ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MAIO, SEXTA  10    CAMPO GRANDE 24º

Artigos

Como criar os filhos na Era Digital

Por Erick Santos* | 02/09/2018 15:02

A psicopedagoga especializada em Educação Sharon Thomas, brasileira radicada em Nova York, esteve recentemente na Casa do Saber, em São Paulo, para apresentar uma de suas palestras mais requisitadas: Como Criar Filhos e Adolescentes Saudáveis na Era da Tecnologia.
Sua abordagem começa por ressaltar a necessidade de que os adultos/educadores se atualizem para estarem aptos a equipar os jovens para participarem de um mundo que requer uma visão global, hoje acessível através da tecnologia.

Sharon Thomas entende que as crianças e adolescentes se sentem mais seguros quando os adultos monitoram o uso da tecnologia. “A responsabilidade deste monitoramento é coletiva e inclui educadores, pais e todos os que têm alguma influência na formação do jovem”, destaca a especialista. “Monitorar é colocar limites a partir do entendimento sobre quais são os programas que esse jovem utiliza e sempre num contexto de conversa franca e aberta sobre os benefícios e os danos vinculados à tecnologia”, completa.

Para Sharon, é muito importante tratar o jovem como um ser inteligente, mas ainda em desenvolvimento. Pesquisas mostram que o lado pré-frontal do cérebro, responsável por nove áreas que incluem autorregulação, gestão do tempo, organização, planejamento, execução de atividades, memória de trabalho, iniciação de tarefas, inibição de impulso e atenção sustentada, leva de 25 a 32 anos para atingir o amadurecimento.

“O diálogo com jovens sobre o desenvolvimento cerebral tende a ser fascinante”, afirma Sharon. “Temos mais chances em ajudá-los por meio da informação e da conversação do que pela simples e pura proibição”, acrescenta.

Embora ainda não se saiba exatamente como as horas gastas em frente às telas de um computador ou de um smartphone alteram a estrutura cerebral, é certo que mudanças estão acontecendo e continuarão a acontecer. Essa interferência tem que ser vista e entendida com seriedade.

Como destaca Sharon, “A tela hoje disputa espaço com o tempo social que os jovens reservavam para brincadeiras na hora do recreio, ou com irmãos, amigos, primos etc. A tela é a nova chupeta, a nova babá, sem os benefícios do contato humano que nos fortalece como pessoas. A tecnologia pode trazer um falso sentido de conexão, que pode ser bastante danoso para jovens que, logo à frente, descobrirão que não possuem amigos ou vínculos verdadeiros”, explica. “Além do mais, temos enfrentado as dificuldades geradas pelo bullyingvirtual, onde se vê a agressão entre indivíduos que nem sempre entendem como suas palavras e/ou imagens atingem o outro”, ressalta.

Essa é uma discussão relativamente nova, que está apenas começando. Para Sharon Thomas, “é preciso discutir como as escolas usam a tecnologia. Não se trata de simplesmente aceitá-la apenas como algo sofisticado e que chegou para agregar valor. Precisamos aprofundar a conversa no sentido de entendermos como os nossos filhos e essa geração estão se beneficiando, para que tenhamos a segurança de saber que a tecnologia não está substituindo um tempo importante dentro ou fora da sala de aula”, conclui.

A Especialista

Sharon Thomas possui ampla experiência no desenvolvimento, colocação e orientação de carreiras acadêmicas de jovens nos EUA. A especialista é formada em Psicologia pela Universidade de Georgetown e possui mestrados pela Universidade de Londres e pelo Hunter College.

Em Nova York, fundou e dirige o Centro de Educação e Recursos MAIA, onde presta atendimento educacional para alunos de escolas públicas e privadas, desde os anos da Educação Infantil até o Ensino Superior, além de recrutar e treinar professores, entre diversas outras atividades. É também palestrante internacional e especialista em tópicos relacionados à educação.

*Erick Santos é 

Nos siga no Google Notícias