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Política

Câmara vai criar "setembro amarelo" para prevenção ao suicídio

Antonio Marques | 18/11/2015 13:57
Após audiência pública Câmara deve criar a campanha de prevenção ao suicídio a partir de 2016 (Foto: Marcos Ermínio)
Após audiência pública Câmara deve criar a campanha de prevenção ao suicídio a partir de 2016 (Foto: Marcos Ermínio)

Para reduzir o número de tentativas e suicídio na Capital, a Câmara Municipal deve criar já no próximo ano o setembro amarela para trabalhar a campanha de prevenção ao suicídio. Só neste ano, conforme dados da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) foram registrados quase 600 tentativas até o mês de outubro, contra 750 tentativas em 2014, quando tiveram 53 óbitos.

Durante audiência pública, realizada na manhã desta quarta-feira (18) na Câmara Municipal, sob o comando dos vereadores José Chadid (PSDB) e Roberto Santana dos Santos, o Betinho (PRB), representantes de diversas instituições debateram as ações que devem ser implantadas para prevenir o suicídio na Capital. O problema é a terceira causa de mortes no Brasil, perdendo apenas acidentes de trânsito e homicídios.

A enfermeira do Núcleo de Prevenção de Violências da Sesau, Laura Maria Souza de Linhares, apresentou os números relativos aos últimos dois anos. Em 2014 foram registrados 750 tentativas e 53 suicídios e neste ano foram contabilizadas 598 tentativas, mas disse não ter dados precisos dos óbitos até o mês de outubro. “Cada ano tem um crescimento tanto nas tentativas quanto nos suicídios”, declarou, lembrando que os dados que podem ser ainda maiores, considerando que muitos familiares têm vergonha de dizer que a pessoa tentou ou se matou.

Para a enfermeira, 90% dos casos são evitáveis, pois não é uma morte que a pessoa não demonstra sinais. “90% das pessoas evidenciam sinais, em ações ou comentários, alertando sobre a possibilidade do suicídio”, explicou. A tentativa também seria a terceira causa de violência mais registrada e, conforme Laura Linhares, o jovem, entre 15 a 34 anos, é a principal vítima do suicídio.

Ela disse que em Campo Grande o atendimento às vítimas de tentativa é encaminhado para a rede CAPS (Centro de Atenção Psicossocial). São seis unidades, sendo três funcionando 24 horas (Caps Alcool e Drogas, no Bairro Antonio Vendas; Caps do Aero Rancho e da Vila Almeida).

O professor e pesquisador do Hospital Universitário e capelão do Corpo de Bombeiros, Edílson dos Reis revelou que são seis mil pessoas na fila de espera para atendimento nos Caps, que necessitam de atendimento psicológico. “Quando um caso de suicídio é notificado, quatro outros não são”, comentou.

Responsável pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Bioética da Gerência de Ensino e Pesquisa do Hospital Universitário da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Edilson Reis é o criador do primeiro curso de extensão universitário prevenção ao suicídio, com 200 horas de ensino, iniciado este ano. “Por conta da demanda, o curso vai manter nova turma para o próximo ano”, informou. Qualquer pessoa acima de 18 anos que tenha interesse em trabalhar com tema pode se candidatar a uma vaga no curso.

Edílson Reis parabenizou aos vereadores que aprovaram recentemente a lei sobre a implantação de medidas de prevenção ao suicídio nas escolas municipais, de autoria do vereador Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB). Ele considera fundamental trabalhar a intervenção e prevenção nas escolas, porém disse que há um grave problema. “Tem professor que alega estar sobrecarregado na escola e que não tem condições de atender mais esta temática”, reclamou ele, complementando ser “triste quando vemos crianças de 10 anos tentando suicídio, adolescente de 14 anos querendo se matar ou uma menina de 12 anos que quer por fim à vida.”

Por conta disso, o pesquisador pediu a parceria dos vereadores para fazer se reunir com a ACP (Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais em Educação) para solicitar que os profissionais da área possam atuar na prevenção ao suicídio de crianças e adolescentes. “Podemos capacitar os educadores para trabalharem o tema nas escolas”, ressaltou.

O professor Edílson Reis lembrou que as instituições estão acostumadas a trabalhar campanhas de prevenção à saúde e citou o peça publicitária da Câmara em que divulga a prevenção ao câncer da próstata durante o novembro azul. “Se temos várias campanhas dessas, porque não podemos trabalhar a prevenção ao suicídio. Sei que as pessoas não gostam de falar sobre isso, pois falamos de coisas que não sabemos”, lembrou.

Dentre os encaminhamentos da audiência ficou definido que os vereadores vão conversar com a direção da ACP e se reunir com o prefeito Alcides Bernal para pedir renovação do convênio com o GAV (Grupo Amor à Vida), que realiza atendimento voluntário 24 horas por meio do telefone 141 às pessoas que procuram ajuda psicológica. Atualmente, os voluntários do GAV é quem fazem o rateio para pagar o aluguel e a conta do telefone.

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