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Educação e Tecnologia

Orelhão vira "caso de emergência" e cartão tem preço inflacionado

A chegada da tecnologia derrubou as vendas e o crédito em papel plástico fica encalhado quase um mês, nas bancas e comércios

Danielle Valentim | 22/08/2018 14:19
Usuário utilizando um orelhão na avenida Manoel da Costa Lima, na manhã desta quarta-feira. (Foto: Henrique Kawaminami)
Usuário utilizando um orelhão na avenida Manoel da Costa Lima, na manhã desta quarta-feira. (Foto: Henrique Kawaminami)
Na Banca MS, estrutura está fixada há 23 anos na esquina das ruas Dom Aquino e Rui Barbosa, 20 unidades custam R$ 6. (Foto: Henrique Kawaminami)
Na Banca MS, estrutura está fixada há 23 anos na esquina das ruas Dom Aquino e Rui Barbosa, 20 unidades custam R$ 6. (Foto: Henrique Kawaminami)

Sempre que surge algo novo, o "velho" fica para trás. A tecnologia do celular em mãos, por exemplo, pôs fim à fila do orelhão, já que ligar de um telefônico público virou caso de “emergência”, só quando a bateria acaba mesmo. O abandono dos telefones públicos tem seus reflexos diretos: o alto número de depredações enfrentado pela concessinária dos serviços e o preço do cartão telefônico na banca para os clientes, que chega a dobrar com relação ao valor repassado pela companhia.

Ao Campo Grande News, a empresa Oi informou que até junho, Campo Grande tinha 3.343 telefones públicos e Mato Grosso do Sul, um total de 10.698. Conforme a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicaçãoes), houve queda de 25%, nos últimos 10 anos, já que no mesmo período em 2008, o total era de 14.204 orelhões instalados. A Oi também atende com telefonia pública o distrito de Anhanduí com 19 orelhões e Colônia do Aguo, Quilombola Chácara Buriti, Rochedinho e Santa Luzia, com um telefone em cada um.

A companhia pontua que a pouca utilização dos orelhões é explicada, principalmente, pelo avanço da telefonia móvel no país. Mato Grosso do Sul é um dos estados com mais alta densidade de linhas telefônicas, com mais de 3,2 milhões, um milhão a mais do que a população.

Cena rara - Com o celular tão fácil assim, achar gente usando orelhão é raridade. A reportagem "flagrou" um usuário utilizando um telefone público na avenida Manoel da Costa Lima, durante a chuva desta manhã. Discreto, ele não quis conversar com a equipe.

“Depois que inventaram celular e eu pude comprar um, nunca mais comprei cartão de orelhão, nem sei mais onde compra”, opina o morador do bairro Nova Campo Grande, Paulo Cabral, 47 anos.

Não existe um perfil de compradores ou faixa etária, mas os comerciantes do Centro de Campo Grande são unânimes em dizer que: cartão telefônico, agora, só para emergência.

Na esquina das ruas Dom Aquino e Rui Barbosa, onde há uma banca há 23 anos, o testemunho é de que, atualmente, ninguém procura cartões “Aqui um cartão de 20 unidades custa R$ 6, mas as pessoas só compram quando acaba a bateria do celular. Já vendi muito, mas hoje não”, disse  o dono, sem revelar o nome.

Em outro comércio da rua 13 de Maio, o mesmo cartão de 20 unidades sai a R$ 5, mas chegam a ficar “encalhados” quase um mês. “Agora eu só peço 20 cartões, mesmo assim ficam parados mais de 20 dias. Nem peço cartões com mais de 40 e 60 unidades, porque não saem”, disse o proprietário, que também preferiu não divulgar o nome.

A aposentada Zélia Pereira, de 67 anos, é dona de uma banca de revistas, localizada na avenida Afonso Pena com a 13 de Maio. Ela conta que deixou de vender cartões telefônicos há seis meses por falta de procura. “Não sai, ninguém procura, a não ser quando surge emergência. Estou aqui há 20 anos, já vendi muito, mas agora não vendo mais”, disse.

Manutenção e instalação de orelhões da Oi é feito pela empresa Telemont. (Foto: Direto das Ruas)
Manutenção e instalação de orelhões da Oi é feito pela empresa Telemont. (Foto: Direto das Ruas)
Orelhão da esquina da rua Santos com Rodolfo José Pinho. (Foto: Direto das Ruas)
Orelhão da esquina da rua Santos com Rodolfo José Pinho. (Foto: Direto das Ruas)

Valores - Os cartões telefônicos são vendidos nas lojas da Oi e em uma vasta rede de pequenos e grandes comércios, bancas de revistas, bares e mercearias. Os preços dos cartões telefônicos praticados pela Oi são: 20 créditos: R$ 2,50, 40 créditos: R$ 5,00 e 60 créditos: R$ 7,50. No entanto, nas ruas o preço para cada quantidade até dobra.

Em Mato Grosso do Sul, assim como em território nacional, as empresas instalam os terminais de acordo com o PGMU (Plano Geral de Metas de Universalização) – Decreto Presidencial n. 7512, de 30 de junho de 2011. A partir disso, a Oi investe constantemente em estudos de planta telefônica e, transfere orelhões pouco usados para locais onde há grande demanda.

Na tarde de ontem (21), imagens enviadas ao Campo Grande News mostram a instalação de um novo TUP (Telefone de Uso Público) na esquina da rua Santos com Rodolfo José Pinho. A manutenção e instalação de orelhões da Oi é feita pela empresa Telemont.

Vandalismo – A assessoria de imprensa da companhia Oi afirma, também, que o vandalismo está no topo do ranking de problemas da rede. O percentual de depredações em Campo Grande é o mesmo do resto do Estado – 17% das estruturas danificadas por mês.

Os principais problemas a serem resolvidos por equipes de manutenção são: defeitos em leitora de cartões, em monofones e teclado, pichações e colagem indevida de propagandas nos aparelhos e nas folhas de instrução de uso. Há casos em que as equipes da empresa consertam e limpam os aparelhos pela manhã e à tarde voltam a ser danificados.

Denúncias - A Oi mantém um programa permanente de manutenção de seus telefones públicos e conta com as solicitações de reparo enviadas à companhia pelo canal de atendimento 10331 por consumidores e por entidades públicas.

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