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A droga, a ideologia e demarcação

Por Valfrido M. Chaves (*) | 19/08/2013 09:21

Quem não for teimoso, que atire a primeira pedra. Mas há os campeões, como os dependentes químicos e ideológicos que usam de suas respectivas drogas para alimentarem sentimentos de onipotência ou superioridade sobre aqueles a quem invejam e diante dos quais se sentem inferiorizados.

A propósito de teimosia, lembro-me da obra “Sete teses equivocadas”, que vi na antiga biblioteca da FUCMAT. Nela, alguns teóricos comunistas discutiam “teses equivocadas” da burguesia, como diriam hoje os petistas, teses neo-liberais.

Dentre estas, denunciava-se como ilusória a idéia de que o então setor dinâmico de nossa economia, o urbano-industrial, com o tempo, injetaria recursos em nosso setor rural, encarado ainda como atrasado, latifúndio improdutiva, aplicação de capital especulativo. Assim, o campo se tornaria dinâmico. Ilusória, leitor, porque o sistema capitalista, conforme a teoria marxista, não funcionaria sem colônia, o Brasil não teria colônia externa e, para prosperar, o sistema tinha uma “colônia interna” para explorar, que seria o setor rural.

Passaram-se décadas, sem que nunca o Ministério da Agricultura deixasse de ser de segunda classe, mas... qual é mesmo o setor hoje dinâmico de nossa economia? Qual é a galinha dos ovos de ouro que segura as pontas, mantém os armazéns e o saldo na balança comercial, graças ao qual os governos contam papo, como se o mérito fosse deles, mesmo que não dêem conta nem das estradas e dos portos de terceira classe?

Pois é, mas os herdeiros teóricos da antiga “tese equivocada”, hoje no poder, não abrem mão de suas drogas ultrapassadas e, sem as quais, teriam de reconhecer a grandeza, os méritos da propriedade privada e daqueles que põe a semente no chão e olham para o céu e a bolsa de Chicago.

Ainda há pouco o presidente do PT se pronunciou prometendo mais uma vez “liquidar com o monopólio da informação e da propriedade”, mostrando que a droga ideológica é tão pegajosa e delirante quanto as drogas químicas.

Após dez anos de governo PT, sem ter um único assentamento para vitrine de sua reforma agrária, somados aos crimes continuados e impunes do MST, eis aí a asnice ideológica do presidente do Partido no poder. Aliás, o campeão da tese de controle social da mídia, Franklin Martins, acaba de voltar ao primeiro time da Presidenta.

Mas não bastando, o governo tira hoje da cartola a solução para a expansão das aldeias em cima de propriedades particulares, com a varinha mágica da “demarcação de terras indígenas”, identificadas estas com laudos tendenciosos, comprovadamente falsos pelos laudos da Embrapa, como aqueles do Paraná, sob aplausos de entidades internacionais e religiosas.

O Ministério Público Federal, sob a tese leninista de que “retomada não é invasão”, compactua com a sistemática violação de direitos de proprietários legítimos, quando também ignora a manipulação e organização das comunidades indígenas, já transformadas em milícias armadas, francamente criminosas e impunes.

As negociações para a indenização das propriedades invadidas avançam, sob a chantagem verbalizada de mais violação de direitos, sem que o Ministro da Justiça, o MPF, a própria Famasul e a CNA digam uma só palavra sobre o novo modelo de negociação que se institucionaliza, sob as bênçãos do governo Dilma-PT.

Assim como a invasão de Japorã foi um modelo e exemplo para o que hoje acontece, o que hoje se dá é um modelo e exemplo para futuros abusos partejados pelo Estado brasileiro cúmplice e aparelhado pela ideologia que tem no conflito e no ódio seu grande dogma. Só que nada disso é Constituição-88, que opine nossa aguerrida OAB.

Isso é “O Estado e a revolução”, de Lênin, isso é PT e falta de lucidez de quem preza o Estado Democrático e de Direito, do qual estão fora hoje índios e proprietários. O índio com direito ao crime e impunidade. O proprietário, expulso, com direito ao rabo entre as pernas. E isso é um modelo, é um “avanço”, no jargão daqueles viciados na ideologia hoje triunfante em sacristias e aldeias de MS.

(*) Valfrido M. Chaves é psicanalista, pós graduado em Política e Estratégia.

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