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Política

Secretário que elogiou Hitler será homenageado com título na Câmara

Titular da Sesdes, Anderson Gonzaga, está entre os 80 nomes que receberão medalhas no dia 21 de agosto

Por Mylena Fraiha | 22/07/2025 10:58
Secretário que elogiou Hitler será homenageado com título na Câmara
Titular da Sesdes (Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social), Anderson Gonzaga da Silva Assis, que será homenageado com o título de "cidadão benemérito" (Foto: Paulo Francis/Arquivo).

A Câmara Municipal de Campo Grande irá homenagear, no dia 21 de agosto, cerca de 80 pessoas com os títulos de “Cidadão Campo-Grandense”, “Cidadão Benemérito” e a Medalha do Mérito Legislativo “José Antônio Pereira”. Entre os nomes indicados está o do atual secretário municipal de Segurança, Anderson Gonzaga da Silva Assis, que se tornou alvo de polêmica após elogiar o líder nazista Adolf Hitler durante uma reunião com guardas municipais.

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Secretário de Segurança de Campo Grande, alvo de polêmica por elogiar Hitler, será homenageado. Anderson Gonzaga da Silva Assis receberá o título de "Cidadão Benemérito" em 21 de agosto, por indicação do vereador Beto Avelar (PP). A homenagem, aprovada pela Câmara Municipal, reconhece os serviços prestados por Assis à segurança pública da cidade. A condecoração ocorre em meio à controvérsia gerada por áudio vazado em 2024, no qual Assis elogia Hitler, chamando-o de "inteligente" e "estrategista". A fala gerou repúdio público e investigações do Ministério Público e da Controladoria-Geral do Município. Assis se desculpou publicamente, admitindo o uso inadequado de um exemplo histórico. A cerimônia de entrega do título ocorrerá no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo.

Apesar de ser natural de Campo Grande, o título concedido a Anderson será o de 'Cidadão Benemérito de Campo Grande', destinado a pessoas que prestaram serviços considerados relevantes à cidade. A indicação foi feita pelo vereador Beto Avelar (PP), líder da prefeita Adriane Lopes (PP) na Casa, e aprovada em votação em bloco no dia 15 de julho, última sessão do semestre legislativo.

Na justificativa da proposta, o vereador alegou que a homenagem se dá em “reconhecimento à sua exemplar trajetória, marcada pela dedicação, comprometimento e relevantes serviços prestados à segurança pública e à sociedade campo-grandense”.

Em nota enviada à reportagem nesta terça-feira (22), o vereador Beto Avelar argumentou que todas as apurações realizadas “não identificaram conduta que configurasse crime ou infração administrativa por parte do secretário municipal de Segurança de Campo Grande, Anderson Gonzaga”.

Beto também reiterou que o SINDGM foi “enfático” ao classificar a exposição pública do secretário como “injusta” e destacou que “não havia elementos que sustentassem a acusação de apologia no contexto em que teria ocorrido”.

O vereador ainda pontuou que o secretário já havia reconhecido o erro. “O mais importante de tudo: o secretário reconheceu o erro ao declarar algo que poderia ter múltiplas interpretações, pediu desculpas publicamente e reiterou seu compromisso com os valores da Guarda Municipal e da sociedade campo-grandense".

Fala polêmica - A escolha pelo nome de Anderson reacende uma polêmica ocorrida em 2024. Em novembro do ano passado, foi divulgado o áudio em que o secretário elogia Hitler em conversa com membros da Romu (Ronda Ostensiva Municipal), durante cobrança por protestos feitos contra a gestão municipal.

Na ocasião, guardas municipais haviam participado de mobilização contra a prefeita Adriane, em razão da falta de reajuste salarial e do não pagamento de adicional de insalubridade. Durante a fala, Anderson afirmou que “até admirava Hitler”.

"Fizeram até videozinho do Hitler. Eu até admiro Hitler, porque ele era um cara inteligente. A Alemanha é a potência que é hoje graças ao Hitler. Estrategista, um cara inteligente. Foi ditador, sim. Tinha as ideologias dele e conquistou o que conquistou graças à inteligência dele. Então só colocar na Netflix lá, na Segunda Guerra Mundial, como ele conquistou e fizeram um videozinho eu queria ser. Mas me dói porque eu queria ser um terço daquilo. Principalmente com esse grupamento aqui", disse o secretário em áudio.

A fala, considerada elogiosa ao ditador responsável por milhões de mortes na Segunda Guerra Mundial, gerou reação pública e levou a Prefeitura a anunciar, na época, que o secretário seria ouvido pela Controladoria-Geral do Município. Na época, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) também instaurou uma Notícia Fato para apurar as declarações de apoio ao ditador nazista.

O SINDGM (Sindicato dos Guardas Municipais), por sua vez, saiu em defesa de Anderson, alegando que não haveria apologia ao nazismo em sua fala. Ainda assim, a repercussão negativa levou o secretário a divulgar uma nota ao Campo Grande News pedindo desculpas.

“Refletindo agora, percebo que mencionei um aspecto histórico de forma inadequada, sem considerar o contexto sensível e o impacto emocional que isso poderia ter causado”, declarou. “Aprendo com este erro e, a partir de agora, me dedicarei ainda mais a promover um diálogo construtivo”, complementou o secretário.

 A legislação brasileira considera crime a apologia a regimes e ideologias que promovam ódio, racismo ou discriminação. A Lei nº 7.716/1989, que trata dos crimes de preconceito, prevê pena de até cinco anos de reclusão para quem fizer apologia, direta ou indireta, de ato discriminatório relacionado a raça, cor, etnia, religião ou origem. A lei foi reforçada pela Lei nº 9.459/1997, que proíbe expressamente a promoção do nazismo e seus símbolos.

Mais homenageados - A cerimônia será realizada no Auditório Manoel de Barros, no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, a partir das 19h. A entrega das comendas ocorre tradicionalmente em celebração ao aniversário de Campo Grande, comemorado em 26 de agosto.

Além do título a Anderson Gonzaga, a Câmara também vai conceder a Medalha do Mérito Legislativo “José Antônio Pereira” ao senador e ex-prefeito da Capital Nelson Trad Filho (PSD) e o ex-diretor do Hospital El Kadri, Rudiney de Araújo Leal.

Já o Título de Cidadão Campo-Grandense será entregue a diversas figuras públicas, como Agamenon Rodrigues do Prado, ex-presidente do diretório municipal do PT; Elton Dione de Souza, atual Controlador-Geral do Município; Guilherme Bumlai, presidente da Acrissul; José Claro dos Santos Neto, o Neto Santos (Republicanos), vereador de Campo Grande.

Também estão na lista: Kátia Regina Bernardo Claro, advogada e esposa do presidente da Alems (Assembleia Legislativa de MS), Gerson Claro (PP); Luiz Renê do Amaral, secretário-geral da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso do Sul); Rodrigo Perez Ramos, titular da Secretaria de Governo de MS; Tiago Botelho, superintendente do Patrimônio da União no Estado; e Zumilson Custódio da Silva, delegado titular da Receita Federal.

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