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Meio Ambiente

Em ano de queimada recorde, MS expande agricultura de baixo carbono

Mais de 20% do Pantanal foi consumida pelo fogo em 2020

Tainá Jara | 03/11/2020 16:23
Integração pecuária e plantio de floresta de eucalipto (Foto: Divulgação/Governo do Estado)
Integração pecuária e plantio de floresta de eucalipto (Foto: Divulgação/Governo do Estado)

Em ano de incêndio recorde no Pantanal, Mato Grosso do Sul foi o estado que mais expandiu área com a adoção de práticas agrícolas de baixa emissão de carbono. O aumento dos pedidos de financiamento foi registrado entre julho e setembro de 2020, justamente quando a queimadas se intensificavam no bioma que teve quase 20%  dos 2,3 milhões de hectares consumidos pelo fogo desde o início do ano.

De acordo com o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), os financiamentos pelo Programa ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) atingiram 167 mil hectares a partir de R$ 163,9 milhões em recursos contratados.

Os dados do Depros (Departamento de Produção Sustentável e Irrigação), com base no sistema Sicor do Banco Central, avaliaram o impacto da contratação de financiamento dentro do Programa ABC no primeiro trimestre do atual ano-safra.

No período, as operações brasileiras totalizaram R$1,068 bilhão, aumento de 36,8% em relação a julho-setembro de 2019. O número de contratos também cresceu, de 796 para 1.202 (51%). O aumento é consequência da ampliação em R$ 400 milhões do recurso para o programa dentro do Plano Safra 2020-2021, que soma R$ 2,5 bilhões.

Titular da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), o secretário Jaime Verruck destaca que o estímulo do Governo Federal à agricultura de baixo carbono está bastante alinhado com o programa Carbono Neutro do Governo do Estado.

“Também temos financiamento do FCO Verde que contribui para a utilização de técnicas de baixo carbono e isso mostra que o produtor está muito consciente das práticas que deve adotar em termos de ILPF. O Brasil vem mostrando que sua agricultura é capaz de diminuir a emissão de carbono, através das tecnologias definidas e que a gente começa a consolidar o processo. Fundamental que o Mapa tenha linhas de crédito, como tem disponibilizado para consolidar o Código Florestal Brasileiro, como tem metodologia e pesquisa para avançar”, afirma.

Fogo no Pantanal sul-mato-grossense (Foto: Divulgação/Prevfogo)
Fogo no Pantanal sul-mato-grossense (Foto: Divulgação/Prevfogo)

O aumento dos esforços dos produtores rurais para aderir a métodos de produção mais limpos ocorre em contexto de ameaças de fechamento de mercado devido aos incêndios de grandes proporções registrados no Pantanal e na Amazônia Brasileira, neste ano.

De acordo com cientistas, os incêndios florestais liberam uma quantidade significativa de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa. Isso torna a Terra mais quente e, por sua vez, as florestas mais secas, aumentando a probabilidade de incêndios florestais.

De acordo com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), os gases emitidos pela agropecuária como metano, óxido nitroso e dióxido de carbono, conhecidos como GEE (Gases de Efeito Estufa), contribuem com mudanças climáticas que podem impactar o futuro das áreas produtivas. Porém, medidas como a ILP (Integração Lavoura Pecuária) estão entre as formas de reverter esse quadro.

Crescimento nacional - Ainda conforme o levantamento do Mapa sobre o Programa ABC, o Centro-Oeste lidera em valor contratado e área financiada, com R$ 361,6 milhões em uma área superior a 271,4 mil hectares (área maior do que foi financiado em todo o Brasil no mesmo período do ano-safra anterior).

Os produtores rurais de Mato Grosso foram os que mais buscaram o financiamento, seguido de Minas Gerais (R$ 156,3 milhões) e Goiás (R$ 116,5 milhões). Quanto à área financiada, depois de Mato Grosso do Sul aparece o Mato Grosso (66,8 mil ha) e Minas Gerais (46,1 mil ha).

O Programa ABC também oferta a linha de financiamento ABC Ambiental para que o produtor rural possa se adequar ao Código Florestal, por meio da recuperação de reserva legal, áreas de preservação permanente, recuperação de áreas degradadas e implantação e melhoramento de planos de manejo florestal sustentável.

Desde julho, os produtores podem financiar a aquisição de cotas de reserva ambiental, medida aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (ABC Ambiental - Resolução CMN n° 4.105 de 28/6/2012). Os financiamentos para recomposição de reserva legal têm taxa de juros de 4,5% ao ano, menor taxa empresarial do Plano Safra.

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