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Cuidado com a imagem

Por Gregorio Vivanco Lopes (*) | 01/06/2014 11:26

É uma lei não escrita a de que muitas coisas influenciam mais pela imagem que delas se projeta do que pela sua existência real.

A propaganda utiliza-se muito desse recurso para apresentar seus produtos sob um prisma atraente e agradável, nem sempre condizente com a realidade.

Dessa regra não escapam nem sequer os políticos, os chefes de Estado, os eclesiásticos, nem mesmo o Papa.
Falamos do Papa. De fato, muito e até muitíssimo, se tem publicado sobre ele nos meios de comunicação: rádios, jornais, TVs, internet etc. Como o apresentam? Vale a pena nos determos sobre o tema, ainda que de modo rápido, pois ele importa maximamente como elemento para compreendermos o curso contemporâneo dos acontecimentos e das mentes.

Através dos séculos, a Igreja sempre venerou o Papa como o “doce Cristo na Terra”. Outra coisa, porém, é a figura que a propaganda quer apresentar, hoje em dia, do Papa Francisco. E é dela, e só dela, que desejo aqui tratar.
Ela está intimamente ligada à imagem que se formou a respeito da América Latina. Este seria um continente de pobreza, rejeitado pelos setores ricos e desenvolvidos do mundo, colocado à margem e oprimido.

Da formação cristã do Brasil – por exemplo, de suas realizações magníficas como a catequese dos índios, as igrejas e a música barrocas, os profetas do Aleijadinho, os heróis de Guararapes –, das esperanças que aqui desabrocharam, não mais se fala. Um silêncio pesado caiu sobre esse passado glorioso, para dar lugar à propaganda do MST, dos sem-teto, dos black blocs. Os negros e os índios, formadores eles também de nossa nacionalidade, são apresentados apenas como contingentes espezinhados que precisam revoltar-se e reivindicar direitos em nome da luta de classes e de raças. Algo de análogo ocorre nas nações irmãs de origem hispânica.

Nessa perspectiva, a ascensão ao trono de Pedro de um Papa latino-americano significaria, segundo essa imagem, o início de um levantamento dos pobres contra os ricos, do MST contra os latifundiários, dos sem-teto contra os industriais e comerciantes, dos índios e negros contra os brancos, enfim da América Latina, pobre e espezinhada, contra o capitalismo norte-americano opressor, bem como contra as tradições de ostentação de uma Europa cristã milenar.

Teríamos assim, instalado na Cátedra sacrossanta de Pedro, não mais o Pai da Cristandade mas um promotor, em nível religioso-universal, dos princípios marxistas.

Apenas estou explicitando aquilo que todos sentem ao lerem os jornais, as revistas, ao assistirem à televisão, mas que não chegam a conscientizar inteiramente. Essa é a imagem que se quer apresentar do Papa Francisco.

Mas acontece que essa imagem pode influenciar tão a fundo as mentalidades daqueles que a tomem por realidade, que pode produzir um dano irreparável nas almas de muitos de nossos contemporâneos. Importa, pois, conhecê-la para defender-se.

(*) Gregorio Vivanco Lopes é advogado e colaborador da ABIM

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