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A irrigação natural de 2,5 milhões de hectares do MS

Por Laerte Tetila (*) | 06/11/2012 14:07

É possível que, em Mato Grosso do Sul, uma faixa de terra de, aproximadamente, 2,5 milhões de hectares, indo de Três Lagoas a Mundo Novo, lindeira ao rio Paraná, esteja sendo beneficiada pelo aumento da umidade do solo, por conta da evaporação que se levanta dos grandes reservatórios de água, reservatórios formados pelas barragens das usinas hidrelétricas de Jupiá, Ilha Solteira, Porto Primavera e Itaipu, fato que, provavelmente, tenha feito aumentar o volume de chuvas no entorno desses reservatórios.

Essa faixa, com cerca de 50 km de largura e 500 km de distância, localizada entre os municípios de Três Lagoas e Mundo Novo, ao margear os quatro gigantescos reservatórios de água do rio Paraná, cujo espelho pode chegar até 12 km de largura, está, na verdade, margeando um dos maiores volumes d’água represada de toda a superfície terrestre. Por isso, é bem provável que esteja recebendo um incremento de precipitação.

Boin (2000), referindo-se ao Vale do rio Paraná, menciona que “a presença de grandes superfícies de evaporação, dada a presença dos reservatórios das usinas hidrelétricas, provocariam chuvas convectivas locais ao longo do referido vale”. Também, para Nicédio Nogueira (2012), “grandes reservatórios têm influência significativa no aumento da precipitação”.

E, ao pesquisar sobre o mesmo tema em relação à grande represa de Orós, no Ceará, concluiu que: “A média, pluviométrica, antes da construção do açude de Orós foi de 752 mm, e, após a obra, foi de 981 mm. Um aumento de 30%”. Uma análise do quanto chovia antes e após a instalação das quatro barragens, tal como fez Nogueira, possibilitaria conhecer o comportamento das chuvas na referida faixa de terra sul-mato-grossense. Imagine o volume de vapor d’água que se levanta do rio Paraná, em seus 500 km de represamento. Embora uma parte dessa água possa entrar na circulação atmosférica superior, indo precipitar a longas distancias, outra parte pode estar precipitando sobre a faixa em apreço (2, 5 milhões de hectares), por meio do chamado “efeito pluvial de borda”.

Caso isso se confirme, mediante pesquisa, teríamos, aí, um significativo espaço geográfico sendo beneficiado por uma irrigação natural, e, totalmente, gratuita. E, em se considerando a água como o mais importante insumo agrícola de todos os tempos, interessante, seria, que esse espaço - se confirmado o aumento das chuvas -, fosse replanejado, tendo, em vista, uma nova forma de ocupação do solo, uma nova dinâmica na produção de alimentos, um novo impulso na geração de emprego e renda, um novo incremento na receita do Estado e dos municípios locais, e uma elevação na densidade demográfica local e regional, densidade, ainda, baixíssima, não, obstante, a proximidade de estados como São Paulo e Paraná.

(*) Laerte Tetila é mestre em geografia física pela USP e deputado estadual (PT/MS).

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