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Meio Ambiente

Desde 2024, laudos apontam irregularidades em barragem do antigo Clube Atlântico

Agora, Ministério Publico instaurou inquérito para ver se medidas solicitadas em fevereiro foram cumpridas

Por Ângela Kempfer e Ketlen Gomes | 17/09/2025 13:59
Desde 2024, laudos apontam irregularidades em barragem do antigo Clube Atlântico
Equipe durante levantamento feito no lago em 2025 (Foto: Reprodução Laudo)

Com base em recente laudo técnico e posteriores determinações do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), a 26ª Promotoria de Justiça do Meio Ambiente abriu Inquérito Civil para investigar medidas adotadas para resolver irregularidades envolvendo a Barragem do Lago Atlântico, em Campo Grande.

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Laudos técnicos emitidos desde 2024 apontam graves problemas estruturais na barragem do Clube de Campo Atlântico, em Campo Grande. O mais recente, elaborado em agosto de 2025 pelo CEIPPAM e CESAMUEMS, destaca erosões, falhas na drenagem e falta de manutenção preventiva. A estrutura, que opera sem licenciamento ambiental, apresenta alto risco de rompimento segundo a Agência Nacional de Águas. Moradores próximos, preocupados com a segurança de cerca de 100 pessoas, realizaram protestos exigindo providências. O Ministério Público acompanha o caso e busca medidas corretivas imediatas.

Em fevereiro, laudo apontou fragilidades na barragem da barragem situada dentro da área particular sob responsabilidade da Incorporadora Atlântico Ltda. O estudo apresentado pelo CEIPPAM (Centro de Ensino, Pesquisa e Projetos em Agricultura e Meio Ambiente), em parceria com o CESAMUEMS (Centro de Estudos e Pesquisas em Meio Ambiente da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), mostrou deficiências no sistema de drenagem, acúmulo de água e vegetação nos taludes e no vertedouro, o que compromete a estabilidade e dificulta inspeções.

A Defesa Civil então avaliou que não havia perigo imediato, mas registrou alagamentos em vias de acesso durante chuvas. Por isso, o Imasul multou a Incorporadora Atlântico Ltda. ME, responsável pela represa, por ausência de regularização hídrica, e determinou prazo de 30 dias para regularização e 15 dias para manutenções, o que o MPMS quer agora verificar se foi cumprido.

O documento foi elaborado a pedido do Imasul, após manifestação de moradores e cobranças feitas pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).

Desde 2024, laudos apontam irregularidades em barragem do antigo Clube Atlântico
Água está empoçando na crista do barramento porque o sistema de drenagem não funciona (Fot: reprodução do laudo)

Neste ano, grupo chegou a realizar um protesto para chamar atenção das autoridades sobre o risco de rompimento da barragem e a situação precária das vias que  levam às propriedades rurais e áreas de moradia.

Entre os problemas relatados pelos laudos de 2025 estão erosões nas margens, ausência de manutenção preventiva adequada e falhas na drenagem. O laudo ressaltou que a falta de obras de reforço aumenta o risco de rompimento parcial ou total da barragem, o que poderia atingir áreas vizinhas com alagamentos e causar danos ambientais.

O parecer reforçou as conclusões já apresentadas em setembro de 2024, quando um laudo técnico do Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) havia constatado problemas semelhantes. Na época, o relatório também apontava infiltrações, desgaste de taludes e necessidade urgente de obras corretivas. Embora algumas medidas paliativas tenham sido adotadas desde então, os técnicos afirmam que a barragem ainda demanda intervenções estruturais permanentes.

Segundo o CEIPPAM e o CESAMUEMS, a avaliação de 2025 foi feita com base em inspeções visuais e análise de dados anteriores. Os especialistas reiteraram que, sem reparos definitivos, os riscos permanecem. Já o Imasul, responsável pela fiscalização, usou o laudo como subsídio para definir as medidas administrativas e legais adotadas na sequência.

Em julho, Relatório de Segurança de Barragens 2024-2025, divulgado pela ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico), também identificou risco na barragem, junto de outras sete em Mato Grosso do Sul com classificação de risco alto e dano potencial associado também alto. Segundo o levantamento, todas reúnem tanto a alta probabilidade de acidentes quanto a capacidade de causar grandes danos em caso de rompimento.

Todos os procedimentos ganharam maior atenção depois de agosto de 2024, quando a represa do loteamento de luxo Nasa Park, em Jaraguari, se rompeu e interditou a BR-163. Na ocasião, o Corpo de Bombeiros constatou que o local não possuía certificado de vistoria, e o Imasul determinou a elaboração de um Prada (Plano de Recuperação de Área Degradada).

A reportagem tentou contato com o proprietário da Incorporadora e do Clube Atlântico, Jorge Marcio Ignácio Nigres, que informou estar em viagem e, por isso, não pôde se manifestar. Atualmente, o clube permanece fechado.

Desde 2024, laudos apontam irregularidades em barragem do antigo Clube Atlântico
O canal que deveria escoar o excesso de água está obstruído por vegetação (Foto: Reprodução do laudo)