ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, TERÇA  16    CAMPO GRANDE 23º

Política

Demitido após decisão da Justiça, irmão de prefeito é nomeado secretário

Além do irmão, que ficará à frente de pasta estratégica, a primeira-dama foi nomeada na chefia da Assistência Social

Nyelder Rodrigues | 05/01/2021 20:43
Eduardo Iunes, irmão do prefeito, em campanha realizada em 2014 (Foto: Reprodução)
Eduardo Iunes, irmão do prefeito, em campanha realizada em 2014 (Foto: Reprodução)

Ano novo, velhas práticas. Assim pode ser definida a gestão de Marcelo Iunes (PSDB) à frente da prefeitura de Corumbá - cidade localizada a 419 km de Campo Grande - quanto a nomeação de parentes em cargos do primeiro escalão do Executivo municipal. Dessa vez, o beneficiado foi o irmão de Iunes, demitido recentemente por decisão da Justiça.

Eduardo Aguilar Iunes é funcionário público de carreira do município, mas exercia função de confiança e de caráter técnico até o ano passado, como presidente da Junta Administrativa da Santa Casa corumbaense.

Contudo, sua nomeação e de outros parentes do prefeito foram contestadas pelo MPMS (Ministério Público  de Mato Grosso do Sul), que abriu apuração, recomendou a demissão de dois cunhados de Iunes e depois de um concunhado e de Eduardo. Apenas os dois primeiros foram dispensados sem necessidade de ação judicial.

Para que Eduardo Iunes e o concunhado Eduardo Alencar Batista foram demitidos apenas em dezembro, mas um mês depois, o irmão já foi recompensado e agora terá mais que um hospital. Agora, ele terá uma secretaria inteira para comandar, já que será o chefe da Secretaria Municipal de Governo, responsável pelas articulações da gestão.

Além disso, a pasta de Assistência Social e Cidadania terá à frente a mulher de Marcelo Iunes, Amanda Balancieri. Na gestão passada, ela dirigia a pasta especial de Cidadania e Direitos Humanos, enquanto a Assistência Social estava com a cunhada do prefeito, Glaucia Iunes, casada com um dos cinco irmãos de Marcelo.

Entretanto, reforma administrativa que resultou na demissão de 290 comissionados no fim do ano passado e na recontratação de 116 deles nesses dois primeiros dias úteis de 2021 fez com que houvesse a fusão das duas secretarias, se tornando então uma única. Aí, quem saiu perdendo foi Glaucia, já que a chefia ficou com a mulher do prefeito.

Marcelo Iunes e a mulher, Amanda, no Carnaval de 2018 (Foto: Reprodução)
Marcelo Iunes e a mulher, Amanda, no Carnaval de 2018 (Foto: Reprodução)

Reajuste de 30% - Em dezembro de 2019, Marcelo Iunes aprovou lei que aumentou em R$ 3,7 mil o salário de todos os secretários da cidade, fazendo com que eles recebessem R$ 16,2 mil mensalmente a partir de 1º de janeiro de 2021.

Assim, além de seu salário na casa dos R$ 26 mil, Marcelo Iunes agora terá a mulher com proventos mensais de R$ 16.250 bruto. Já seu irmão Eduardo, que é auditor fiscal em 3ª categoria já recebe mensalmente R$ 7,8 mil.

Para sustentar as nomeações de parentes no primeiro escalão, a Procuradoria-Geral do Município alega que a indicação do prefeito é legítima, pois tratam-se de cargos de natureza política, e não técnica - que conforme súmula vinculante do STF (Supremo Tribunal Federal), aí sim configuraria a prática de nepotismo.

A prática, mesmo não ilegal, é vista como imoral. No ano passado, a procuradoria corumbaense afirmou que a nomeação de Eduardo Iunes na Santa Casa não deveria ser contestada já que ele possuia "inquestionável capacidade para o exercício da função".

Segundo o promotor Luciano Bordignon Conte, que iniciou as primeiras investigações sobre as nomeações irregulares, Marcelo Iunes violou "princípios da isonomia, moralidade e impessoalidade da administrativa pública" com as nomeações de parentes em cargos os quais eles não poderiam legalmente ocupar.

Nos siga no Google Notícias