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Paris, sempre fascinante, virou paraíso dos golpistas

Paulo Nonato de Souza, de Paris | 09/12/2023 09:04
Estação do metrô Place de Clichy, localizada no centro de Paris, uma boa dica é não aeitar ajuda, muito menos pedir ajuda, porque você poderá ser vítima de golpe - Foto: Paulo Nonato de Souza
Estação do metrô Place de Clichy, localizada no centro de Paris, uma boa dica é não aeitar ajuda, muito menos pedir ajuda, porque você poderá ser vítima de golpe - Foto: Paulo Nonato de Souza

Paris, um paraíso dos roubos, furtos e golpes. Cidade encantadora, repleta de beleza e de história em cada esquina, a capital francesa, se já foi sinônimo de segurança e tranquilidade para os milhões de visitantes que recebe todos os anos, com certeza não é mais. Os turistas agora são o alvo preferido dos golpistas que estão por toda parte, sobretudo nos principais atrativos, como a Torre Eiffel, Museu do Louvre e Disneyland Paris.

Os golpes acontecem a céu aberto, sem nenhuma preocupação com a ação da polícia. “Nem parece que estamos em Paris. Na real estou me sentindo em qualquer cidade grande do Brasil”, disse nesta última quinta-feira a terapeuta Maria dos Santos Pereira, depois de ser forçada a pagar 50 euros para cruzar, junto com a filha, a catraca do trem na sua chegada a Disneyland, que, segunda ela, nem era seu destino.

Sua intenção era fazer compras no La Vallée Village, uma das outlets mais visitadas por turistas brasileiros em Paris, que fica ao lado da Disneyland, distante 35 km da capital francesa . “Deveríamos ter descido nas estação Vale d'Europa, que é a parada para o centro de compras, mas estávamos distraídas e fomos parar na estação da Disney. Era o fim da linha, o trem voltou imediatamente, ficamos sem opção e viramos presa fácil de dois golpistas, pareciam pai e filho, ambos de sotaque árabe”, relatou a brasileira Maria dos Santos Pereira.

Ela e sua filha foram vítimas do funcionário fake do metrô. Os golpistas fazem parecer que são funcionários do metrô, até usam uniforme preto. Os tickets que elas haviam comprado por pouco mais de dois euros só davam direito de usar o trem até a estação de acesso ao centro de compras La Vallée Village. As catracas na parada da Disneyland não permitiram passagem e os funcionários fakes tinham a solução por 50 euros, 25 euros cada.

No golpe, os gatunos alegam que as máquinas estão com problema e te vende um bilhete por valor super faturado que ele comprou pelo preço normal de 2,2 euros.“Se não pago os  50 euros nem sei o que poderia acontecer com a gente, sem proteção nenhuma do pessoal do metrô e muito menos da polícia francesa”, reclamou Maria. “É a mesma sensação de insegurança que sentimos nas ruas e lugares movimentados no Brasil”, ressaltou.

Nas viagens de metro e de trem por Paris a todo instante se ouve avisos no sistema de som para que as pessoas tomem cuidados para não serem vítimas dos “pickpocket”, a versão francesa do batedor de carteira. Eles atacam os turistas, o alvo preferido, normalmente distraídos, mas também os trabalhadores franceses.

A sensação de insegurança causada pelos furtos, roubos e golpes diários não é exclusividade de Paris. “Toda a Europa está perigosa, alguns lugares mais, outros menos, não pense que vai chegar aqui e se sentir no paraíso, porque isso está no passado. A violência tem crescido a cada ano na Europa”, lamentou o português Emanuel Feliz Furtado, que estava na capital francesa nesta sexta-feira para visitar familiares.

Um golpe frequente é o “golpe dos copinhos”. Você vai ver esse golpe em quase todas as principais capitais da Europa. Basicamente um grupo de 3 a 4 pessoas fingem que não se conhecem, mas na verdade é tudo parte da mesma gangue. Um deles fica embaralhando três copinhos de cabeça pra baixo no chão ou numa mesa. Embaixo de um desses copinhos teoricamente tem um objeto, que pode ser um dado ou uma bolinha ou qualquer outra coisa pequena. Quando a pessoa que apostou dinheiro acerta em qual copinho está o objeto ela ganha, mas normalmente não acerta porque ele sabe qual copinho está o objeto.

Presenciei um golpe desse nesta sexta-feira na calçada em frente da Torre Eifell. Um homem de sotaque árabe manejava os copinhos e cantava cada movimento, cercado por quatro pessoas com o mesmo perfil físico. Tentei fazer uma foto e o homem logo percebeu e se revoltou diante da possibilidade de ser registrado dando golpe. “Senhor, não foto, não vídeo”. Uma dica: Se não quiser ser roubado, não aposte. Melhor, nem chegar perto da rodinha formada por eles.

Se tem planos de vir para a Europa, não pense que, por ser brasileiro, onde vivemos sob clima de insegurança constante nas ruas, vai se safar fácil dos golpistas por aqui. Ande sempre com o passaporte e o dinheiro no porta dólar (aquele que fica dentro da calça) ou em lugares seguros, nunca em bolsos externos de mochilas ou no bolso de trás da calça, por exemplo. Quando for tirar fotos ou olhar mapas não descuide da mochila. Fique sempre atento ao ser abordado pelas pessoas na rua, porque a estratégia deles e te distrair enquanto o outro age. Desconfie e cuidado ao pedir ajuda.

Portanto, é engano pensar que somente no Brasil cria-se um golpe a cada dia. Na Europa a bandidagem não deixa nada a desejar. Além do golpe do bilhete do metrô e do golpe do copinho, a extensa lista da malandragem por aqui ainda tem muitos outros diariamente aplicados nas ruas das grandes cidades europeias, como o golpe do anel de ouro e o golpe do abaixo assinado. Divirta-se e aproveite a viagem, mas com moderação. Relaxar demais pode ser perigoso.

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