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Meio Ambiente

Dourado está para os rios como onça para o Pantanal, compara pesquisador

Professor fala sobre a importância da preservação do dourado

Osvaldo Júnior | 08/06/2017 15:37
Dourado, considerado o troféu das águas doces (Foto: Divulgação)
Dourado, considerado o troféu das águas doces (Foto: Divulgação)
Professor e doutor em Ciências Biológicas Thomaz Lipparelli (Foto: Arquivo pessoal)
Professor e doutor em Ciências Biológicas Thomaz Lipparelli (Foto: Arquivo pessoal)

A preservação do dourado está para os rios assim como a preservação da onça pintada está para o Pantanal. A comparação é do professor universitário e doutor em Ciências Biológicas Thomaz Lipparelli.

Além de ser considerado o troféu da pescaria em águas doces, o dourado é também predador de suma importância para a estabilidade do meio ambiente, conforme o pesquisador. As declarações dele vêm depois de a Assembleia Legislativa reprovar projeto que previa a proibição da pesca da espécie.

“Quanto mais predadores mais estável fica o meio ambiente”, afirma. Lipparelli explica que a presença de predadores regula a oferta de alimentos em um ecossistema. Eles funcionam como selecionadores naturais, matando os indivíduos mais fracos.

“O dourado é um predador de topo da cadeia. É como a onça pintada em relação ao Pantanal”, comparou o biólogo, detalhando que não haveria como existir a mesma fauna pantaneira sem a presença da onça.

Lipparelli informou que não existem estudos sobre o estoque do dourado nos rios brasileiros. Mas há indicadores técnicos da retração da espécie em quantidade e tamanho, segundo o professor.

De modo didático, ele explicou que existem dois tipos de indicadores: o de sobrepesca de recrutamento e o de sobrepesca de crescimento. Isso significa que são capturados menos dourados e esses peixes são, atualmente, menores que há alguns anos. “Isso é visível. Os próprios pescadores comentam. Eles já não pegam esse peixe como antes e quando pescam, são muito menores”, disse.

Para dimensionar essa retração, Lipparelli compara a situação do Brasil com a da Argentina, onde a captura do dourado só é permitida no sistema pesque e solte. “Em Corrientes [norte da Argentina], é possível pescar dourado de 40 quilos. Aqui no Brasil chega, no máximo, a oito quilos”, exemplificou.

O especialista acrescentou que, no Brasil, há leis que proíbem a pesca da espécie em Minas Gerais, Goiás e Amazonas. “Em Mato Grosso, há projeto. Eles esperavam pela aprovação aqui em Mato Grosso do Sul para aprovarem lá também. Estavam confiantes que o projeto que proíbe a pesca do dourado seria aprovado aqui”, disse, lamentando o arquivamento pela Assembleia Legislativa.

Monitoramento – Lipparelli coordena o “Projeto Dourado”, iniciativa, em Mato Grosso do Sul, da Prefeitura de Corumbá. Segundo o pesquisador, o projeto, que também é desenvolvido no rio São Francisco sob sua coordenação, será levado para Minas Gerais.

De acordo com o professor, a proposta é desenvolver estudo de monitoramento da população do peixe dourado em rios brasileiros. Ele não adiantou detalhes, mas informou que o projeto será apresentado nesta sexta-feira (dia 9) em Corumbá. “É algo inédito no País”, finalizou.

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