"Criança chora na poça de sangue da mãe", lamenta coordenadora sobre mortes
Líder da reorganização da Casa da Mulher Brasileira fala sobre violência, prevenção e papel da sociedade
Machismo e patriarcado, que muitos tentam reduzir a meros discursos feministas, são apontados pela coordenadora estadual da Casa da Mulher Brasileira, Carla Stephanini, como a origem da violência contra as mulheres. As cenas relatadas por ela chocam até quem trabalha há anos com esse tipo de violência: "Policia chega na cena do crime e tem criança chorando na poça de sangue da mãe", lamenta.
RESUMO
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A superintendente da Secretaria de Estado da Cidadania, Carla Stephanini, destacou que o machismo e o patriarcado são as raízes da violência contra as mulheres. Em entrevista ao Podcast Na Íntegra, ela enfatizou a importância de combater a cultura de posse e propriedade sobre as mulheres, que alimenta a violência doméstica. O Estado já registrou 25 feminicídios este ano, com casos chocantes que mobilizaram a sociedade e o governo. O governo estadual anunciou medidas para reforçar a proteção às mulheres, incluindo auxílio financeiro e campanhas de prevenção. A reorganização da Casa da Mulher Brasileira, que oferece serviços integrados de justiça e apoio, é parte dessas ações. Carla ressaltou a necessidade de punições exemplares aos agressores, como forma de educar a sociedade e garantir justiça. Para denúncias, os números 190 e 180 estão disponíveis, além de outros canais de apoio.
Ela foi designada pelo governo estadual para coordenar um grupo de trabalho que avaliará a reorganização da estrutura da Casa em Campo Grande. A proteção às mulheres e a prevenção ascenderam a pautas emergenciais diante da escalada da violência, com casos chocantes e números que preocupam. O Estado já acumula, neste ano, 25 feminicídios.
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Carla participou do Podcast Na Íntegra e falou sobre o ciclo da violência; o risco de relativizar situações iniciais menos graves e possibilitar um "espiral" que estudos revelam que pode durar até dez anos; e a obrigação de mostrar a punição de agressores e como esse tema deve envolver toda a sociedade.
Ela considera que a legislação ajudou o assunto a se tornar um tema que envolve todos, começando pela desigualdade de oportunidades e pelo sentimento de posse.
A lei trouxe para toda a sociedade os problemas que a mulher enfrenta dentro de casa, a crueldade das violências praticadas.
O Estado e, em especial, a Capital vivenciaram casos chocantes de homicídios de mulheres pelos companheiros, incluindo o de uma jovem e sua bebê, esganadas por um rapaz de 25 anos, marido e pai. Antes disso, em fevereiro, a morte da jornalista Vanessa Ricarte causou comoção e cobrança pelo aperfeiçoamento da rede de atendimento.
O governo anunciou auxílio financeiro para mulheres recomeçarem, o reforço de medidas de prevenção, como campanhas para diferentes públicos, e o apoio às vítimas. A reorganização da Casa da Mulher Brasileira insere-se nessas demandas. O local abriga serviços do sistema de justiça, dispõe de espaço para alojamento emergencial e perícia, e reúne, em um prédio construído há dez anos, diferentes atendimentos.
Essa semana, foi divulgado um balanço de grupo de trabalho da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) para encaminhar cerca de 6 mil boletins de ocorrência antigos e, somente a partir de fevereiro, já se somam novos 1,8 mil, segundo revelado pelo Gacep (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), do Ministério Público Estadual, o que dá a dimensão do problema da violência doméstica.
Como essas mulheres chegam na Casa? Com dor, com medo. E o quê elas esperam ao sair da Casa? Paz, respeito.
Carla aponta que é preciso afirmar que “mulher não é posse e propriedade”. Ela menciona o desejo de respeito e dignidade, a serem reconhecidos pelos homens.
Segundo a superintendente, não faltam dados sobre o perfil das mulheres, os números e os tipos de violência. Para ela, é preciso valorizar outra informação, dar outra resposta: a das punições a agressores, como forma de satisfação à sociedade e de produzir um efeito pedagógico entre os homens.
Serviço- Em situações de urgência, o telefone a ser acionado é o 190, da Polícia Militar. Para denúncias e esclarecimentos, há o número 180. Outros telefones para contato são os do Ceamca (Centro Especializado de Atendimento à Mulher, à Criança e ao Adolescente em Situação de Violência)- 3348-6698 e 99653-5913. O governo ainda criou uma página na internet- naosecale.ms.gov.br – com uma série de orientações e serviços.