ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  26    CAMPO GRANDE 32º

Política

Nascido em MS, projeto transforma feminicídio em crime autônomo

Proposta de juiz de Mato Grosso do sul foi acatada pelo deputado federal Fábio Trad e proposta tramita na Câmara Federal

Lucia Morel | 27/12/2020 09:58
Projeto de Fábio Trad tramita na Câmara dos Deputados. (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)
Projeto de Fábio Trad tramita na Câmara dos Deputados. (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)

Em face da morte pelo ex-marido da juíza carioca, Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, a indignação cresce e coloca em evidência a necessidade de que tal tipo de ato seja tratado com mais austeridade.

Para isso, tornar o feminicídio um crime autônomo pode dar mais visibilidade ao ato e colocar na devida gravidade o assassinato de mulheres, que segundo o deputado federal Fábio Trad (PSD) já se tornou um problema crônico no Brasil.

O juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri, Carlos Alberto Garcete foi quem apresentou ao parlamentar a proposta que tramita no Congresso de tirar o feminicídio do rol de agravantes de homicídio para se tornar um crime em si.

“O feminicídio precisa ampliar sua visibilidade e, para tanto, deve ser tipo penal independente, o que contribuiria, inclusive, para o método de julgamento em perspectiva de gênero”, diz justificativa do projeto de lei 4196/2020.

Juiz Carlos Alberto Garcete apresentou projeto ao deputado Fábio Trad. (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)
Juiz Carlos Alberto Garcete apresentou projeto ao deputado Fábio Trad. (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)

Para o deputado Fábio Trad, autor do texto, no Código Penal, “o feminicídio está classificado como qualificadora do homicídio doloso por condição de gênero, o que não se coaduna com a magnitude global da repressão à referida conduta criminosa”, sustenta como argumento da proposta.

Ele lembra, assim como Garcete, que o PL não prevê aumento da pena – que já está estabelecida entre 12 e 30 anos -, mas evidencia o tipo penal, reposicionando o crime para que possa ser dada a devida importância jurídica ao tema.

Temos que aprovar essa lei, mas a punição já está bem contemplada. Agora, o que precisamos, é de ações coordenadas, sistemáticas e efetivas de todos os poderes”, avalia o parlamentar.

Segundo o magistrado, a transformação do feminicídio em crime autônomo, faz a correção necessária do ponto de vista doutrinário e o iguala, em importância, aos crimes de aborto e infanticídio, que também foram elevados à essa categoria.

A justificativa do projeto evidencia que “o Código Penal Brasileiro, historicamente, considerou delitos como aborto e infanticídio como tipos penais independentes – quando, na essência seriam homicídios com circunstâncias específicas -, porque o legislador reputou importante, a seu tempo, tê-los como normas incriminadoras penais distintas”.

Conforme Garcete, “na tramitação, já temos parecer favorável Fonavid (Fórum Nacional de Juízes de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher) e parcialmente favorável da Secretaria Nacional da Mulher”, comentou.

O ponto de discordância da secretaria ao projeto é em relação à mudança de nomenclatura de “sexo feminino” para “gênero feminino”, seguindo uma linha sócio-cultural e não mais biológica para a definição de mulher.

Nos siga no Google Notícias