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Política

Fora da cadeia, servidora esclarece ligação com presos por morte de vereador

Aline dos Santos | 04/08/2011 12:38

Ela nega ser namorada de pistoleiro que matou presidente da Câmara

Jurdete chorou ao contar sobre prisão. (Foto: Simão Nogueira)
Jurdete chorou ao contar sobre prisão. (Foto: Simão Nogueira)

Em liberdade após 15 dias na prisão, a servidora pública Jurdete Marques de Brito afirma ser inocente, sem nenhuma participação na trama que resultou na execução do vereador Carlos Antônio Carneiro, então presidente da Câmara de Alcinópolis.

No último dia 20 de julho, foram presos a servidora, o prefeito de Alcinópolis, Manoel Nunes da Silva (PR), três vereadores e um comerciante.

De acordo com o advogado de Rodrigo Côrrea do Couto, a prisão temporária foi decretada devido a ligações de Irineu Maciel, preso em flagrante após matar o vereador, para o celular de Jurdete.

E também pelo número de chamadas que partiu do celular da servidora para o telefone do vereador Valdecir Lima (PSDB), que também está preso por suspeita de envolvimento no crime. No dia da prisão, ela foi identificada como namorada do pistoleiro.

“Conheci o Irineu em setembro do ano passado, em um rodeio, em Alcinópolis. Ele veio e conversou comigo. Mas não tivemos nenhum tipo de envolvimento amoroso. Nunca fui namorada dele”, garante. Carlos Antônio foi morto em outubro de 2010, em Campo Grande.

Segundo o advogado, a quebra do sigilo telefônico mostra que ela recebeu ligações de Irineu. “Ele ligava, mas ela nem atendia”, afirma. Jurdete conta que trabalha no posto de saúde e mantinha bastante contato com Valdecir por ele ser seu amigo e ex-chefe na unidade de saúde.

Segundo ela, as ligações também eram sobre trabalho. “Ligava quando tinha uma emergência, como um carro para levar paciente”, diz. No dia da morte do vereador, há registro de ligação telefônica entre Valdecir e Jurdete.

Sobre a relação com o então presidente da Câmara, ela relata que conhecia Carlos Antônio desde criança. “Estudei com ele, fiquei muito chocada com o que aconteceu”. Conforme o advogado, a servidora prestou depoimento uma única vez, no dia 21 de julho, e repassou os mesmos esclarecimentos à polícia. Antes, ela nunca tinha sido chamada a depor sobre o caso.

Ela ficou presa na 3ª Delegacia de Polícia Civil. A defesa entrou com pedido de revogação da prisão no dia 28 de julho. “Não tem gravação do conteúdo das conversas e não há nada contra ela”, afirma Rodrigo do Couto. Ontem, o TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) mandou soltar Jurdete e o comerciante Ademir Muller.

Voltar para a casa - Em liberdade, a servidora conta que só pensa em voltar para a casa. Durante entrevista à imprensa, ela chorou ao lembrar os dias atrás das grades.

“Sou concursada, trabalho há 18 anos como servidora da prefeitura. Sou inocente”, declarou. E deu detalhes sobre o dia da prisão. “Estava em casa com a minha filha de 11 anos, dormindo. Às 5h30 da manhã bateram na porta e falaram que era da polícia. Perguntei se estavam de brincadeira. Abri e falaram do mandado”.

Jurdete afirma que em nenhum momento lhe foi explicado o motivo da prisão. A servidora não chegou a ser algemada e foi transportada no banco de trás da viatura. Ela conta que pretende pedir indenização ao Estado.

Cadeia –O prefeito, o presidente da Câmara, Valter Roniz (PR), e os vereadores Enio Queiroz (PR)e Valdecir Lima permanecem presos em Campo Grande. As prisões são válidas por 30 dias e a investigação corre em sigilo.

No dia da operação, a Polícia Civil informou que busca o mandante do crime contra o vereador. Até então, três homens respondem na justiça pelo assassinato. Irineu Maciel foi preso em flagrante por policiais civis que passavam próximo ao local do assassinato.

Ele foi levado ao local do crime na garupa da moto de Aparecido Souza Fernandes, de 35 anos. Na delegacia, o pistoleiro relatou que o crime foi intermediado pelo seu cunhado Valdemir Vansan. A morte do vereador teria sido contratada por uma terceira pessoa, cujo nome não foi revelado. Valdemir foi preso horas depois do assassinato.

Ainda na delegacia, Ireneu disse que receberia R$ 20 mil, sendo R$ 3 mil adiantados, pelo crime e que o revólver calibre 38 lhe foi entregue pelo cunhado. O acerto era para “fazer uma pessoa”, cujo nome foi repassado por Valdemir.

Em interrogatório diante do juiz, Irineu deu uma nova versão para o crime. De acordo com ele, o motivo foi vingança porque o vereador o teria humilhado. O pistoleiro também afirmou ser dono da arma utilizada na execução. A justiça mandou os três a júri popular, mas eles recorreram ao TJ.

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