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Meio Ambiente

Mesmo com Carnaval, cheia de rios atrapalha volta da pesca após piracema

Carnaval e novas regras pouco afetaram a procura em cidades onde turismo da pesca fica forte a partir de agosto.

Tatiana Marin | 02/03/2019 11:47
Pesca de pacu em pousada no distrito de Albuquerque em Corumbá (Foto:Divulgação)
Pesca de pacu em pousada no distrito de Albuquerque em Corumbá (Foto:Divulgação)

A Piracema acabou e o período liberado para a pesca começou na sexta-feira (1), coincidindo com o final de semana e feriado de Carnaval. Em contrapartida, está em vigor o Decreto nº 15.166 que estabelece novas regras para a atividade. Mas o feriadão para muito gente pouco interferiu no movimento de turistas em busca de peixe

Corumbá e Porto Murtinho, os destinos preferidos dos pescadores no Mato Grosso do Sul, permanecem procurados. Já em Miranda e Coxim o movimento está mais fraco este ano, dizem donos de pousadas.

A alta temporada da pesca acontece nos meses de agosto, setembro e outubro, na estiagem. As cheias atrapalham a atividade e as últimas chuvas elevaram o nível dos rios, fazendo também com que as águas fiquem barrentas. Ainda assim, alguns destinos seguem com boa procura.

Corumbá - Na beira do rio Paraguai a cidade que fica a 419 quilômetros de Campo Grande é uma das mais procuradas para a prática de pesca amadora ou esportiva. Com seus barcos hotéis, turistas de todo o Brasil reservam os serviços.

Barco-hotel no Rio Paraguai. (Foto: Divulgação)
Barco-hotel no Rio Paraguai. (Foto: Divulgação)

Segundo Danilo Esteves, proprietário do Igaratá Turismo Barco Hotel, após a definição do novo regramento as procuras aumentaram cerca de 40%. Ele conta que o aumento no movimento não tem relação com o Carnaval

Já, para o Barco Hotel Kayamã, a agenda do ano já está fechada. Segundo a funcionária Cristiane Balbuena, no ano passado os turistas já eram alertados da possibilidade da cota zero. “Até o momento não teve cancelamento, a maioria já vem com esse intuito do pesque e solte. Já fizemos 5 viagens nesta modalidade”, afirma. “Eles (os pescadores) concordam com a cota zero, percebem que vem diminuindo a quantidade de peixe nos rios”, adiciona.

Pescadores em rio do Mato Grosso do Sul. (Foto: Arquivo)
Pescadores em rio do Mato Grosso do Sul. (Foto: Arquivo)

Porto Murtinho - Quem quer pescar nos rios Perdido, Apa, Paraguai, Nabileque, Naitaca, Aquidabã, Tereré e Amonguijá se dirige ao município no sudoeste do Estado, 431 quilômetros distante da Capital. Porto Murtinho recebe turistas nestes dias tanto para pesca como para descanso.

Na Pousada Pantaneira Foz do Rio Apa, o movimento de pescadores começa mesmo na semana seguinte a do Carnaval e observa um início de temporada melhor que em 2018. “Ano passado fomos ter cliente só em abril”, relata Tiara Oliveira, sócia proprietária da pousada.

Ela conta que muitos hóspedes reclamaram do decreto e até já avisaram que vão mudar o destino. “Estão revendo e preferindo o Mato Grosso”, afirma. Por outro lado, Tiara também tem clientes a favor da redução. “Eles acham que é o único jeito de repovoar os rios do Pantanal”. Segundo ela, ainda não é possível saber se as novas regras vão interferir na sua atividade.

Procura semelhante à do ano passado é relatada por Marco Aurélio Nunes, proprietário da Pousada do Pescador. Nossa venda é antecipada e tivemos cerca de 20% cancelamentos por causa do decreto, mesmo vindo pra 5 kg. Mas por enquanto não sentimos muito, vamos ver ano que vem”, avalia. Ainda, ele conta que os casais que a pousada vai receber para a época do Carnaval vem apenas para descansar.

Coxim, à beira do rio Taquari. (Foto: Arquivo)
Coxim, à beira do rio Taquari. (Foto: Arquivo)

Coxim - O rio Taquari, um dos mais visitados na cidade que fica 260 quilômetros ao norte de Campo Grande, já teve épocas melhores. É o que dizem os proprietários de hotéis e pousadas de Coxim. Outros rios Coxim, Piquiri e Jauro são outros da região.

Natália Neves, proprietária do Hotel Pintado Azul, diz que para o feriado não há reservas de pescadores, somente hóspedes em busca de lazer e o movimento ainda está fraco. Mas ela vem percebendo o desinteresse dos pescadores há algum tempo. “Há 3 anos vem caindo o número de pescadores a cada ano. Os turistas falam que não pegam mais tanto peixe, como antigamente. Não compensa”, explica.

No Pesqueiro Pousada Rancho da Serra, o proprietário Marcelo Floriano, diz que este ano o movimento está menor na abertura do período de pesca. “Normalmente nesta época fico com 50% da capacidade, hoje estou com 30% de ocupação”, detalha ele.

“As notícias que a pesca ia fechar, criou-se expectativa, mas até agora nada de concreto. Também, rio tá cheio, o pessoal deixa para pescar no segundo semestre”, completa. Marcelo também relata os comentários dos clientes. “Eles reclamam falta de peixe e assoreamento, já foi bom, mas os peixes sumiram”, alerta.

Miranda - Pedaço do Pantanal mais próximo de Campo Grande, a 201 quilômetros, a cidade conta com o rio de mesmo nome, além do Aquidauana e Salobra. Mas também é afetada pela baixa procura.

No ramo do turismo há 45 anos, Fátima Cordella é proprietária da pousada Águas do Pantanal, em Miranda. Ela cita a crise como o motivo que afugenta os pescadores da região. “O movimento não está grande, mas não tem a ver com o decreto”, garante.

“Aqui tem bastante pesca esportiva, mesmo quando podia levar o pescado. Os turistas estão sabendo (da situação), eles acham que é melhor (a diminuição da cota). Quem vem pescar por amor e distração não está preocupado em levar peixe para pagar a viagem”, pontua.

Rio Miranda. (Foto: Arquivo/Divulgação)
Rio Miranda. (Foto: Arquivo/Divulgação)
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