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Meio Ambiente

PMA utiliza fotos e vídeos para provar que caçadas de jacarés eram prática comum

Assista o vídeo feito pelos policiais na fazenda:

Ana Maria Assis | 25/01/2011 10:29
Fotografia enviada em denúncia anônima mostra porco do mato e cervo além da camionete usada na caçada dos jacarés.
Fotografia enviada em denúncia anônima mostra porco do mato e cervo além da camionete usada na caçada dos jacarés.

Na manhã de hoje o Major Carlos Barbosa, da PMA (Polícia Militar Ambiental) mostrou ao Campo Grande News as primeiras imagens que haviam chegado por e-mail denunciando “caçadas” promovidas na fazenda Santa Emília, em Aquidauana, que acabaram flagradas no sábado (22). As fotografias foram tiradas no final do ano passado e mostram que além de jacarés, diversos animais eram mortos pelas espingardas dos caçadores, como porco do mato, capivaras e cervos.

As imagens também são elementos da investigação, que pode apontar que há meses o dono da fazenda organizava grupos de caça e, ainda, recebia visitantes no local como hóspedes da pousada.

O denunciante é anônimo, por isso as imagens não foram divulgadas pela PMA, para evitar o reconhecimento do autor. Uma das fotografias tiradas pelos policiais no dia em que flagraram cinco jacarés sendo “carneados”, mostra o restaurante da fazenda, que tinha várias mesas com toalhas e famílias comendo, imagem próxima à de uma estrutura montada para servir em pousadas.

No entanto, o proprietário da fazenda Santa Emília, o pecuarista Ugo Furlan, 69 anos, nega que a fazenda funcione como pousada e também que organizava as caçadas ou que a prática era comum.

Furlan chegou a ser preso, mas foi solto em seguida após pagamento de fiança. Ele pagou também multa, de R$ 55 mil, por não ter licenciamento para a fazenda funcionar como pousada, mesmo contestando que usava assim a propriedade.

Embora Furlan diga que “foi a primeira vez que isso aconteceu”, e que não sabia de nada, os policiais ambientais que foram até a fazenda, também gravaram diversos vídeos do local.

É possível identificar nas imagens, por exemplo, restos de animais por toda volta da sede da fazenda. Carcaças, animais em decomposição, e até um jacaré que acabou de ser morto e teve o rabo cortado ficam expostos a céu aberto jogados na grama em torno da casa.

Major Barbosa mostra primeiras fotografias que denunciaram caça na Fazenda Santa Emília. (Foto: João Garrigó)
Major Barbosa mostra primeiras fotografias que denunciaram caça na Fazenda Santa Emília. (Foto: João Garrigó)

Prisões pela caça- Nas camionetes dos supostos caçadores, foram encontradas e apreendidos três espingardas e um revólver, todos de calibre 22, que conforme o major “é um dos capazes de matar um jacaré”.

Pelo flagrante do crime ambiental, foram presos Ugo Furlan, proprietário da fazenda e apontado como organizador das caçadas; Luiz Carlos de Oliveira, Givaldo dos Santos e Eder Alves pinto, todos residentes em Campo Grande, e Edson Antonio Furlan Possari, morador de Adamantina-SP.

As três camionetes usadas na atividade também estão apreendidas. Um dos veículos, onde estava os jacarés “carneados”, já aparecia na primeira fotografia que denunciava a caça, enviada por anônimo no ano passado.

O major explicou que pelo estado dos restos de animais, é possível constatar que a prática era comum e que alguns foram mortos há três meses ou mais, no entanto ele acredita que a atividade é desenvolvida na fazenda há menos de um ano. Sobre a comercialização da atividade, ele esclarece que ainda não há como saber se as pessoas realmente pagavam, e quanto pagavam, para frequentar o local e se os grupos de caça também tinham intenção lucrativa, de venda ou cobrança de taxa pela participação de cada caçador.

Cada um dos cinco “caçadores” presos no sábado teve de pagar multa administrativa de R$ 2,5 mil pela caça dos animais silvestres, perfazendo um total de R$ 12,5 mil.

Já Furlan, também responderá por manter atividade potencialmente poluidora sem autorização ambiental, no caso, a pousada. A pena é de três meses a um ano de detenção. O major afirmou que mesmo que ele diga que não sabia, apenas o funcionário, por ser dono da fazenda ele é co-responsável pelo que acontecia no local.

Conforme o major Barbosa, todas as fotografias, enviadas pelo denunciante anônimo e tiradas pelos policiais no dia do flagrante, além dos vídeos que mostram a quantidade de restos de animais, serão utilizados na investigação do caso. Ele disponibilizou um dos vídeos para o Campo Grande News, mas alguns a PMA vai preservar para não atrapalhar as investigações.

A fazenda Santa Emília já foi conhecida como “Pousada Araraúna”, e já pertenceu ao empresário Pedro Chaves, ex-proprietário da Uniderp. O local, inclusive, já serviu para pesquisas relacionadas à fauna pantaneira, contando, na época, com um criadouro de jacarés e diversos quartos para estadia dos pesquisadores.

Vídeo gravado pelos policiais no sábado, durante flagrante de caça, mostra os jacarés na mesma camionete que foi fotografada em denúncia anônima no ano passado.

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