Trocador de fralda foi 1º balcão de empresa que cresceu avaliando a concorrência
Alvorada está aberta há 37 anos e hoje é tocada por dois irmãos "quase gêmeos"
Um antigo trocador de fralda de bebê era o balcão e as caixas dos sapatos que a família comprava serviam para guardar mercadorias na primeira loja de materiais de construção que Zeferino Bigolin abriu em Campo Grande, na Avenida Zahran, em 1989. Ele trabalhava ao lado dos dois filhos mais velhos, Edson Luiz e Fabio Angelo, e de um funcionário.
RESUMO
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A loja Alvorada, fundada em 1989 por Zeferino Bigolin em Campo Grande, começou com recursos limitados e cresceu ao longo dos anos, enfrentando desafios como a concorrência e crises econômicas. Os filhos Edson e Fabio, que se formaram em Direito e Economia, respectivamente, desempenharam papéis fundamentais na expansão do negócio, que se destacou em materiais de construção. Com a aposentadoria dos pais, a empresa, que conta com 240 funcionários diretos e três unidades em Campo Grande, diversificou suas contratações, incluindo mulheres e pessoas LGBTQIA+. Recentemente, a Alvorada adaptou-se ao comércio eletrônico, respondendo à mudança no comportamento dos consumidores.
O negócio foi batizado de Alvorada em homenagem a Nova Alvorada do Sul, município onde o comerciante tinha uma fazenda comprada na época em que o governo dava benefícios para incentivar a ocupação territorial do Centro-Oeste. Ele já trabalhava com vendas para construção e reforma numa outra loja montada antes em Santa Catarina, mas a fechou porque se cansou do ramo e queria se dedicar inteiramente à pecuária.
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Só que, olhando para as sobras mercadorias da antiga loja guardadas em um galpão da fazenda e para a vontade de morar na capital para os filhos terem onde estudar, veio a decisão de voltar a ser comerciante. Dois terrenos que Zeferino também havia comprado viraram a sede da madeireira. A madeira era trazida de Nova Alvorada e o restante dos materiais vendidos eram aqueles que restaram.

A empresa foi crescendo enquanto os irmãos trabalhavam de dia e estudavam à noite. Faziam todas as funções, desde atender clientes até carregar nos ombros a madeira que chegava em caminhões. “Meu pai, como um bom descendente de italianos e 'mão na massa', queria que a gente não só estudasse, mas trabalhasse também”, conta Edson, hoje com 55 anos. Ele formou-se em Direito e Fabio, agora com 54, em Economia. Eles têm duas irmãs mais novas que decidiram seguir outras áreas e não trabalhar na Alvorada.
Oportunidades e crises
Estar numa capital jovem, que ainda tinha muito espaço para ser ocupada com novas construções, ajudou, mas a concorrência não dava muitas brechas para o negócio crescer como poderia. Várias empresas do mesmo segmento despontavam na época, inclusive a Bigolin, que pertencia a familiares de Zeferino, mas acabou encerrando a história ao falir em 2019.
A concorrência sempre foi saudável, lembra o primogênito, e até importante para a Alvorada achar seu espaço.”A gente percebia muita fragilidade dos concorrentes, buscava conhecimento sobre tal coisa que faltava e explorava muito isso”, afirma.
A empresa se expandiu pouco a pouco e não houve um grande salto, a não ser mais recentemente, nos anos de pandemia de covid-19. “As pessoas se voltaram para dentro de casa, deixaram de lado passeios, restaurantes e tudo mais. Foi um momento de boom de vendas. A gente não sabia o que viria e acabou sendo muito bom”, fala Edson.
Para os irmãos, 2 períodos de crises estão demarcados. O primeiro foi devido à inflação enfrentada durante o governo José Sarney, e o segundo foi efeito da retração da economia mundial e da instabilidade política durante o governo de Dilma Rousseff.
Eles defendem que ser empresa genuinamente sul-mato-grossense e virar referência em materiais específicos foi o que consolidou a Alvorada.
Já são 37 anos. Acreditamos que estamos inseridos na cultura do Estado e isso nos honra muito, as pessoas nos conhecem e indicam. Outro fator é que viramos também o número 1 em piso e revestimentos”, resume Edson.
Com a aposentadoria do pai, agora com 86 anos, e da mãe, Diva Colatto Bigolin, atualmente com 80 anos, os Edson e Fabio reconhecem que outro ingrediente importante foi a relação de irmãos e sócios sempre fluindo bem e se mantendo assim.
"Temos 1 ano e 4 meses de diferença, mas espírito de irmãos gêmeos. Fazemos tudo juntos desde a infância. Só não nos mudamos para casas um ao lado da outra porque achamos demais, mas moramos no mesmo condomínio", diz o mais velho.

Fabio confirma que a relação de sócios é bem próxima também. "Sentamos juntos para analisar os custos, se a empresa está com bons números, analisar fornecedores. Acho que a área que cada um cuida na empresa e as nossas formações se complementam", fala.
Vendas on-line e diversidade na empresa
Um dos últimos desafios tem sido começar a vender pela internet e fazer publicidade do nome dos produtos. Os irmãos acreditam que a Alvorada se adapta bem à mudança de comportamento da clientela que prefere não ter de ir a uma loja.
Atualmente, são 240 funcionários contratados diretamente e cerca de 40 indiretos. A Alvorada tem três unidades em Campo Grande, sendo a da Avenida Zahran a matriz, duas em Dourados e uma em Maracaju.
O que também a empresa incorporou nos últimos anos foi a diversidade nas contratações. Mulheres também entendem de construção civil e elas são as que estão em cargos mais importantes e bem remunerados da empresa fundada por três homens. Edson ressalta que também tem pessoas LGBTQIA+ no quadro e abertura para trabalhar com quem consiga fazer parte da cultura de uma empresa, independentemente de características particulares.
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