Sem-terra deixam o Incra, mas ameaçam voltar
Os sem-terra e assentados que ocupavam o prédio do Incra (Instituto Nacional de Colonização Agrária) na Avenida Afonso Pena, em Campo Grande, estão deixando o local nesta tarde, dizendo que receberam informação vinda de Brasília de que o atual superintendente do órgão, Luiz Carlos Bonelli, ficará no cargo. Os protestos dos sem-terra, iniciados no mês passado, têm um único objetivo: pressionar para que Bonelli, no cargo desde o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não seja substituído por Flodoaldo Alves, indicação do senador Valter Pereira (PMDB). O grupo diz que a saída é uma espécie de trégua e que se não houver uma confirmação por parte do presidente até segunda-feira de que Bonelli fica no cargo, voltará a se mobilizar.
Desde ondem, lideranças dos movimentos que representam os sem-terra no Estado estão em Brasília para obter a garantia de que Bonelli ficará. O superintendente também está na capital federal. Hoje, conforme uma das lideranças dos sem-terra, Fátima Vieira, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), veio a notícia de que foi dada a garantia tanto pelo presidente do Incra, Rolf Hackbart, quando do ministro da Reforma Agrária, Guilherme Cassel, de que não haverá a troca de comando na superintendência estadual do instituto.
A garantia também teria vindo da bancada federal do PT. Em Brasília, a assessoria de imprensa do Incra informou que não tinha informação sobre a conversa citada, mas que ela pode ter ocorrido fora da agenda oficial do presidente do órgão. Hoje, Hackbart está em viagem à Bahia.
Sem expediente - Cerca de 400 pessoas estavam na superintendência do Incra em Campo Grande, que hoje teve o atendimento ao público suspenso, uma vez que os funcionários foram impedidos de entrar. São asssentados e sem-terra ligados ao MST, à FAF (Federaçãop dos Agricultores Familiares) e à Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura), vindos de cidades próximas a Campo Grande, como Sidrolândia, Corguinho e Terenos.
Segundo Fátima Vieira, a expectativa do grupo é desfazer o acampamento no Incra até as 18h de hoje. Parte das pessoas já estava deixando o local, com mochilas e colchões nas costas por volta das 17h.
Um grupo de seis policiais militares acompanhava o movimento, à distância, no canteiro da avenida Afonso Pena.