causa ambiental. “Sem meio ambiente não existem instituição, economia, nada. Todas deviam ter essa agenda como o mínimo a seguir”, pontuou.
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