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Meio Ambiente

MS preserva só 25% do Cerrado e está entre os que menos conservam o bioma

Crescimento da agricultura, principalmente da soja, é apontado como um dos fatores para a redução do bioma.

Por Silvia Frias | 01/10/2025 06:59
MS preserva só 25% do Cerrado e está entre os que menos conservam o bioma
Área nativa de Cerrado é vista cada vez menor em MS (Foto/Arquivo)

Mato Grosso do Sul tem hoje apenas 25% do Cerrado ainda coberto por vegetação nativa. O percentual coloca o Estado entre os que menos preservam o bioma no país. Os dados são do MapBiomas, que lançou nesta quarta-feira (1º) levantamento sobre cobertura e uso da terra no Brasil entre 1985 e 2024.

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O Cerrado em Mato Grosso do Sul mantém apenas 25% de sua vegetação nativa, colocando o estado entre os que menos preservam o bioma no Brasil. Segundo dados do MapBiomas, em quatro décadas, o território sul-mato-grossense perdeu 5,2 milhões de hectares de vegetação original, enquanto a área de pastagens aumentou de 36% para 44%. No cenário nacional, o Cerrado perdeu 40,5 milhões de hectares de vegetação nativa entre 1985 e 2024, equivalente a 28% da cobertura original. A região do Matopiba concentra metade da vegetação remanescente, com a agricultura apresentando crescimento de 533% no período, impulsionada principalmente pelo cultivo de soja.

Há quatro décadas, o território sul-mato-grossense tinha 10,7 milhões de hectares de vegetação nativa. Atualmente, restam 5,5 milhões, uma perda de 5,2 milhões de hectares no período. Isso significa quase metade da cobertura original do Cerrado no Estado. No mesmo intervalo, a área ocupada por pastagens passou de 36% para 44% do bioma dentro de Mato Grosso do Sul.

"O Cerrado vem sendo transformado em ritmo acelerado nas últimas quatro décadas. Com maior supressão da vegetação nativa entre 1985 e 1995 e depois nas décadas seguintes, a agricultura se expandiu e se intensificou, consolidando-se como região central da produção agrícola do país, principalmente de grãos", explica a analista de pesquisa do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), Bárbara Costa, integrante da equipe do Cerrado do MapBiomas.

MS preserva só 25% do Cerrado e está entre os que menos conservam o bioma

O quadro se repete no restante do país. O Cerrado, segundo maior bioma brasileiro e presente em 23,3% do território nacional, perdeu 40,5 milhões de hectares de vegetação nativa entre 1985 e 2024, o equivalente a 28% da cobertura original. Para efeito de comparação, é uma área 1,4 vezes maior que todo o estado da Bahia.

Hoje, 47,9% do Cerrado já está ocupado por atividades humanas, enquanto 51,2% ainda resistem com cobertura nativa. A maior pressão está na região conhecida como Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), que concentra metade da vegetação remanescente e respondeu por 39% de toda a perda líquida desde 1985.

Segundo o estudo, a formação savânica foi a mais afetada, com queda de 32% em quatro décadas. Ao mesmo tempo, a agricultura foi a atividade que mais avançou: cresceu 533% desde 1985, puxada principalmente pela soja, que hoje tem quase metade da área plantada no Cerrado.

MS preserva só 25% do Cerrado e está entre os que menos conservam o bioma

A agricultura, proporcionalmente, foi o uso da terra que mais se expandiu, com um aumento de 533% (+22,1 milhões de hectares) desde 1985. As lavouras temporárias sozinhas aumentaram 21,6 milhões de hectares, ocupando agora 25,6 milhões de hectares do Cerrado. Quase metade (49%) da área de cultivo de soja do Brasil está localizada no Cerrado em 2024.

Territórios indígenas (97%), áreas militares (95%) e unidades de conservação (94%) apresentam os maiores percentuais de vegetação nativa no Cerrado. Em contraste, terras sem registro fundiário (49%), imóveis rurais (45%) e áreas urbanas (7%) têm menos da metade de vegetação nativa.

Outro impacto aparece nos recursos hídricos: em 40 anos, a superfície de água natural do Cerrado encolheu 27,8%, apesar da expansão de hidrelétricas, reservatórios e áreas de aquicultura.

“Considerando que mais da metade do bioma está em imóveis rurais, é fundamental promover incentivos e políticas públicas que conciliem produção, conservação e recuperação da vegetação nativa. Só assim será possível garantir a segurança hídrica, alimentar e climática do Brasil”, afirmou a diretora de ciência do Ipam, Ane Alencar, coordenadora das equipes do Cerrado e Fogo no MapBiomas.

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