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Política

Com carreteiro e empurra-empurra, produtores fazem protesto

Fazendeiros e empresários montaram acampamento de comitiva em frente à Assembleia Legislativa

Jones Mário e Fernanda Palheta | 13/11/2019 10:15
Manifestantes acordaram com arroz carreteiro para o café da manhã (Foto: Fernanda Palheta)
Manifestantes acordaram com arroz carreteiro para o café da manhã (Foto: Fernanda Palheta)

Produtores rurais montaram acampamento em frente a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, na noite desta terça-feira (12), em preparativo para protesto contra as mudanças nas contribuições ao Fundersul (Fundo de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário). Pela manhã desta quarta-feira (13), os manifestantes prepararam café da manhã com arroz carreteiro antes da sessão parlamentar.

Além da comitiva, carros de som tocando música sertaneja e caminhões estão posicionados do lado de fora da Casa de Leis. Bandeiras nacionais e faixas com dizeres “Fundersul não” estampam o protesto.

Fazendeiros que tentaram acessar o plenário trocaram empurrões com seguranças da Assembleia. Os agentes fecharam as portas do local, que já estava lotado por volta das 9h30min.

 

Confira imagens da movimentação abaixo:

 

Produtores disseram que a maioria das pessoas no plenário não fazem parte da manifestação. Eles apontaram ação orquestrada para encher o salão e impedir a entrada dos agricultores e pecuaristas.

César Lyrio, produtor de soja, milho e cana-de-açúcar, além de vice-presidente do Sindicato Rural de Nova Alvorada do Sul, disse que o grupo não foi protestar, mas sim, “pedir para que deputados não aprovem esse aumento, pois o impacto seria muito grande e os produtores rurais vão quebrar”.

“[Reinaldo] Azambuja é produtor, mas em condição diferente. O governador não está preocupado com os produtores, mas com os cofres públicos”, completou.

O pecuarista Luis Carlos Gomes, de Campo Grande, chegou às 21h de ontem no acampamento. Segundo ele, a comitiva foi mobilizada para relembrar a tradição dos produtores rurais.

“Naquele tempo não pagávamos tantos impostos, as coisas eram melhores. Nós já pagamos muito e não temos retorno. As estradas continuam ruins”, revelou.

Plenário da Assembleia parcialmente lotado pela manhã desta quarta-feira (Foto: Fernanda Palheta)
Plenário da Assembleia parcialmente lotado pela manhã desta quarta-feira (Foto: Fernanda Palheta)
Luis Carlos Gomes está acampado desde às 21h na noite de terça-feira (Foto: Fernanda Palheta)
Luis Carlos Gomes está acampado desde às 21h na noite de terça-feira (Foto: Fernanda Palheta)

Criador de gado em Jaraguari, Walfredo Nascimento da Costa afirmou que os produtores rurais já estão “massacrados” e sugeriu “formas alternativas” de melhorar a arrecadação, sem mexer nas contribuições ao Fundersul.

Empresários - Representantes do empresariado também estão no local. João Carlos Polidoro, presidente da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), afirma que para o comércio, o maior impacto do pacote de medidas fiscais do governo é o aumento do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) da gasolina. “O governo do Estado está na contramão do governo federal, que está reduzindo a carga tributária. Vai frear o empreendedorismo”.

Edson Lazzaroto, diretor-executivo do Sinpetro-MS (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência de Mato Grosso do Sul), diz também está preocupado com as mudanças nas alíquotas do ICMS dos combustíveis. “Viemos dar apoio para a classe produtiva. Essa decisão de aumentar a gasolina e baixa o etanol não vai representar migração”, diz.

Pelos cálculos do sindicato, a gasolina vai subir de 22 a 30 centavos e o etanol chegará a R$ 3,10 em 2020. A entidade estima ainda que 120 postos de combustíveis do Estado corram risco de fechar por estarem localizados na divisa com São Paulo e Paraná. “É um decreto puramente arrecadatório”, critica.

Paulo de Matos Pinheiro, empresário comércio varejista e distribuidora, explica que “se aumenta o combustível, aumenta o frete e aumenta o valor dos produtos”. “A população já está consumindo menos e vai consumir menos ainda”, reclamou.

Reajustes - Parte de pacote de projetos de lei enviados por Azambuja à Assembleia, as mudanças previstas no Fundersul incidem sobre a contribuição dada pela pecuária e também pela agricultura. O fundo, com previsão de receita em R$ 380 milhões em 2019, é formado por valores cobrados a cada bovino comercializado no Estado e também a cada tonelada de produto agrícola, como soja, milho e cana-de-açúcar, principais lavouras em Mato Grosso do Sul.

Para o gado, a principal alteração é a criação de quatro faixas de cobrança. Hoje, são duas, começando em 29% do valor da Uferms (Unidade Fiscal Estadual de Referência de Mato Grosso do Sul), cotada a R$ 28,77. Para a soja, milho e cana, aumenta o valor por tonelada, que atualmente parte de 2,28% da cotação da Uferms e vai até 36,60%. O projeto está em tramitação na CCJR (Comissão de Constituição de Justiça e Redação).

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