Por que sempre alaga nos mesmos bairros? Estudo técnico de 2020 explica
Levantamento geotécnico aponta pontos da cidade com alta suscetibilidade à inundação

A onda de chuvas que atinge Campo Grande reacendeu uma discussão antiga: quais áreas da cidade têm maior risco natural de alagamentos? A resposta não é nova. A Carta Geotécnica de Campo Grande, atualizada pela Prefeitura em 2020, já mapeava com precisão os pontos mais vulneráveis. O estudo pode ser consultado clicando aqui.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
Um estudo da Prefeitura de Campo Grande, atualizado em 2020, já identificava as áreas mais críticas de alagamento na cidade. A Carta Geotécnica, elaborada por especialistas, apontou regiões próximas a córregos como Imbirussu, Lagoa, Gameleira e Três Barras como as mais vulneráveis, devido ao solo argiloso e relevo plano. Bairros como Buriti, Tijuca, Jardim Centenário e Mata do Jacinto estão entre os mais afetados. O documento serve como diretriz para o planejamento urbano, mas exige verificações locais antes de obras. A gestão municipal não se manifestou sobre a atualização do estudo.
O estudo técnico foi elaborado pela empresa Hidrosul Ambiental Serviços Geológicos Ltda – EPP, contratada pela administração municipal, com coordenação do geólogo Flávio de Paula e Silva e do geólogo Márcio Costa Alberto, que assinam o produto como consultores.
Também fizeram parte da equipe o geólogo Milton Medeiros Saratt, coordenador administrativo do projeto, e um grupo multidisciplinar de engenheiros, arquitetos, geógrafos e biólogos da Hidrosul. A atualização foi acompanhada pela Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano) e pela Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana), sob contrato firmado em 2019.
- Leia Também
- Com alerta de temporal, chuva volta a Campo Grande pelo terceiro dia seguido
- Fim de semana será de chuva forte e ventos intensos em Mato Grosso do Sul
Segundo o documento técnico, é evidente que regiões próximas aos córregos Imbirussu, Lagoa, Gameleira e Três Barras apresentam alta suscetibilidade à inundação. Mas outras condições pioram a situação nessas áreas. Elas aparecem no mapa como zonas onde o relevo é plano, a declividade é baixa e o solo é predominantemente argiloso, condição que retarda a infiltração da água e facilita o acúmulo após chuvas intensas.
Os especialistas observam que, nessas condições, mesmo chuvas de menor duração podem gerar escoamento superficial rápido, sobrecarregar galerias e propiciar transbordamentos.
Quando traduzidas para o território urbano, essas bacias abrangem bairros que hoje vivem episódios recorrentes de alagamento.
No Imbirussu, entram regiões como Buriti, Imbirussu, Indubrasil, Santo Antônio, Nova Campo Grande e Jardim Panamá. No entorno do córrego Lagoa, áreas como Tijuca, Taquarussu, Jardim Paulista, Coophatrabalho e Aero Rancho tendem a registrar problemas sempre que a chuva é mais forte.
Na bacia do Gameleira, o risco se distribui por bairros como Jardim Centenário, Antártica, Colúmbia e Moreninhas, enquanto a bacia do Três Barras abrange Mata do Jacinto, Novos Estados, Santa Fé e Três Barras, entre outros.
Além da suscetibilidade a alagamentos, a Carta Geotécnica também identifica zonas vulneráveis à erosão e classifica o território em dez unidades homogêneas de comportamento geotécnico, destinadas a orientar o planejamento urbano e o avanço da ocupação.
Apesar de apresentar recomendações detalhadas, a equipe responsável alerta que o documento não substitui estudos de campo específicos, mas funciona como diretriz para o poder público e para a expansão urbana. A própria versão final ressalta que o mapeamento ajuda a “escolher possíveis locais para determinadas atividades”, mas sempre requer verificação local antes de obras ou autorizações.
O Campo Grande News entrou em contato com a gestão municipal sobre a atualização desse estudo e se ele é levado em consideração na temporada de chuva. Até a publicação desta reportagem não houve retorno, mas o espaço está aberto para esclarecimentos.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.


