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Como as ferramentas de gestão melhoram os resultados no campo

Carlos Eduardo Dalto (*) | 08/04/2017 15:00

O produtor rural tem se frustrado com os preços da soja. Ao plantar, a estimativa de preços era de alta e a saca girava entorno dos R$ 70 e poucos. Em alguns casos, acima de R$ 80,00. Agora, em plena safra, muitos se veem obrigados a vender parte da produção a preços abaixo de R$ 60,00 a saca, seja para honrar com os compromissos assumidos, seja pela dificuldade de armazenagem do grão.

É possível minimizar essas perdas? Ou os preços futuros continuam uma loteria?

Desde os anos 50 e 60, a economia tem buscado modelos matemáticos para ajudar a tomada de decisão, especialmente em relação a preços e valores futuros. A administração, não ficou atrás!

Os esforços de quem se debruça a entender os mecanismos que regem os mercados são muitos – dos modelos de previsão da variação do preço, aos que minimizam os riscos. Em termos do agronegócio, é fundamental que o produtor adote técnicas de gestão que reduzam o impacto da variação dos preços das commodities, já que não está sobre seu controle a precificação do seu produto. Elas podem garantir, além de melhores preços médios da safra, uma importante medida para minimizar a dependência de fatores externos e incontroláveis, especialmente no momento da comercialização do grão.

Um exemplo bem claro de uma dessas ferramentas é quando o produtor trava a venda de parte da sua produção lá no início, no momento da compra dos insumos – a modalidade de comercialização Barter.

Para ilustrar o quanto essa ferramenta pode conferir ganhos competitivos substanciais ao produtor, o exemplo desta safra é mais que suficiente. No momento em que muitos produtores fizeram suas compras de insumos, em 2016, as indústrias fornecedoras e trades ofertaram contratos de soja, valorizados, que chegavam até R$ 84,00 a saca. Hoje, o preço de venda está, em algumas regiões do país na faixa dos R$ 60,00. Uma diferença substancialmente alta que pode chegar a 30%.

Se o produtor tivesse firmado contrato de parte da sua produção, que represente o custeio, hoje estaria mais tranquilo e com fôlego financeiro para aguardar um momento mais propício e efetuar a venda da parte restante do grão. Uma alternativa que garantiria um preço médio muito mais atrativo e diminuiria o risco do negócio.

O produtor já tem consciência da importância de controlar seus custos, fazem planilhas de receitas e despesas, pechincham na hora de comprar seus insumos e racionalizam os recursos produtivos. A compreensão de que os meios de produção, como máquinas e equipamentos, reduzem os custos e melhoram a rentabilidade da fazenda está consolidada.

Agora, os novos desafios em campo é alcançar outros patamares em termos de gestão. Neste sentido, o BARTER, o gerenciamento estatístico da propriedade, o uso de sistemas de gestão para aprimoramento dos controles e resultados como o BIGDATA, as parcerias estratégicas com trades e fornecedores são as novas frentes que precisarão caminhar, lado a lado, aos moderníssimos pulverizadores de precisão, equipamentos computadorizados e variedades imunes às pragas e doenças. É a gestão estratégica que confere ganhos competitivos.

(*) Carlos Eduardo Dalto é professor da FGV, especialista em gestão do agronegócio.

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