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Donald Trump e o Brasil!

Por Walter Roque Gonçalves (*) | 27/01/2017 14:34

Em 2009, 1,8 milhão de pessoas, das mais diversas etnias, prestigiaram a ascensão de Obama à presidência: a popularidade era de 79% e não houve protestos. Em 2017, Donald Trump enfrenta o desafio de gerir um país dividido, uma vez que, foi empossado com menos de 900 mil pessoas, baixa popularidade (44%) e protestos pelos EUA afora.

A marcha das mulheres, neste sábado (21), levou cerca de quatro milhões de pessoas às ruas de cidades americanas e no exterior. O movimento reforça a luta pelos direitos das mulheres e minorias. Segundo analistas, o áudio vazado, em 2005, durante a campanha eleitoral, onde Trump se referia pejorativamente às mulheres, é o principal gatilho do movimento. Um gorro com orelhas de gato virou símbolo deste protesto.

Na prática, segundo a jornalista da BBC Beatriz Díez e o embaixador do Brasil no EUA Sergio Amaral, o estilo negociador e intimidador de Trump pode ser lapidado pelo bom senso e as ações propostas em campanha não serem tão extremas como proposto, são elas: o muro anti-imigração, o embargo a produtos chineses, deportação generalizada de imigrantes, veto total a mulçumanos.

Por outro lado, o discurso de que "a América vem primeiro" parece ter refletido positivamente neste domingo (22) quando o presidente da Foxconn, fabricante de IPhones com atividades na China, Terry Gou, anunciou a possibilidade de investir 7 bilhões de dólares em uma nova fábrica nos EUA.

Mesmo diante do anúncio da Foxconn, especialistas são cautelosos e dizem que a questão é mais complexa, pois, o custo de mão de obra é maior nos EUA do que na China e isto pode forçar empresas a automatizar a produção ou simplesmente, para evitar o embargo americano, migrar para outros países que ofereçam condições semelhantes aos dos chineses.

Para o Brasil, segundo Peter Hakim, Presidente Emérito do Think Tank de Análise Política Inter-American Dialogue, sediado em Washington, o país não está no radar americano. Trump desconhece o Brasil, “ele achava que o Brasil ainda fosse uma ditadura,”(...)” foi preciso explicar”, diz Hakim.

Além disso, a que tudo indica, o foco é intervir em países cuja a balança comercial é desfavorável ao EUA, o que não acontece no Brasil.

Segundo analistas, estar fora da lista de desafetos americanos é uma grande oportunidade para mostrar à nova equipe em Washington que há ganho concreto com o Brasil. Segundo Leonardo Freitas, sócio da Consultoria Hayman-Woodward, especializada em desenvolvimento de negócios nos EUA, existem áreas que atraem o interesse dos americanos, como: energia renovável, educação, desenvolvimento de software, jogos eletrônicos e tecnologia espacial, a exemplo dos drones desenvolvidos para Nasa no Rio Grande do Sul.

Enfim, a alta de juros americano, a intervenção no comercio internacional, o endurecimento das políticas migratórias e, ao que tudo indica, o descaso com o aquecimento Global afetam direta e indiretamente o Brasil. Contudo, espera-se que as relações, com o nosso segundo maior parceiro comercial, sejam fortalecidas e Donald Trump represente oportunidades e não ameaças ao Brasil.

(*) Walter Roque Gonçalves é consultor de empresas, professor executivo/colunista da FGV/ABS (FGV/América Business School) de Presidente Prudente

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