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Política

Afastada, Dilma prevê "incansável oposição" e diz “até daqui a pouco"

Ângela Kempfer | 31/08/2016 15:18
Dilma ao chegar para pronunciamento no Palácio do Alvorada hoje à tarde. (Foto: El País)
Dilma ao chegar para pronunciamento no Palácio do Alvorada hoje à tarde. (Foto: El País)

A ex-presidente Dilma Rousseff acaba de fazer o primeiro pronunciamento após ser afastada definitivamente em votação no Senado. Vestida de vermelho, a cor do PT, ela apareceu cercada de apoiadores e do ex-presidente Lula. No tom de revanche, garantiu que o “o governo golpista” vai enfrentar incansável oposição. Como não perdeu os direitos políticos, também fez questão de finalizar com apenas um “até daqui a pouco”

Durante o discurso no Palácio do Alvorada, ela voltou a repetir a argumentação contra o impeachment. Falou em golpe de estado, farsa jurídica e eleição indireta. “Hoje, o Senado Federal tomou uma decisão que entra para a história das grandes injustiças. Os senadores que votaram pelo impeachment escolheram rasgar a Constituição Federal, decidiram pela interrupção do mandato de uma presidente que não cometeu crime. Condenaram uma inocente e consumaram um golpe parlamentar".

Na avaliação dela, o afastamento, da forma como ocorreu, afronta a democracia e beneficia quem realmente deveria ser punido. “Políticos que buscam desesperadamente escapar do braço da Justiça tomarão o poder unidos aos derrotados nas últimas quatro eleições. Não ascendem ao governo pelo voto direto, como eu e Lula fizemos em 2002, 2006, 2010 e 2014. Apropriam-se do poder por meio de um golpe de Estado..."

Sobre operações como a Lava Jato, que potencializaram a disputa pelo poder no País, Dilma foi irônica. “Causa espanto que a maior ação contra a corrupção da nossa história, propiciada por ações desenvolvidas e leis criadas a partir de 2003 e aprofundadas em meu governo, leve justamente ao poder um grupo de corruptos investigados”.

Para a ex-presidente, o Brasil sofre com uma corrente conservadora e reacionária, que ganhou força graças a manipulação da mídia, do “apoio de uma imprensa facciosa e venal”.

Dilma prevê ainda a onda mais radical de “liberalismo econômico e do retrocesso social", sem poupar ninguém de esquerda. "O golpe vai atingir indistintamente qualquer organização política progressista e democrática...O golpe é contra o povo e contra a Nação. O golpe é misógino. O golpe é homofóbico. O golpe é racista. É a imposição da cultura da intolerância, do preconceito, da violência”, disse.

Pela mobilização permanente a partir de agora, ela convocou os apoiadores e pediu energia. “A descrença e a mágoa que nos atingem em momentos como esse são péssimas conselheiras. Não desistam da luta... Haverá contra eles a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer...Proponho que lutemos, todos juntos, contra o retrocesso, contra a agenda conservadora, contra a extinção de direitos, pela soberania nacional e pelo restabelecimento pleno da democracia.”

Por fim, Dilma prometeu recorrer em todas as instâncias possíveis contra o processo que a tirou do governo federal. "É uma inequívoca eleição indireta, em que 61 senadores substituem a vontade expressa por 54,5 milhões de votos. É uma fraude, contra a qual ainda vamos recorrer em todas as instâncias possíveis”, argumentou.

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