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Ácido Fólico - Suplementação na Gravidez

Dr. Edvardes Carmona Gomes | 15/02/2011 09:30

Na pré-concepção devem ser identificados riscos e feito o preparo materno.

Lembrar que o fechamento do tubo neural processa-se ao final da 4ª semana biológica, ou 6ª semana de idade obstétrica.

Desta forma, pensando-se em prevenção de DTN (Defeitos do Tubo Neural), o ideal é que a suplementação comece antes da gravidez.

O desenvolvimento fetal é dividido em três fases:

• Blastogênica (fecundação e 1º mês – nutrição pela vesícula vitelina)

• Embrionária (4ª à 8ª semana)

• Fetal (da 9ª semana até o nascimento)

Neste período gera-se uma maior necessidade de ferro, ácido fólico e de poucas vitaminas, cuja carência leva a aumento da morbidade obstétrica e fetal (déficit no desenvolvimento neurocognitivo impacto futuro), prematuridade e/ou baixo peso ao nascer, tendência a anemia e exposição a infecções e malformações.

As malformações fetais relacionadas são(Botto et al 2004):

• defeitos do tubo neural

• defeitos cardíacos

• defeitos de membros

• lábio leporino

• ânus imperfurado

• defeitos trato urinário

• câncer pediátrico

A ANVISA, seguindo uma tendência mundial, editou regras para suplementação de nutrientes, dentro e fora da gravidez (RDC ANVISA 344/2002 – Fortificação de farinhas com 150 mcg de ácido fólico e 4,2 mg de ferro por 100 g.e RDC ANVISA 269/2005 –Regulamento técnico sobre Ingestão Diária Recomendada (IDR) para Proteínas, Vitaminas e Minerais).

As Vitaminas Lipossolúveis (A, D, E e K) são solúveis em gordura, e ficam armazenadas no organismo. Por isso, o consumo de doses elevadas pode resultar em efeitos tóxicos (cumulativo). Doses excessivas de Vit A (retinóides) podem ter efeitos teratogênicos semelhantes à isotretinoína.

Já as Hidrossolúveis (demais, como a B9 ou Ácido Fólico) são solúveis em água, e não ficam armazenadas no organismo, mas estudos identificaram riscos da ingesta excessiva de alguns micronutrientes (ex: Ácido Fólico 5 mcg por longo tempo está relacionado a aumento da incidência de Ca de mama).

Remédio ou veneno? Depende da dose. “Há necessidade de campanha educativa populacional sobre a importância do ácido fólico na prevenção dos DTN, recomendando que as mulheres em idade fértil o consumam na dose de 0,4 mg/dia (400µg/dia) sob a forma de suplementação vitamínica ...” Grillo e Silva 2003.

O Ácido Fólico é essencial para os processos de divisão celular e síntese protéica, atua como coenzima no metabolismo de aminoácidos e síntese de DNA, RNA, purinas e pirimidinas, possuindo papel fundamental em processos essenciais do metabolismo e na prevenção de malformações congênitas (DTN), CIUR, parto prematuro, aborto, insuficiência e descolamento da placenta, glossite, distúrbios gastrointestinais e anemia megaloblástica. No entanto, há pacientes com polimorfismo dos genes MTHFR C677T e A1298C, entre outros, com falha no reaproveitamento metabólico do mesmo.

A suplementação polivitamínica contendo ácido fólico exerce efeito significativo na prevenção de DTN, com taxa de proteção de cerca de 80% (RR 0,2; CI de 95% 0,10-0,40) e também prevenção de outras malformações congênitas. A suplementação de 400 mcg/dia de ácido fólico pode prevenir em 79% os casos de DTN. 400 mcg/ dia é a dose atual recomendada para prevenção de DTN em mulheres sem risco segundo a IDR da ANVISA 2005, o CDC (2007), a OMS (WHO 2006) e o ACOG (2004).

O Ácido fólico é requerido já no período pré-concepcional. O consumo diário de folato total em mulheres não deve exceder 1,0 mg. O excesso pode mascarar a deficiência de Vitamina B12, que também está associada com DTN. Apenas as mulheres com antecedente de gestação afetada por DTN, diabéticas, epilépticas em uso de ácido valpróico ou carbamazepina devem usar 4 mg/dia.

(*) Dr. Edvardes Carmona Gomes é médico (CRM/MS 2492).

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