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Meio Ambiente

Doutora em jacarés estima que açude seco concentre mais de 4 mil animais

Zilca Campos, que há três décadas pesquisa o tema, esteve em fazenda onde foi feito vídeo impressionante

Marta Ferreira | 19/11/2020 17:09
Parte dos animais se enterra na lama para tentar sobreviver. (Foto: Zilca Campos)
Parte dos animais se enterra na lama para tentar sobreviver. (Foto: Zilca Campos)

Bem chocante. Foi assim que a pesquisadora da Embrapa Zilca Barros definiu a situação encontrada na fazenda Palmeirinha, na região da Nhecolândia, no Pantanal sul-mato-grossense, onde jacarés se amontoam em açude quase sem água, reflexo da pior seca em décadas na região.  A situação aumenta  a mortalidade de jacarés.

Doutora em Ecologia, Zilca estuda os animais há três décadas e foi ver a situação de perto após a divulgação de vídeo no lugar, feito no dia 15 de novembro. Para sobreviver, os bichos se juntam o máximo possível, por precisar da água para controlar a temperatura do corpo. Nessa luta, parte deles morre. São milhares concentrados, identificou a doutora.

 São muitos jacarés, em torno 4 a 5 mil reunidos no mesmo açude, o qual se encontra quase seco”, estima a pesquisadora.

Diante da cena desesperadora, ofertar água é a única solução de momento. Segundo Zilca, isso já está sendo feito e essa orientação foi mantida ao proprietário da fazenda, como forma de evitar mais mortes de jacarés.

 Entenda - A explicação dada por ela para a imagem impressionante, que viralizou na internet,  remonta aos ensinamentos mais básicos sobre a natureza animal.

Os jacarés se enterram na lama do açude, mas o aquecimento das águas causa a morte”, traduz.

Segundo Zilca, ainda que com mortes registradas essa é a única chance de sobrevivência. “Os proprietários podem ajudar ofertando água nos açudes que estão secos para os jacarés possam ocupar essas áreas”, reforça.

Essa não é uma cena incomum, mas segundo a pesquisadora, as inundações têm diminuído e os ambientes aquáticos têm secado. O reflexo é direto: aumenta a mortalidade de jacarés.

Jacaré-do-Pantanal come porco-do-mato durante período de seca, em registro de ano anterior a 2020 feito pela pesquisadora na região Nhumirim. (Foto: Divulgação)
Jacaré-do-Pantanal come porco-do-mato durante período de seca, em registro de ano anterior a 2020 feito pela pesquisadora na região Nhumirim. (Foto: Divulgação)

Ela faz o alerta de que os animais podem também se refugiar na mata, além de enterrar-se na lama na lama para resistir ao período mais seco. Eles atacam outros animais para se alimentar, situação verificada em estudo anterior conduzido pela pesquisadora.

Experiência - Zilca Campos estuda o tema desde que se formou na graduação, há 30 anos.

Em estudo realizado na década de 2000, a população de jacarés identificada na região era de 3 milhões de adultos em anos de grandes cheias, entre as décadas de 80 a 90.

 A Nhecolândia, onde fica a fazenda Palmeirinha, está a distância de cinco horas da base da Embrapa na região do Nhumirim, onde Zilca trabalha. Ela parou o que fazia depois da divulgação do vídeo para ir ver de perto a situação.

Ficou combinado que vai retornar em dezembro, para nova análise e coleta de dados para pesquisas sobre os jacarés, que contribuem para conhecer o animal e ajudar na preservação do bioma.

Animal morto na região do Nhumirim, que foi alvo de pesquisa da doutora Zilca Campos. (Foto: Divulgação)
Animal morto na região do Nhumirim, que foi alvo de pesquisa da doutora Zilca Campos. (Foto: Divulgação)


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